Na véspera da beatificação de Armida Barelli: conferência sobre os talentos das mulheres

Adriana Masotti – Vatican News

Armida Barelli, co-fundadora da Universidade Católica do Sagrado Coração, será proclamada Beata no sábado 30 de abril na Catedral de Milão. A apenas algumas horas do momento tão esperado, a Universidade organizou uma conferência intitulada "Singular feminino" promovida juntamente com o Instituto Giuseppe Toniolo, o órgão fundador da Universidade Católica. O objetivo é conscientizar sobre a figura e o trabalho de Armida Barelli (1882-1950), também em vista do 98º Dia Universitário em 1º de maio sobre o tema "Com o coração de mulher. Ao serviço da cultura e da sociedade".

O caminho para a beatificação

A fase diocesana para a constatação das virtudes heroicas de Armida Barelli teve lugar em Milão de 8 de março de 1960 a 10 de julho de 1970. Em 20 de fevereiro de 2021, o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto relativo a um milagre por sua intercessão, e assim para a sua beatificação. Desde 8 de março de 1953 o corpo de Armida Barelli encontra-se na cripta da capela do campus principal da Universidade Católica em Milão. Sua beatificação será uma forte contribuição para um maior conhecimento sobre ela. Esta é a esperança da Vice-Reitora Antonella Sciarrone, juntamente com toda a comunidade da Universidade Católica. 

Entrevista

Professora Sciarrone, a senhora escreveu recentemente em um artigo no jornal "Avvenire" que Armida Barelli era "uma mulher com uma visão de futuro". Pode nos explicar o que a senhora quis dizer com isso?

Creio que Armida Barelli, que viveu em um período histórico particular na Itália - entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX – tenha sido capaz de ver muito à frente em muitos pontos de vista. O primeiro certamente tem a ver com a Universidade Católica e com o projeto que ela defendeu fortemente por uma universidade para todos, não uma universidade de elite, mas uma universidade que pudesse dar também às mulheres as mesmas oportunidades de formação que aos homens. E o tema das mulheres é outro tema muito presente sobre o qual a Armida certamente teve uma visão de futuro, porque a questão das mulheres - não no sentido de reivindicações, mas no sentido da importância de valorizar os talentos das mulheres, treinando-as adequadamente, tornando-as conscientes de seu valor - é outra de suas convicções mais profundas. E a última visão de futuro de Armida Barelli tem a ver com sua escolha de se consagrar, mas sem fazer votos, dando vida a uma forma de apostolado que foi muito inovadora naqueles anos.

A concretude junto com a espiritualidade são os dois elementos que a distinguem...

Sim, do ponto de vista da espiritualidade, Armida Barelli decidiu se consagrar e inventou, se me permitem, uma forma muito original de apostolado que não é individual, mas que formou uma rede de trabalho de várias mulheres que compartilharam com ela este tipo de sensibilidade religiosa.

E de um ponto de vista espiritual, como ela expressou sua adesão à Igreja e à fé?

Em primeiro lugar, Armida fundou a Ordem das Missionárias da Realeza e, portanto, deu vida a uma dimensão particular de espiritualidade; depois foi certamente uma mulher com uma fé verdadeiramente firme e inabalável, não é por acaso que ela será proclamada bem-aventurada, porque foi capaz de combinar de uma maneira muito original, esse forte planejamento e determinação que mencionei, com uma entrega total ao Sagrado Coração, e de fato é graças à profunda convicção de Armida Barelli que nossa Universidade Católica é chamada Universidade do Sagrado Coração. Um de seus lemas favoritos era: "Sagrado Coração confio em ti", então Armida, diante das enormes dificuldades encontradas junto com os outros fundadores, tinha uma enorme capacidade de confiança inabalável e corajosa, conseguindo realizar além de todos os obstáculos o projeto que ela tinha em mente, e não tanto porque ela o tinha em mente, mas porque ela acreditava que era uma manifestação do Espírito.

O que Armida pode dizer às mulheres de hoje?

Acredito que, com respeito às jovens e mulheres de hoje, particularmente nossas alunas, o que ela pode recordar é o quanto seja importante estar consciente do próprio valor e da valiosa contribuição que as mulheres podem dar à sociedade em todos os níveis. Agora, como então, por diferentes razões, certamente não estamos vivendo em tempos fáceis, e por isso é importante testemunhar o quanto seja importante aproveitar ao máximo os talentos. Mas também com muita esperança, porque a mensagem que ela sempre transmitia era: "Planejem, ativem-se, mas sobretudo, tenham esperança e amem".