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Do Monte das Oliveiras, a vista para a Cidade Velha de Jerusalém e a Cúpula da Rocha no complexo da mesquita de al-Aqsa (Foto de AHMAD GHARABLI) Do Monte das Oliveiras, a vista para a Cidade Velha de Jerusalém e a Cúpula da Rocha no complexo da mesquita de al-Aqsa (Foto de AHMAD GHARABLI) 

Igrejas contestam projeto israelense para incorporar Monte das Oliveiras em Parque

O Parque Nacional das Muralhas de Jerusalém foi inaugurado na década de 70 do século passado. No projeto então realizado, evitou-se incluir grande parte da área ao redor do Monte das Oliveiras, local onde teve início a paixão de Cristo, e onde agora se concentram mais de uma dezena de igrejas e lugares caros à devoção dos cristãos, como a Igreja da Agonia, Getsêmani, o Mosteiro das Irmãs Brigidinas, a igreja de Viri Galilaei.
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O Monte das Oliveiras, em Jerusalém, está no centro de uma polêmica. O local é sagrado para os cristãos, mas um projeto das autoridades israelenses de ampliação de um Parque Nacional englobaria terras eclesiásticas ali localizadas. O Plano, promovido pela Autoridade Israelense para os Parques e a Natureza (INPA), deverá ser apresentado ao Comitê de Planejamento da Prefeitura de Jerusalém no dia 2 de março, para aprovação prévia.

O projeto, até agora não divulgado, está identificado com as iniciais 101-674788 e, uma vez concluído, veria os limites do Parque Nacional das Muralhas de Jerusalém se estenderem para incluir uma grande parte do Monte das Oliveiras, juntamente com outras partes dos Vales do Cedron e de Hinom.

A iniciativa chamou a atenção das Igrejas da Terra Santa. Tanto que, sexta-feira, 18 de fevereiro, o patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém Teófilo III, juntamente com o Custódio da Terra Santa padre Francesco Patton ofm, e o patriarca armênio de Jerusalém Nourhan Manougian, enviaram uma carta ao ministro do Meio Ambiente de Israel, Tamar Zandberg, pedindo o arquivamento do projeto.

"Ainda que o plano seja apresentado oficialmente pelo INPA - lê-se na carta publicada pelo jornal on-line The Times of Israel - parece que tenha sido proposto, orquestrado e promovido por entidades cujo único objetivo aparente é confiscar e nacionalizar um dos lugares mais sagrados para o cristianismo, e alterar a sua natureza."

Na carta dos altos representantes eclesiásticos, o projeto é definido como "brutal": "Com o pretexto de proteger os espaços verdes, o plano parece servir a uma agenda ideológica que nega o status e os direitos dos cristãos em Jerusalém".

Para terem ciência da situação, a carta assinada pelos três representantes das Igrejas de Jerusalém foi também enviada aos cônsules gerais da França, Turquia, Itália, Grécia, Espanha, Reino Unido, Bélgica e Suécia.

Os porta-vozes do INPA alegam que o projeto pretende apenas salvaguardar o patrimônio natural e histórico da área do ponto de vista ambiental, e que os direitos de propriedade de particulares ou entidades eclesiásticas às quais as terras estão registradas não viriam formalmente infringidos.

O Parque Nacional das Muralhas de Jerusalém - recorda The Times of Israel - foi inaugurado na década de 70 do século passado. No projeto então realizado, evitou-se incluir grande parte da área ao redor do Monte das Oliveiras, local onde teve início a Paixão de Cristo, e onde agora se concentram mais de uma dezena de igrejas e lugares caros à devoção dos cristãos, como a Igreja da Agonia, o Getsêmani, o Mosteiro das Irmãs Brigidinas, a igreja de Viri Galilaei.

Naquela época as autoridades já haviam considerado uma "fase dois" do projeto, visando a expansão do Parque Nacional, mas essa opção foi deixada de lado para não suscitar reações previsíveis, dada a natureza peculiar da área que se pretendia incorporar.

Mais de cinco décadas depois, o mesmo projeto de expansão é ressuscitado, enquanto expoentes de grupos israelenses críticos da atual linha de governo, questionam os laços existentes entre o INPA e grupos nacionalistas que visam reduzir gradativamente a presença palestina nas áreas disputadas do Leste de Jerusalém. De acordo com esses analistas, o plano de expansão do Wall Park também faria parte de uma estratégia nacionalista mais ampla que visa "cercar" a Cidade Velha de Jerusalém.

*Com Agência Fides

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21 fevereiro 2022, 14:40