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Ucrânia: paz e unidade nas obras da Cáritas

Em sua Mensagem Urbi et Orbi neste Natal o Papa Francisco disse que "as metástases de um conflito gangrenado" não deveriam se espalhar para a Ucrânia. Padre Vyacheslav Grynevych, secretário geral da Cáritas Spes, fala sobre o estado de tensão causado pelo excesso de armas no país e como a Igreja está próxima dos mais necessitados

Andrea De Angelis – Vatican News

Em uma passagem de sua mensagem antes da bênção de Natal Urbi et Orbi, o Papa Francisco rezou para que chegue "luz e apoio para os que acreditam e trabalham, mesmo indo contracorrente, a favor do encontro e do diálogo" e que "as metástases de um conflito gangrenado" não se espalhem na Ucrânia. Em 12 de dezembro passado, no final da oração do Angelus, o Papa Francisco dirigiu seus pensamentos a este país que passou por tensões geopolíticas significativas este ano, suscitando grande preocupação na comunidade internacional. Na recente reunião do G7 em Liverpool, na Inglaterra, falou-se de "enormes consequências" no caso de uma ameaça militar da Rússia, pois há algumas semanas as tropas russas concentraram suas atividades nas fronteiras com a Ucrânia. E que a oração pela "querida Ucrânia", neste Natal possa "trazer paz" e que as armas possam finalmente ser silenciadas, também ecoa no testemunho daqueles que trabalham há anos junto com os que mais precisam.

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"Para nós as palavras do Papa são importantes. Desejamos a unidade"

"Há uma grande necessidade de unidade no país", afirma o Padre Vyacheslav Grynevych, Secretário geral da Cáritas-Spes da Igreja Católica Latina da Ucrânia. Em entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News, o sacerdote conta que "as palavras do Papa são de grande importância para todos nós, porque trazem à atenção do mundo o que está acontecendo na Ucrânia". Grynevych ilustra as muitas atividades que a Cáritas realiza nestes dias festivos, tentando "incentivar o diálogo entre as gerações" e estando ao lado das pessoas mais necessitadas.

Entrevista

Há muitas preocupações para um país que viveu um ano cheio de tensões. Como está a situaação neste Natal para a Ucrânia?

Sim, há muitas preocupações, as notícias que ouvimos despertam temores. Penso que o que mais precisamos é de unidade na sociedade ucraniana. Há também um debate em curso sobre as celebrações do Natal, porque o celebramos em 25 de dezembro, enquanto a Igreja Oriental, os Protestantes, o celebram em 7 de janeiro. Este ano, o chefe da Igreja Ortodoxa Ucraniana se pronunciou a favor da celebração em 25 de dezembro, e este é um passo importante. É realmente uma boa notícia festejarmos juntos. Gostaria de acrescentar que a população ucraniana tem uma alta consideração e confiança pelo Papa Francisco, o que nos permite realizar nossa missão de forma mais eficaz, a de conduzir o povo a Cristo. Somos também muito gratos ao Papa que, com seus apelos, chama a atenção da opinião pública mundial para a Ucrânia. Espero, acredito, que isto favoreça a paz que estamos esperando. Incluindo a paz em nossos corações.

Também neste mês o Papa rezou pela paz na Ucrânia, condenando a presença de demasiadas armas. Existe um clima de tensão no país por causa do número excessivo de armas?

Sim, sim, certamente. Repito, as palavras do Papa são muito importantes para nós. Nós, como os pobres, esperamos pela paz e isto deve ser visto e compreendido pelo mundo. Se olharem, entenderão nossa situação e isso será realmente importante. Sei que Deus está nos observando, espero que o Natal traga a paz que estamos esperando, graças também às orações da Igreja mundial.

Como a Cáritas Spes manifesta sua solidariedade, como vocês se colocam ao lado das pessoas que precisam de ajuda?

Hoje em dia, nossa missão também é fazer com que as pessoas não se sintam sozinhas. Refiro-me às crianças em orfanatos, aos idosos, mas também às mães com filhos, às vezes vítimas de violência doméstica. Como Cáritas, tentamos incentivar o diálogo, o encontro de gerações: as crianças escrevem cartas para os idosos, por exemplo. Os voluntários organizam muitos eventos, trazem presentes para os desabrigados. Nossa missão é cultivar o amor misericordioso nas coisas que fazemos. Não são apenas jantares de caridade, refeições quentes ou cartões postais. Queremos realmente mostrar amor pelo próximo, como toda a Cáritas faz no mundo. Aqui na Ucrânia temos duas organizações da Cáritas, uma das quais é a Cáritas Spes, da Igreja Católica Latina.

Existem problemas econômicos e sociais, por exemplo, relacionados ao trabalho ou às remessas ligados à pandemia?

Sim, é realmente um problema difícil. Mesmo nossos migrantes que trabalham em outros países têm tido dificuldades, as pessoas não podem retornar ou, vice-versa, ir trabalhar. Esperamos que a experiência destes dois anos seja útil no futuro, em um sentido positivo. Acho que nossos problemas são semelhantes aos do resto do mundo. Acredito que o Menino Jesus, neste Santo Natal, trará esperança a todos aqueles que hoje têm medo em seus corações.

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27 dezembro 2021, 10:54