Padre Enrico Pozzoli "grande apóstolo do confessionário"

Giancarlo La Vella - Cidade do Vaticano

O livro "Tornei o Papa cristão", de Ferruccio Pallavera, publicado pela Editora Vaticana (LEV), foi apresentado em várias cidades italianas. Trata-se de uma biografia do Padre Enrico Pozzoli, missionário Salesiano, que batizou e acompanhou Jorge Mario Bergoglio nos primeiros anos da sua caminhada cristã. A recordar a figura de seu educador, o Papa Francisco definiu, várias vezes, Padre Pozzoli, nascido em Lodi, "um grande apóstolo", "um apóstolo do confessionário". Ao saber, nos últimos meses, que estava sendo escrito um livro sobre o Padre Pozzoli, Papa Francisco quis encontrar o autor, Ferruccio Pallavera, para contribuir com seu testemunho inédito, narrado no volume, sobre a figura humana e espiritual do Salesiano de Lodi. O sacerdote trabalhou 58 anos na Argentina, onde foi um ponto de referência para os milhares de migrantes italianos, em busca de um futuro melhor no país. Entre eles estavam também os pais de Bergoglio.

Segundo Lorenzo Fazzini, diretor da Editora Vaticana, o livro sobre o Padre Pozzoli pode ser um guia válido aos jovens de hoje, para compreender melhor as diversas etapas do seu caminho de fé. Entrevista.

Assim, o livro “Tornei o Papa cristão”, nos leva, praticamente, aos primeiros passos, no caminho cristão, de quem, hoje, se tornou Papa Francisco...

Esta é uma reconstrução da vida e da figura espiritual de um sacerdote, que foi decisivo na educação cristã e humana de Jorge Mario Bergoglio: foi o que o Papa e o autor do livro disseram, várias vezes. Padre Enrico Pozzoli, missionário Salesiano de Lodi, trabalhou 58 anos em Buenos Aires, Argentina, onde conheceu a família Bergoglio: celebrou o casamento dos pais do futuro Papa e acompanhou os primeiros passos no caminho cristão do pequeno Jorge Mario.

Como Padre Pozzoli inspirou Jorge Mario Bergoglio?

Recordo a definição que o Papa Francisco deu, em Milão, sobre este sacerdote, durante um encontro com os Crismandos, em 2017, ao visitar a diocese Ambrosiana. O Papa falou deste homem como um "grande apóstolo do confessionário". Logo, uma pessoa de quem, provavelmente, o Papa Francisco recebeu o dom do aspecto humano da misericórdia, do abraço a quem se reconhece pecador, mas para quem o sacerdote, representante de Deus Pai, dirige seu olhar misericordioso. Penso que seu aspecto essencial seja a misericórdia de um “cristianismo próximo” e não de um 'cristianismo aduaneiro', como Francisco definiu, várias vezes, a figura deste sacerdote”.

Este sacerdote acompanhou a educação cristã de quem, por sua vez, também se tornou sacerdote, Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal e Papa. Qual é a característica peculiar deste caminho cristão?

Acho que as raízes Salesianas deste sacerdote influenciaram muito na vocação e espiritualidade do Papa Francisco. Dom Bosco era uma pessoa de grande dedicação, trabalho e paixão. Era um homem bem humorado e preocupado com o próximo, que encontrava em qualquer situação, começando pelos mais infelizes, jovens abandonados, sem futuro e sem educação. Estas raízes Salesianas foram enxertadas, obviamente, na planta da Companhia de Jesus, que plasmou a figura do futuro Pontífice. Além do mais, Padre Pozzoli frequentava sempre a casa da família Bergoglio, onde conversava com os pais e filhos e até os confessava. Portanto, a sua espiritualidade Salesiana influenciou no carisma do Papa Francisco, que, depois, se desenvolveu e floresceu em toda a sua vida religiosa.

O volume “Tornei o Papa cristão”, em sua opinião, pode ser um guia para os jovens dos nossos dias?

Certamente, porque a educação juvenil, como a do Papa Francisco, pode se ancorar na figura de um mestre espiritual. Os jovens não devem ter medo de contar com uma figura, como a deste sacerdote ou de qualquer pessoa adulta referenciada. Segundo a descrição do autor do volume, o próprio Francisco demonstra ser um jovem à busca de espiritualidade. Ele também teve problemas de saúde, mas sempre pôde contar com a assistência do Padre Enrico. Logo, esta figura demonstra, praticamente, uma Igreja que está próxima dos jovens, os educa e os torna fortes na fé.