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Santo André de Soveral e Companheiros Protomártires do Rio Grande do Norte

Festa litúrgica: 3 de outubro. André de Soveral foi o primeiro Santo de São Vicente e discípulo do Padre José de Anchieta. Foi martirizado, em 1645, durante a invasão holandesa, enquanto celebra a Santa Missa, junto com outros 29 companheiros. Ao expirar, balbuciou: “Viva o Santíssimo Sacramento”!

Vatican News

André de Soveral

André de Soveral nasceu em São Vicente, no dia 16 de julho de 1572, de pais portugueses, que lhe transmitiram sólidos ensinamentos cristãos. Deve ter sido batizado na Matriz de São Vicente Mártir, onde recebeu os primeiros Sacramentos e sua Primeira Comunhão.

São Vicente foi a primeira cidade fundada no Brasil, em 1532, por Martim Afonso de Souza. Presume-se que André tenha sido aluno do Padre José de Anchieta, um dos primeiros Jesuítas a chegar à Terra de Santa Cruz, e que tenha estudado no “Colégio Menino Jesus”, fundado por Leonardo Nunes.

No período da ação missionária de São José de Anchieta e Padre José da Nóbrega, André partiu para o Nordeste, onde, em 1597, deu início à evangelização no Rio Grande do Norte, junto outros missionários Jesuítas, provenientes do reino católico de Portugal. Por motivos desconhecidos, deixou a Companhia de Jesus, e se tornou Padre diocesano, em Natal.

Missão em Cunhaú

No nordeste, Padre André trabalhou em Cunhaú, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, nome do navio de Martim Afonso de Sousa, quando chegou às terras brasileiras. Na época, Cunhaú era um centro econômico de grande importância, por isso chamou a atenção dos holandeses.

De fato, Cunhaú era um povoado de Canguaretama, no Rio Grande do Norte, que se formou em torno de um engenho de cana-de-açúcar, uma das riquezas da região, além de suas minas. Era uma espécie de expansão da produção paraibana e pernambucana na região do Norte, berço econômico da comunidade dos índios Potiguares.

Tática dos Calvinistas

No dia 15 de julho de 1645, chegou a Cunhaú Jacó Rabe, um alemão a serviço do Supremo Conselho Holandês, com sede em Recife, que dizia ser portador de uma mensagem aos habitantes de Cunhaú.

No dia seguinte, domingo, aproveitando a participação de um grande número de colonos da Missa, celebrada pelo pároco, Padre André de Soveral, Jacó Rabe mandou afixar na porta da igreja um edital, convocando todos a ouvir, após a celebração, as ordens do Supremo Conselho. Muitos compareceram, mas uma forte chuva, providencial, impediu que o número fosse maior.

Sabe-se que os holandeses calvinistas, ao chegarem à região, restringiram a liberdade de culto dos católicos e os perseguiram, porque eram contra o Império Português no Brasil.

Naquele domingo, 16 de julho de 1645, muitos fiéis, famílias e outros residentes, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Naturalmente, para cumprir o preceito religioso, não portavam armas, proibidas pelas autoridades holandesas.

Massacre em Cunhaú

O Padre André de Soveral começou a celebração Eucarística e, na hora da consagração, ao elevar a hóstia e o cálice, Jacó Rabe mandou fechar todas as portas da igreja. Naquele momento, deu-se início à terrível carnificina, com cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, inermes e indefesos, foram covardemente atacados e assassinados pelos flamengos, com a cumplicidade dos índios Tapuias e Potiguares.

Sabendo o que ia acontecer, os fiéis não se rebelaram, pelo contrário, “entre ânsias fatais, confessaram sua fé em Jesus Cristo, pedindo perdão de suas culpas”.

Enquanto o Padre André “rezava, às pressas, o ofício da agonia”, foi cruelmente atacado pelos Tapuias. No entanto, falando na língua dos indígenas, os exortava a não tocar a sua pessoa e tampouco a profanar as imagens e objetos do altar, para não cometer sacrilégio. Os Tapuias recuaram, mas os Potiguares não quiseram saber de sermões. Então, atacaram o ministro de Deus “despedaçando seu corpo”. O principal autor do cruento assassinato foi o chefe dos Potiguares, Jererera, que, empunhando uma adaga, deu o golpe fatal ao sacerdote.

Este foi o primeiro episódio do massacre dos Protomártires do Rio Grande do Norte.

Massacre em Uruaçú

O segundo ataque, por parte dos holandeses Calvinistas e dos índios hostis aos Católicos, deu-se três meses depois, no dia 3 de outubro de 1645.

Aterrorizados pelo que tinha acontecido em Cunhaú, os católicos de Natal procuravam fugir ou se esconder, inutilmente, em abrigos improvisados. Porém, foram pegos, junto com seu pároco, Padre Ambrósio Francisco Ferro, e levados para perto da cidade de Uruaçu, onde os soldados holandeses os aguardavam com cerca de duzentos índios, que tinham grande aversão pelos católicos. O pároco e seus fiéis foram brutalmente torturados e massacrados após bárbaras mutilações.

Conforme os relatos da época, “os índios arrancavam as entranhas e cortavam as cabeças, pernas e braços das suas vítimas”.

Grupo dos mártires individuados:

Padre André de Soveral e Domingos Carvalho, mortos em Cunhaú; Padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira, Antônio Vilela, com sua filha; José do Porto, Francisco de Bastos, Diogo Pereira, João Lostão Navarro, Antônio Vilela Cid, Estêvão Machado de Miranda e duas filhas; Vicente de Souza Pereira, Francisco Mendes Pereira, João da Silveira, Simão Correia, Antônio Baracho, João Martins e sete companheiros; Manuel Rodrigues Moura e sua esposa; uma filha de Francisco Dias, mortos em Uruaçu.

Protomártires do Brasil

Padre André de Soveral e seus 29 Companheiros mártires do Rio Grande do Norte, foram sacrificados pela intolerância religiosa, pela perseguição contra a fé católica e a fé na Eucaristia.

Padre André de Soveral, herói e mártir de Cunhaú, foi beatificado em 5 de março de 2000 e canonizado, no dia 15 de outubro de 2017, na Praça de São Pedro, pelo Papa Francisco.

A Igreja celebra, no dia 3 de outubro, a festa litúrgica dos Protomártires do Brasil: Padre André de Soveral, Padre Ambrósio Francisco Ferro, o leigo Mateus Moreira e outros 27 Companheiros mártires.

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03 outubro 2021, 10:34