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D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto (Portugal)  D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto (Portugal)  

D. António Francisco dos Santos, um bispo com estilo sinodal

Quatro anos após a sua morte recordamos a figura do bispo do Porto que deixou marca na diocese pela sua proximidade, sensibilidade, amizade, espírito evangélico e visão estratégica. Lançou caminho para um Sínodo Diocesano que não teve oportunidade de executar. O Senhor chamou-o a 11 de setembro de 2017. Teria completado 73 anos no passado dia 29 de agosto.

Rui Saraiva – Portugal

Na homilia proferida na sua Entrada Solene na diocese do Porto em abril de 2014, D. António Francisco dos Santos disse aos diocesanos: “Convoco-vos para sermos mensageiros e protagonistas das Bem-Aventuranças numa linguagem serena, positiva e confiante, como expressão da voz de toda a Igreja do Porto”.

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Alegria, Comunhão e Missão

Foi assim, com esta serenidade e confiança que D. António Francisco viveu os três anos que dedicou àquela diocese portuguesa entre 2014 e 2017 marcando profundamente as pessoas que com ele se cruzaram.

Na manhã do dia 11 de setembro de 2017 o seu coração fraquejou e não aguentou. D. António Francisco faleceu no Paço Episcopal do Porto. Tinha completado 69 anos no dia 29 de agosto.

Dois dias antes da sua morte, a 9 de setembro, tinha presidido a uma grande Peregrinação Diocesana a Fátima. Um momento de enorme alegria e unidade e no qual pediu comunhão e mobilização para a missão:

“Que este seja o dia e o lugar do milagre para a Igreja do Porto que daqui parte enviada em missão e fortalecida pela proteção e bênção da Senhora de Fátima. Que este seja o dia e o lugar do milagre da alegria de sermos Igreja do Porto a viver em comunhão e mobilizada para a missão” – disse D. António Francisco.

Marca sinodal no coração

Das muitas iniciativas da ação pastoral de D. António Francisco na diocese do Porto destacamos a implementação em 2015 de um Plano Diocesano de Pastoral como um percurso a percorrer rumo a um “caminho sinodal aberto a todos” que teria lugar a partir de 2020. Não pode concretizar esse objetivo, mas ficaram o seu testemunho, a sua atitude e os seus textos que poderão ser, de alguma maneira, inspiração para o Sínodo a que o Papa chama toda a Igreja nos próximos anos.

Para ir preparando o caminho sinodal que queria concretizar, D. António Francisco dos Santos enviou para Roma um sacerdote, o padre Sérgio Leal, para estudar Teologia Pastoral na Universidade Lateranense. Esse sacerdote referiu numa entrevista à Rádio Vaticano em 2018 que a sua tese de licenciatura procurou ser fiel ao pedido do bispo do Porto, pois ele próprio tinha um estilo sinodal:

“‘A sinodalidade como estilo pastoral, partindo do magistério do Papa Francisco’, de algum modo penso que fica fiel àquilo que era o pedido do senhor D. António que era este o seu estilo, um estilo sinodal. Como disse na entrevista à Rádio Renascença, na primeira entrevista que dá como bispo do Porto: ‘o bispo não trabalha sozinho, é irmão de todos, deve trabalhar com todos’. Esta é uma marca sinodal que está desde o início no seu coração” – sublinhou o padre Sérgio Leal.

Inspirado na pedagogia pastoral do Papa Francisco

Recordemos que numa entrevista concedida à Rádio Vaticano no mês de setembro de 2014, o bispo do Porto, D. António Francisco, revelou ter-se inspirado na pedagogia pastoral e na planificação do Papa quando era arcebispo de Buenos Aires:

“A eleição do Papa Francisco surpreendeu-nos como Deus nos surpreende sempre com bem e levou-me a procurar o itinerário do Papa Francisco como arcebispo de Buenos Aires, para perceber os caminhos que ele tinha percorrido, as metas a que ele se tinha proposto, a pedagogia pastoral que ele tinha exercitado na sua vida de pastor numa diocese. E surpreendeu-me com esta capacidade que ele tinha da proximidade e de ir ao encontro das comunidades e de levar sempre esta doce alegria de evangelizar e, ao mesmo tempo, este encanto pelo amor de Deus. Um Deus que nos ama transforma-nos, um Deus que nos ama coloca-nos ao serviço dos outros e esse testemunho da aprendizagem da sua pedagogia pastoral, da sua planificação pastoral em Buenos Aires ensinou-me muito” – afirmou D. António Francisco.

Na primeira edição do Plano Diocesano de Pastoral do Porto, em 2015, escreveu D. António Francisco dos Santos:

“Abre este Plano um novo horizonte pastoral de trabalho eclesial e afirma a importância de assumirmos, na corresponsabilidade pastoral, um espírito sinodal que a todos envolva, mobilize e coloque em permanente ‘estado de missão’ e sempre em comunhão com a Igreja Universal, atentos ao Magistério do Papa Francisco”.

D. António Francisco dos Santos era natural de Cinfães, na Diocese de Lamego onde nasceu a 29 de agosto de 1948. Concluiu o Curso Superior de Teologia em 1971, era licenciado em Filosofia e Mestre em Filosofia Contemporânea pelo Instituto Católico de Paris. Foi ordenado presbítero em 1972. Na Diocese de Lamego foi chefe de redação do jornal “Voz de Lamego” e vice-reitor do Seminário Maior de Lamego. Em França prestou serviço junto da comunidade portuguesa emigrante.

Recebeu a nomeação episcopal a 21 de dezembro de 2004. A sua ordenação episcopal teve lugar no dia 19 de março de 2005 na Sé Catedral de Lamego. Foi bispo-auxiliar de Braga e bispo de Aveiro. Em fevereiro de 2014 o Papa Francisco atribui-lhe a missão de ser bispo da Diocese do Porto onde deu entrada em abril de 2014. Na Conferência Episcopal Portuguesa, foi presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios tendo sido também vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã.

D. António Francisco dos Santos faleceu no dia 11 de setembro de 2017 no Paço Episcopal da Diocese do Porto vítima de ataque cardíaco. Será sempre lembrado como um homem próximo, amigo e profundamente evangélico.

Laudetur Iesus Christus

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01 setembro 2021, 12:13