Busca

Novo alarme dos bispos da RD Congo após explosão de bomba em igreja

"Não passa um dia sem que as pessoas sejam mortas", já afirmavam os bispos da República Democrática do Congo no mês passado. Mais medo na região leste do país, após duas pessoas ficarem gravemente feridas com uma explosão registrada neste domingo (27), na igreja de Beni. A bomba caseira explodiu uma hora antes do início da missa.

Isabella Piro e Andressa Collet - Vatican News

Ouça a reportagem e compartilhe

A explosão deste domingo (27), na paróquia católica de Butembo-Beni, na região leste da República Democrática do Congo, poderia ter causado um verdadeiro massacre. Às 6h da manhã, uma hora antes do início da missa, uma bomba explodiu atrás do altar, onde o coro geralmente se apresenta.

Duas mulheres ficaram gravemente feridas com a explosão e foram levadas às pressas para o hospital. Elas estavam presentes no local para preparar a missa dominical, dedicada ao Sacramento da Crisma. A bomba destruiu alguns bancos e móveis da igreja, mas poderia ter causado um grande número de vítimas, considerando que muitas crianças e pais eram esperados para a celebração. A paróquia, por sua vez, constituiu um comitê de segurança.

Duas mulheres que estavam no local se feriram gravemente e estão no hospital
Duas mulheres que estavam no local se feriram gravemente e estão no hospital

A preocupação constante dos bispos

A diocese de Butembo-Benisi há algum tempo vem sendo atacada pelas chamadas "Forças Democráticas Aliadas", um grupo de rebeldes próximo ao Estado Islâmico. Já no mês passado, o bispo local, dom Melchisedec Sikuli Paluku, havia lançado o alarme sobre os contínuos ataques terroristas e as numerosas violações dos direitos humanos perpetrados na região. Na mira dos atacantes não estão apenas as igrejas, mas também as escolas e hospitais. "Não passa um dia sem que as pessoas sejam mortas”, havia denunciado o bispo: “os rebeldes chegam a matar os doentes nos leitos do hospital".

Entre 2013 e 2020, os ataques causaram mais de 6 mil mortes somente em Beni; 3 milhões de deslocados e 7.500 pessoas foram sequestradas; além de casas e vilas queimadas; edifícios administrativos saqueados; animais, campos e colheitas saqueadas. Em abril do ano passado, o Comitê Permanente da Conferência Episcopal do país, a Cenco, emitiu uma mensagem exortando o fim da violência. "Parem de matar os irmãos de vocês!”, imploravam os prelados, dirigindo-se a todas as partes envolvidas: "o sangue deles grita da terra".

Os bispos esperavam, portanto, uma reforma estrutural do governo; uma melhor gestão do exército, com a remoção de todos os oficiais coniventes; um fortalecimento da logística para evitar ataques das milícias e assim reduzir a perda de vidas humanas; o início de uma operação militar em larga escala, sob a autoridade do Conselho de Segurança da ONU; o desarmamento e a reintegração social dos soldados desmobilizados para evitar que engrossem as fileiras das milícias; "a criação de uma estrutura permanente de consulta para a coesão e a paz no leste do país, liderada por um observatório científico multidisciplinar, e o envolvimento dos líderes locais na conscientização da convivência pacífica".

O convite pela paz no leste do país

Ao mesmo tempo, a Cenco fazia um apelo que fossem desenvolvidos nas zonas de conflito "espaços de diálogo" baseados na "promoção de valores de cidadania", junto com o desenvolvimento de "uma parceria bilateral e multilateral com parceiros internacionais". Os bispos enalteciam que "a guerra é a mãe de todas as misérias, afeta todas as esferas da sociedade e compromete o futuro dos nossos filhos", convidando "aqueles que estão envolvidos no espectro da divisão a compreender que é através do amor e da unidade que o mal pode ser vencido e a violência pode ser quebrada". Daí, então, o apelo por "um tempo de oração pela paz no leste do país", pois o drama da região "diz respeito a toda a nação".

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui

28 junho 2021, 09:00