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Salvistas celebram abertura da Causa de Beatificação do fundador

Em 05 de dezembro de 2004, Padre Gilberto, sjs faleceu em São Paulo, em odor de santidade e cheio de desejo do céu. Em 2019, quinze anos após seu falecimento, seus filhos e filhas da Fraternidade Jesus Salvador, certos da santidade de seu Pai Fundador, iniciaram a fase preliminar de seu processo de beatificação.

Vatican News

Em 2019, o bispo de Santo Amaro, Dom José Negri, PIME, autorizou a abertura da fase preliminar do processo. Em 28 de outubro de 2020 foi dado parecer positivo à abertura do Processo por parte da Presidência do Regional Sul 1 da CNBB e em 13 de janeiro do corrente, foi concedido o Nihil Obstat da Congregação da Causa dos Santos. O postulador da Causa é o Dr. Paolo Vilotta.

Assim, o Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador, conhecidos como salvistas, prepara celebrações pela abertura do Processo de Beatificação e Canonização de seu fundador, o Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina.

Para às 15 horas do dia 22 de maio, está programada a celebração de uma Missa de Ação de Graças pelo Nihil Obstat e o anúncio oficial da bertura do Processo no Santuário Mãe de Deus (Av. Interlagos, 3823 – São Paulo), com transmissão pela Rede Vida. Preside a celebração Dom José Negri.

Já para o dia 30 de outubro de 2021 está prevista a celebração da Missa de Abertura do Processo de Beatificação e Canonização do Servo de Deus, com a instalação do Tribunal Diocesano e a transferência dos restos mortais para a Capela no Seminário Nossa Senhora de Pentecostes. A celebração a ser presidida por Dom José Negri  também terá lugar no  Santuário Mãe de Deus, às 15 horas, com transmissão pela Rede Vida.

Biografia do Servo de Deus

 

O Frater Pedro Josemaria dos Santos, sjs, preparou uma biografia do Servo de Deus: 

O Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina, sjs nasceu em 02 de agosto de 1925 na cidade de Ribeirão Preto, filho dos imigrantes italianos Raffaele Defina e Maria Rosa Buonabotta. Criado num lar católico, o menino Gilberto cresceu na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, administrada pelos Padres Claretianos. Na sua infância, ajudou muito os padres, principalmente servindo como coroinha, conforme ele diz em sua autobiografia: “a Igreja era minha vida”. Na sua infância, o padre teve um sonho com Jesus que marcou bastante sua consciência de criança e ficou guardado até sua velhice. No sonho, ele estava na Igreja Matriz e, em um canto onde ficava a imagem de Jesus crucificado, ele vê a cruz vazia e Jesus de joelhos, solitário e em silêncio. Jesus se volta para ele, o olha e sobe para a cruz. Ele nunca mais esqueceu a fisionomia de Jesus. Deste sonho podemos ver as marcas da sua futura espiritualidade: oração constante, silêncio, solidão, sofrimento e obediência.

Já órfão de pai e influenciado pela profunda espiritualidade dos Claretianos, ingressou em 1938 no Seminário Menor da Ordem. Lá passou cinco anos de profunda formação humana e religiosa, aprendeu a amar Jesus Sacramentado e a Santíssima Virgem Maria, à qual se consagrou como escravo em 08/12/1940. Nesse período teve uma experiência mística: enquanto rezava a oração do Angelus na capela, Nosso Senhor lhe deu a graça de ver sua alma manchada pelo pecado. Foi quando recordou todos os seus pecados e sentiu profundamente um terrível sentimento da morte causada por eles. Desse dia em diante, ele lutou mais intensamente e com o auxílio da Graça evitou durante toda sua vida cometer pecados mortais. Já na idade adulta, fez um voto pessoal a Deus, comprometendo-se a não mais pecar mortalmente, a evitar a todo custo os pecados veniais e até a sua morte foi fiel a este voto.

Vigário na Catedral São Sebastião de Ribeirão Preto
Vigário na Catedral São Sebastião de Ribeirão Preto

Em 1942, saiu dos Claretianos para ingressar no Seminário Diocesano, completando o ensino médio na cidade de Campinas e depois passou ao Seminário Maior na cidade de São Paulo. Na capital, aprofundou sua fé em Deus, seu amor à Igreja, sua profunda deferência e obediência aos superiores e sua caridade para com todos. Nesse tempo de estudos, distinguiu-se com o dom da sabedoria, sendo procurado pelos seminaristas para aconselhamento espiritual. Também nessa fase iniciou seu calvário, pois devido a uma enfermidade, ficou afastado por um ano do seminário. Ficando atrás de sua turma, perdeu a oportunidade de concluir seus estudos em Roma.

No dia 03 de dezembro de 1950, o jovem Gilberto, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote na Catedral de São Sebastião em Ribeirão Preto. Foi nomeado vigário da Catedral, função essa que exerceu por 5 anos. Lá foi sempre um padre dedicado à formação catequética e espiritual do povo de Deus. Iniciou um dos seus grandes apostolados, a direção espiritual, exercendo com grande frutuosidade a direção das almas. Também ministrou com diligência o Sacramento da Confissão, mergulhando, já no início de sua vida sacerdotal, em um mar de pecados no confessionário da Catedral. Ali, a Misericórdia Divina transbordou de seu jovem coração de pastor.

Por sua maturidade e competência foi nomeado para várias funções de coordenação pastoral e de movimentos da Diocese. Foi nomeado diretor e redator chefe do Jornal da Diocese, o Diário de Notícias. Foi professor de português e latim no seminário diocesano. Coordenou e formou na Diocese os movimentos: Cruzada Eucarística, Entronização do Sagrado Coração de Jesus nos Lares, Adoração Noturna e Filhas de Maria. Em seus sermões e formações, sempre fez um apelo à conversão pessoal e à busca da santidade de vida, numa íntima relação amorosa com Deus.

Votos Perpétuos do padre Gilberto em 17 de setembro de 1994
Votos Perpétuos do padre Gilberto em 17 de setembro de 1994

Em 1955, foi nomeado pároco da Paróquia São Simão, na cidade de São Simão – SP, função que exerceu durante 11 anos. Na cidade continuou desempenhando seu apostolado de direção espiritual e confissão, e era procurado por muitas pessoas de outras cidades. Nesses anos de pároco trabalhou muito na evangelização de seus paroquianos e realizou um grande apostolado de misericórdia entre os mais carentes. Era conhecido como “o padre que criou a cesta básica”. Todas as pessoas que o procuravam encontravam a porta da casa paroquial aberta e o seu coração paternal também. Se não tinha meios de ajudar a pessoa na hora, fazia um bilhete e enviava a pessoa a uma família, que prontamente respondia ao apelo do padre.

Padre Gilberto, sjs foi um pastor zeloso e amoroso em prol de todos em sua terra de missão. O padre era um homem à frente de seu tempo, era inovador e incentivou os movimentos de espiritualidade e santidade. Enquanto pároco, as mulheres tiveram um papel importante junto a ele no pastoreio paroquial, sendo seu braço direito na evangelização. Nessa época teve contato com o Beato Padre Donizetti Tavares de Lima, grande homem de Deus e taumaturgo, que era pároco em Tambaú, cidade próxima de São Simão.

Em 1959, foi nomeado Cônego Catedrático na recém-elevada Arquidiocese de Ribeirão Preto, função de grande reconhecimento por parte do Arcebispo. O padre angariou fundos e coordenou a construção do novo Seminário da Arquidiocese na cidade de Brodowski – SP e também fundou, a pedido do Arcebispo, uma rádio para a Arquidiocese. Também ajudou a fundar dois colégios comerciais na cidade de Luiz Antônio e no Distrito de Bento Quirino, além de ter construído a Igreja Matriz de Santo Antônio, em Bento Quirino.

Padre e seus colegas de Seminário
Padre e seus colegas de Seminário

Como pároco, enfrentou algumas enfermidades que o fizeram sofrer. Entre elas, uma doença em suas mãos que o impediu de ser nomeado pároco da Catedral e o fez preferir ficar em São Simão, onde o povo já estava acostumado com esta enfermidade. Um fato extraordinário aconteceu nesse período. Uma jovem que tinha paralisia infantil e fazia direção espiritual com o padre recebeu sua oração durante uma missa e foi milagrosamente curada. O fato marcou a comunidade que há muito tempo conhecia a mulher e a sua enfermidade.

Relata sua autobiografia que muitas pessoas foram curadas através de suas orações e intercessão. Ele ressaltava que não tinha dom nenhum, somente a fé com a qual pedia as graças e o Senhor prodigiosamente o atendia. Em São Simão, o padre conheceu a jovem Maria Aparecida Longo, a Nena, que virou sua melhor amiga e sua filha espiritual. Ela era empregada doméstica de uma família próxima ao padre, e este, percebendo sua inteligência, a convidou para ajudar nos registros dos batismos e casamentos. Desse tempo em diante, o padre passou a ajudá-la e a incentivá-la a estudar. Graças à ajuda e ao apoio do padre, Nena tornou-se professora universitária. Seu amor e confiança nas pessoas, mesmo naquelas que pensavam não merecer, foi uma das marcas da vida do padre. A caridade ardente de seu coração o levava a acolhê-las e a promover o bem de todos que podia.

Em dezembro de 1966 foi nomeado Orientador Espiritual dos Seminaristas da Arquidiocese e da Província Eclesiástica no Seminário Central do Ipiranga na Cidade de São Paulo. Nesse período, o padre formou-se em Direito, fez licenciatura em Filosofia e em Letras (Português e Latim), foi professor em diversos colégios em São Paulo e lecionou em duas faculdades, nas disciplinas de Português e Introdução à Filosofia. Em 1971, junto com um grupo de sacerdotes formadores do Seminário do Ipiranga, fundou as Faculdades Associadas do Ipiranga, a atual UNIFAI. O padre tornou-se um dos diretores da faculdade e contribuiu muito para estabelecê-la no cenário do ensino superior. Como diretor, muitas vezes concedia bolsas de estudos a alunos carentes e até mesmo pagou para alguns o curso completo, sem que esses soubessem que ele era seu patrocinador.

As graves enfermidades foram sempre constantes em sua vida. Era nos momentos de sofrimento que a sua fé crescia e se fortalecia. Entre os anos 1970 e 1980, o padre teve câncer no sistema linfático e depois a terrível síndrome de Guillain-Barré, uma doença que paralisa os músculos, atacando a camada dos nervos que lhes transmitem as informações do cérebro. Com o diagnóstico dessa doença, tida como fatal, foi desenganado pelos médicos e enviado para casa. Entretanto, no dia de São João Maria Vianney, mesmo com muito sofrimento, celebrou a missa e foi agraciado com uma cura milagrosa: enviado para morrer em casa, em poucos dias retornou andando ao consultório. Durante muito tempo de sua vida o padre sofreu de depressão e até houve um período em que teve a síndrome do pânico, levando-o a tomar medicamentos. Precisando de cuidados especiais, saiu do Seminário de São Paulo, onde residia desde sua mudança para a cidade, e comprou um imóvel onde Nena e sua família vieram residir para cuidar dele nesse tempo de fragilidade.

Inauguração do Seminário em Parelheiros na presença do Núncio Dom Alfio Rapisarda
Inauguração do Seminário em Parelheiros na presença do Núncio Dom Alfio Rapisarda

Já na sua nova residência aconteceu um fenômeno extraordinário: na capela particular começou a brotar um óleo de oliva, puro e perfumado, das pedras, rosas e de uma imagem de Nossa Senhora das Dores que ficavam diante do sacrário. Vendo nisso um sinal de Deus, o padre passou a engarrafar o óleo e a distribuí-lo. Através dele, muitas pessoas foram milagrosamente curadas. A fama do óleo de Nossa Senhora se espalhou por várias regiões do Brasil. Servo obediente da Igreja, o padre logo procurou seu superior eclesial para apresentar o fenômeno e este, querendo evitar polêmica, pediu-lhe que parasse de recolher e distribuir o óleo. O padre, sem saber bem o que fazer, pois o óleo brotava espontaneamente, decidiu tirar os itens da capela e, da mesma forma misteriosa que o óleo surgiu, parou de brotar. A virtude da obediência à Igreja sempre foi uma marca no caráter do padre. Um evento mudou radicalmente a vida do Padre Gilberto, sjs.

Por volta da segunda metade da década de 1980, através de seu amigo de infância e de seminário, Dom Davi Picão, Bispo de Santos, tomou conhecimento do Movimento da Renovação Carismática Católica. Começou a estudar o tema e a se encantar com os prodígios de conversões e milagres que ocorriam nos Grupos de Oração. Após ler o livro “Jesus está Vivo”, do Padre Emiliano Tardif, conheceu o Grupo de Oração Renascer em Cristo, liderado pela religiosa Irmã Josefa Iranço, e começou a frequentá-lo. No dia 09 de dezembro de 1987, a Ir. Josefa e a Sra. Clotilde pediram para rezar por ele pelo batismo no Espírito Santo. Aceitando prontamente, neste dia o padre foi batizado no Espírito Santo, tornando-se, como ele dizia, “um carismático”. Desse dia em diante, sua vida espiritual e sacerdotal foi renovada por esta nova unção. Sendo um conceituado padre da Arquidiocese de São Paulo, batizado no Espírito Santo, logo chamou a atenção dos Grupos de Oração, que começaram a procurá-lo pedindo ajuda. Então, ele começou a participar do Grupo de Oração Associação Maria Mãe da Igreja – AMMI, que acontecia na Capela do Pátio do Colégio dos Jesuítas. Neste grupo, o padre confessava, fazia orações e pregava nos encontros. Com o passar do tempo, aumentando o número de participantes, a capela ficou pequena. O padre e alguns leigos foram até o cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e pediram para usar a Catedral da Sé e ele lhes deu autorização. Desse tempo há relatos de muitas curas milagrosas alcançadas pela intercessão e imposição das mãos do Padre Gilberto, sjs e também de muitas libertações espirituais do maligno.

Em 18 de setembro de 1993, ele foi a Roma participar de um encontro carismático com São João Paulo II, a VII Conferência Internacional de Líderes Carismáticos Católicos em Castel Gandolfo. O padre foi um conceituado e procurado diretor espiritual que tinha a agenda lotada de atendimentos, de modo que muitas pessoas esperavam meses para conseguir um horário com ele. Ele possuía o dom da ciência, que o permitia muitas vezes enxergar a alma das pessoas com suas necessidades, pecados e feridas. Exerceu seu pastoreio sempre com muita misericórdia. Era um homem de escuta e de docilidade que atraía até as ovelhas mais desgarradas e feridas que não encontravam acolhida em lugar algum. Muitas pessoas encontraram no coração do padre o amor de Deus que redime e transforma. Uma dessas pessoas veio para ficar: o Sr. Gilberto Dealis, o Xará. Vindo de um lar desfeito, encontrou no padre um pastor, conselheiro, amigo e pai. Xará e Nena foram os filhos espirituais mais próximos do padre. Foi ele quem cuidou do Padre Gilberto, sjs até sua morte. Sua casa no Ipiranga era um ponto onde os desesperados e excluídos da sociedade buscavam consolo e ajuda.

Padre Gilberto com as Irmãs Clotilde e Josefa
Padre Gilberto com as Irmãs Clotilde e Josefa

O padre, como sempre, foi um homem acolhedor e caridoso, atendia a todos e lhes dava atenção, ouvia suas dores e fornecia ajuda afetiva, espiritual e financeira. Muitos moradores de rua iam até sua casa para banho e alimentação. O padre nunca excluiu ou julgou ninguém, pois ele acreditava que todos eram merecedores de confiança e de amor. Vários seminaristas, que tiveram a experiência da Renovação Carismática e estudavam na FAI, na PUC e em outras faculdades, acabaram procurando-o para aconselhamento, entre eles o Servo de Deus, Padre Léo. Padre Gilberto, sjs era o consolo desses jovens que eram perseguidos e incompreendidos pelos seus superiores, pois esses não conheciam e proibiam a experiência carismática dentro dos seminários. Deus, através desses jovens e da Sra. Maria Gabriela, foi confirmando no coração do padre a Sua vontade de estabelecer na Igreja uma Congregação Religiosa, especialmente voltada para os membros da Renovação Carismática.

De 1992 a 1993, o padre, com 68 anos de idade, já em sua velhice, decidiu fundar o primeiro Seminário Carismático do mundo. Uma ousadia enorme para o contexto da época. Em primeiro lugar, ele reuniu um grupo de leigos para ajudá-lo, encabeçado pelo Xará, pela Nena e por outros membros da RCC que lhe eram próximos. Em busca de um local para a fundação, foi ao encontro de Dom Frei Fernando Antônio Figueiredo, OFM, Bispo da Diocese de Santo Amaro, que prontamente o apoiou e lhe deu permissão para fundar a Fraternidade Jesus Salvador, os Salvistas, em sua Diocese. Esta Fraternidade seria composta por padres, religiosos, religiosas e leigos, provenientes da Renovação Carismática Católica. Desde o começo, dezenas de jovens, homens e mulheres, buscaram a Fraternidade para aumentarem as fileiras dos filhos do Padre Gilberto, sjs.

No dia 17 de setembro de 1994, o padre professou os votos perpétuos e fundou o Seminário e o Convento Nossa Senhora de Pentecostes, dos Institutos Missionários Servos e Servas de Jesus Salvador, que hoje contam com suas Constituições aprovadas pela Santa Sé em Roma. Enquanto recebia o apoio de alguns, também houve muita perseguição, humilhações e sofrimentos. E o padre, certo da vontade de Deus, levou adiante o projeto. Nessa época da fundação, Jesus apareceu em sonho ao padre e, tocando em seu coração, disse: “Gilberto, tenha paciência! Gilberto, tenha paciência! Gilberto, tenha paciência!”. Essa experiência ficou gravada em seu coração e logo o padre obedeceu ao Senhor. Entre os anos de 1993 e 1994 teve a inspiração de promover a devoção a Virgem Maria com o título de Nossa Senhora de Pentecostes, título que até o momento não havia sido utilizado na Igreja, se tornando a Padroeira da Fraternidade e espalhando sua devoção pela Igreja no Brasil e no mundo.

Padre Gilberto no Seminário
Padre Gilberto no Seminário

Padre Mário Ugo Scacheri, PIME foi um grande amigo que o padre conheceu, quando, em 1994, buscava por um sacerdote para residir com os futuros seminaristas, visto que ele, como diretor da FAI, e tendo seus rendimentos fundamentais para manutenção do futuro seminário, não poderia morar longe do trabalho. Após um momento de oração pedindo ao Senhor um padre santo, que fosse de oração e fidelidade à Igreja, ao chegar numa Casa de Retiros da Diocese Página 5 de 5 de Santo Amaro, Padre Gilberto, sjs se deparou com um sacerdote de batina preta e barba branca rezando a liturgia das horas. Na mesma hora, o padre sentiu o mover do Espírito Santo: era quem ele procurava! Ao se apresentar ao padre Mário Ugo, contou sua história, suas necessidades e como Deus age através da fé de seus santos. Padre Mário prontamente aceitou o convite e em setembro se mudou para as instalações do seminário, tornando-se seu Diretor Espiritual até seu falecimento, em odor de santidade, em 2010.

A Fraternidade foi muito perseguida e logo muitos quiseram seu fechamento; o padre, sempre humilde e obediente a Deus, suportou tudo. À angústia da perseguição, foram somadas doenças, como o câncer no fígado, osteoporose, diabetes e muitas dores que o levaram a passar seus últimos anos de vida sofrendo muito. Além disso, em 12 de janeiro de 2001, faleceu Nena, sua filha espiritual e amiga de décadas, um momento de muito sofrimento para o padre, que teve a dor de um pai ao enterrar sua filha. Após este episódio, o Xará passou a residir com o padre e, junto com a enfermeira, testemunhou a sua santidade. Ele foi o amigo que ajudou Padre Gilberto, sjs a carregar a cruz no estágio final de sua vida. Sempre ao lado dele, desde antes da fundação, e depois como um Oblato (leigo consagrado), Xará foi muito importante para a vida do padre e seu companheiro fiel até o fim. Xará residiu até 2015 na Casa Generalícia do Instituto, ano do seu falecimento.

No ano de 2002, diante de suas limitações físicas, o padre renunciou ao cargo de Superior Geral de seus Institutos e convocou o primeiro Capítulo Geral para eleger os novos Priores Gerais e para aprovar a última Constituição dirigida por ele.

Seus anos finais de vida foram um tempo de muito sofrimento, pois as suas enfermidades devastavam seu corpo. Foram anos de dor e amor e tudo ele oferecia pelo bem de seus filhos e filhas, nunca murmurando ou reclamando. A enfermeira que cuidou dele testemunha o profundo amor que emanava da alma do padre: “Eu vim para cuidar dele e foi ele quem cuidou de mim”. Até na cama hospitalar o padre continuou a ser o pastor de almas que Deus o chamou a ser, todas as pessoas que se aproximavam dele foram tocadas pela sua grandeza de alma. Em seus últimos dias, que passou ‘crucificado’ numa cadeira de rodas e depois no leito do hospital, o padre, como Jesus em Sua Paixão, sofreu tudo por amor. Sua alma cheia da pureza e da graça divina encontrou a morte de seu corpo mortal como Jesus: ele morreu asfixiado com a águas que enchiam seus pulmões.

Em 05 de dezembro de 2004, Padre Gilberto, sjs faleceu em São Paulo, em odor de santidade e cheio de desejo do céu. Em 2019, quinze anos após seu falecimento, seus filhos e filhas da Fraternidade Jesus Salvador, certos da santidade de seu Pai Fundador, iniciaram a fase preliminar de seu processo de beatificação com autorização de Dom José Negri, PIME, bispo da Diocese de Santo Amaro. Em 2021, a Congregação para a Causa dos Santos concedeu o nihil obstat, documento que permite a abertura do processo diocesano de beatificação e canonização do Servo de Deus Padre Gilberto Maria Defina, sjs, que, com a graça de Deus, no fim de todo o processo será reconhecido pela Santa Igreja Católica como Santo. Escrito por Frater Pedro Josemaria dos Santos, sjs

Maiors informações sobre o Instituto podem ser obtidas no site: www.salvistas.com.br

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20 abril 2021, 10:15