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Famílias na pandemia: dicas para conviver com filhos adolescentes

A Psicóloga Mariângela Mantovani, autora do livro Filhos Felizes - O segredo da educação de adolescentes para uma vida bem sucedida, lançado por Paulinas Editora lança um olhar sobre o convívio nas famílias com filhos adolescentes neste tempo de pandemia. Orienta os pais para que possam compreender melhor seus filhos adolescentes e, ninguém imaginava que tão logo viria uma pandemia que faria as famílias conviverem durante tantas horas e tanto tempo juntos no mesmo ambiente.

Riccardo Gomes – Diocese de Campos

Com a Pandemia as famílias intensificaram o tempo de convívio juntos e descobriram ao mesmo tempo momentos de partilha dos pais com os filhos em especial os adolescentes. Da convivência fraterna surgiram alguns desafios de como se aproximar do adolescente para ajudá-lo a construir valores sólidos de forma a tornar-se um adulto saudável e bem-sucedido. Dicas importantes para viverem num ambiente tranquilo e de relações saudáveis. Mariângela Mantovani, psicóloga clinica e educacional, terapeuta de casais e famílias nesta entrevista traça metas para este momento desafiador nas famílias e na sociedade.  

A Psicóloga começa destacando que com a Pandemia muitas famílias passaram e conviver de forma muito mais saudável e gostosa e descobriram que no seio do lar existia o verdadeiro amor. As crianças pequenas na companhia mais frequente das mamães com seus cuidados e os adolescentes tiveram que ajudar nos afazeres do lar, pois os pais trabalhando on-line numa carga horária grande não dando conta de tantas tarefas. Com isso a família teve que se unir numa sinergia maior e isso trouxe ganhos incomensuráveis.

Psicóloga Mariângela Mantovani
Psicóloga Mariângela Mantovani

"Porém, tenho acompanhado casos difíceis de famílias com problemas bastante sérios durante essa pandemia. A insegurança de como sustentariam a casa e os filhos perante o desemprego que para muitos chegou trazendo depressão, ansiedade e por vezes desespero. Alguns escapes deram vazão e muitos começaram a buscar a bebida alcoólica que parece estar facilmente ao alcance por ser barato. A droga para alguns também parece funcionar como saída. E quantos outros problemas esses escapes foram trazendo. A violência em alguns lares que já não acontecia com tanta frequência voltou e em alguns em que isso não acontecia surgiu trazendo dissabores e traumas irreparáveis", relata.

Destaca os tipos de dinâmicas emocionais das famílias. Cada família traz consigo alguma das dinâmicas mais marcante, porém pode misturá-las formando uma mistura dependendo do momento. Primeiro é necessário entender cada uma delas na pandemia. A família desorganizada é a sem rotina que não deixa claro o papel de cada um no lar, às vezes quem manda é o pai em outras a baba, às vezes a mãe e por vezes ainda o irmão mais velho. Durante a pandemia as tarefas precisam ser realizadas e cada um tem que desempenhar seu papel e se isso não se realiza, os membros, principalmente os filhos sentem-se perdidos e desorientados tendo a tendência de os adolescentes permanecerem horas no quarto jogando videogame ou dormindo e com as aulas on-line sem nem sequer lembrar. Esses pais levaram um susto quando a escola notificou que o aluno não estava cumprindo com seus deveres e poderia perder o ano.

"A família infantilista é a que não deixa os pequenos se tornarem autônomos e independentes nem mesmo no que diz respeito ao que os rebentos dariam conta. A mãe deste estilo de relacionamento, durante a pandemia tem ficado exausta fazendo tudo para todos e tem chegado ao stress absoluto. Com seus gritos e irritação acha que impõe os limites, porém, só reclama e faz tudo para todos", destaca.

Mariângela fala da família adultista é a que trata os filhos como se fossem muito mais maduros e exige muito mais do que podem. São famílias de mães e ou pais perfeccionistas. Na pandemia acredita que a exigência aumentou muito, pois ficar em casa com toda a família dias a fio, a bagunça aumenta e as tarefas também. Os pais adultistas são ansiosos, exigentes e rígidos e os filhos sentem-se oprimidos. E fala do modelo da família expulsiva que  é aquela que faz comparações entre os filhos e os trata com diferença As brigas são constantes e o clima é de ciúme, competição e ódio. Na pandemia de uma a duas, ou passaram a se digladiar ou tiveram que assumir que todos tem suas qualidades. É uma família em que percebemos um tipo de ralação abusiva psicologicamente.

"E ainda temos a família sem limites que é aquela que não consegue dar ordens e muito menos dizer não. Quem manda são os filhos e o lar fica irritante, desrespeitoso, falta regras, rotina e disciplina. Na pandemia esse lar virou de pernas para o ar, pois não adianta ditar regras, pois ninguém obedece. Evidentemente que não existe a família pura, pois como eu disse acima as dinâmicas se misturam. O importante é cada lar encontrar o seu ponto de equilíbrio e buscar o amadurecimento para se tornar uma família funcional, ou seja, com uma relação mais saudável, onde haja diálogo, respeito e consideração um pelos outros. Os pais da família funcional, durante a pandemia, curtem e crescem com as dificuldades e aproveitam para conviver mais de perto e um saber um pouco mais como é a vida do outro na rotina normal do dia a dia", pontua Mariângela. 

O importante neste tempo de Pandemia, isolamento social é que cada família encontre um jeito gostoso de lidar com esse novo jeito de viver este tempo de desafios buscando o equilíbrio nas relações saudáveis entre pais e filhos. E algumas dicas.

"Descontraia e brinque em seu lar. Mostre aos filhos o que é que você faz enquanto eles estão na escola ou em casa esperando que a noite chegue e traga seus pais de volta para casa. Você sabia que uma criança tendo atenção e brincadeiras com os pais pouco sente falta dos brinquedos, dos parques, praças e escolas? Ora nós adultos também somos assim, se recebemos atenção, carinho, companhia sentimos menos falta de sair, comprar e passear. O ser humano nasceu para conviver e estar junto com pessoas. O casamento permanece ainda um desejo de muitos porque todos nós precisamos de companhia, estar a dois para se divertir junto. Não casamos para resolver problemas, mas sim para nos sentirmos parceiros para viver melhor a vida", disse

Novos paradigmas na família

O papel do pai ganhou uma importância ainda maior no lar. O homem tem sido chamado a compor nas responsabilidades domesticas e com isso atuar de forma mais igualitária com a mulher. O papel de mãe e de pai cada vez se torna mais complementar e no período de pandemia vem auxiliando para que a figura paterna ganhe espaço igual da figura materna. A figura paterna como a materna pode construir um ser humano para o bem e principalmente quando agem juntos e em harmonia. Mesmo numa guarda compartilhada quando feita com sabedoria, confiança e parceria pode deixar marcas que trazem muito conforto psicológico, autoestima e estrutura para que a vida seja mais feliz.

"Nós terapeutas de casais e famílias estamos apostando que a quarentena possa deixar ensinamentos que perdurem auxiliando numa mudança social construindo um mundo melhor e isso tem começado pelos lares. Tenho atendido muitos casais que nitidamente estão vivendo mais unidos e melhor. A overdose das relações, por incrível que pareça está sendo uma oportunidade para quem tem pensado e tendo ações com sabedoria", conclui.

 

 

 

 

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28 dezembro 2020, 13:15