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Schoenstatt: Movimento celebra cem anos de presença feminina

Há cem anos, em 20 de agosto de 1920, as primeiras mulheres ingressaram no Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ir. M. Aleja Slaughter, superiora-geral das Irmãs de Maria, define assim a missão do Instituto: “Nosso carisma é tirar a imagem da Mãe de Deus do quadro e colocá-la para caminhar no meio do mundo".

Karen Bueno e Ir. M. Nilza P. da Silva

Desde que inicia seu pontificado, o Papa Francisco tem chamado a atenção para o valor da mulher na Igreja e sua missão. Ele ressalta que há “estilos femininos de santidade, indispensáveis para refletir a santidade de Deus neste mundo.”[1] Há cem anos, em 20 de agosto de 1920, as primeiras mulheres ingressaram no Movimento Apostólico de Schoenstatt como protagonistas, para desenvolver esse estilo feminino de santidade com o Pe. José Kentenich, na fundação de sete comunidades, entre elas dois Institutos Seculares, para mulheres em todas as idades e estilos de vida.

Pe. Kentenich empenhou-se pela educação de mulheres de personalidades livres que, como Maria, são empreendedoras na Igreja e na sociedade, tendo em vista a transformação da cultura. A meta das mulheres schoenstattianas é tornar Maria presente no hoje da história, pois só ela é capaz de fazer do nada um lar, com um mar de ternura. O Papa diz ainda que “todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra.”[2] Em cem anos, pela Aliança de Amor, Schoenstatt ofereceu grandes mulheres “santas” para a Igreja: por exemplo, Ir. M. Emilie Engel, reconhecida como venerável, à espera do milagre para ser beata; Gertraud von Bulion, que tem seu processo de beatificação em análise pelo Vaticano e tantas outras “pequenas Marias do cotidiano”.

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Ser Maria como policial civil

Num dia normal de plantão, em uma delegacia na cidade do Rio de janeiro, Joelma Melo chega, coloca sobre sua mesa a imagem de Nossa Senhora e a Cruz, uma bíblia, seu terço e uma coleção de pequenas mensagens de espiritualidade escritas pelo Pe. José Kentenich. Ela é policial civil e exerce a função de inspetora (antes denominada “detetive”) em uma delegacia distrital. Ela não sabe que situações a esperam no decorrer do dia. Podem ser bem difíceis: meninas que relatam abuso sexual por algum familiar; pais que perderam filhos em homicídios ou acidentes de trânsito; vítimas de estelionato que viram a economia de uma vida inteira se diluir em segundos... Seja qual for o dia da semana, o início de cada plantão é sempre igual para a Joelma: “Nesse momento, me coloco à disposição da Mãe de Deus e digo: ‘Mãe, estou aqui! Envia-me todas as pessoas que deseja que eu atenda e faça de mim seu instrumento!’”.

A policial Joelma revela que se esforça para tratar a todos com respeito, para refletir Maria: “Algumas vezes, apenas pequenos gestos feitos com amor e sinceridade podem ser suficientes para acalmar ou confortar, como segurar a mão, olhar nos olhos e dizer: ‘Estou aqui, conte comigo, vou te ajudar!’”.

Como Maria, ser um Tabernáculo vivo de Cristo

Em Londrina, vive Barbara Garcia, servidora pública e advogada, dirigente de um dos grupos de mulheres em Schoenstatt e catequista na sua paróquia. Ela comenta: “Para mim, ser um ‘Tabernáculo Vivo’ no dia a dia, como foi Maria, consiste em fazer com que, pelo meu cuidado e postura, as pessoas se sintam amadas, tanto como me sinto amada por Deus. Isso pressupõe levar Jesus às pessoas, como nossa Mãe Maria o fez. Na minha mesa do trabalho, costumo ter uma imagem da Mãe de Deus. Olhar para esta pequena imagem fortalece meu caráter mariano, me move a sempre tornar meu ambiente melhor, além de reforçar a necessidade de sempre me autoeducar”.

Colocar Maria para caminhar no meio do mundo

A providência divina quis que esse centenário aconteça na Semana da Vida Consagrada. Uma das riquezas que Schoenstatt oferece para a Igreja são as mais de 2 mil consagradas. Enviadas desde cedo para 29 países, as Irmãs de Maria de Schoenstatt atuam nas mais variadas tarefas e pastorais, na educação e na área da saúde, nos cinco continentes. Nesse tempo de pandemia elas se desdobram em criatividades para atender a todos, quer seja por suas orações, no atendimento pastoral e na ajuda em suas necessidades materiais, pois, “A Mãe e Rainha não cessa de ‘caminhar’, ela sempre encontra um jeito para ir ao encontro de seus filhos,” diz Ir. Adriane Maria Barbosa, que atua em Confins/MG.

Pe. Kentenich conduzia todos a olharem para Maria como modelo de mulher forte, heroica, maternal, filial e tantas outras características únicas nela. Às “mulheres modernas” de sua época, aconselhou com confiança: “Tudo o que se pensa e se pode imaginar da grandeza e da beleza da mulher, no aquém e no além, de beleza celestial, tudo, tudo, o eterno Deus colocou na imagem da bendita entre as mulheres”. Ir. M. Aleja Slaughter, superiora geral das Irmãs de Maria, define assim a missão do Instituto: “Nosso carisma é tirar a imagem da Mãe de Deus do quadro e colocá-la para caminhar no meio do mundo."

 

[1] Gaudete et Exsultate, 12

[2] Gaudete et Exsultate, 13

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20 agosto 2020, 10:12