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Imagem tirada do vídeo da oração do Papa para o mês de abril de 2024 a favor das mulheres Imagem tirada do vídeo da oração do Papa para o mês de abril de 2024 a favor das mulheres 

O escândalo da violência, a voz das “Mulheres no Vaticano”

“Mulheres e homens juntos contra o abuso e a violência. A caminho de uma cultura nova”, é o título do colóquio, aberto a todos, a ter lugar no dia 17 de abril 2024, em Roma. É organizado pela “D.VA”, a primeira associação feminina, criada no Vaticano em 2016. O encontro terá como foco a violência de género, expressão de uma cultura fortemente “machista”, várias vezes condenada também pelo Papa Francisco.

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

Um encontro sobre as mulheres. Para acrescentar o quê às tantas vozes, artigos, livros, filmes, manifestações que ultimamente se multiplicam para mostrar quão atual é falar hoje da questão feminina? É a pergunta que se pôs a Associação das Mulheres no Vaticano - D.VA (sigla em italiano), quando surgiu a ideia de propor às próprias sócias e a pessoas interessadas, homens ou mulheres, uma ocasião de aprofundamento e de diálogo sobre o tema das mulheres na sociedade e na Igreja com um foco particular sobre o fenómeno da violência de género.

As fundadoras da Associação "Donne in Vaticano" - D.VA
As fundadoras da Associação "Donne in Vaticano" - D.VA

A Associação "Donne in Vaticano" 

Algo a mais a dizer há, concluíram, dando início à atuação do encontro que terá lugar no Focolar Meeting Point, em Roma, perto da Praça Venezia, no próximo dia 17 de abril de 2024, às 17 horas. A dizer há, por exemplo, a experiência das mulheres que trabalham ou trabalharam na Igreja.

A Associação das “Mulheres no Vaticano” nasceu em 2016, para, segundo o próprio Estatuto, “criar uma rede de conhecimento, amizade e solidariedade entre todas as socias”, mas também para responder “à exigência de dar visibilidade à componente feminina no Vaticano, na Igreja e na sociedade”. “Acreditamos, de facto, - lê-se no documento - que as mulheres são um recurso precioso a ser valorizado nos lugares de trabalho e em todos os nossos ambientes de vida e de atividades”.

No Vaticano, nos últimos dez anos, o número de trabalhadoras aumentou de forma significativa e, com o Papa Francisco, aumentou também o número de mulheres dirigentes.

Associação D.VA - Foto concedida pelo canal televisivo francês KTO que realizou um filme documentário sobre as mulheres no Vaticano
Associação D.VA - Foto concedida pelo canal televisivo francês KTO que realizou um filme documentário sobre as mulheres no Vaticano

Em solidariedade com todas as mulheres discriminadas no mundo

O colóquio de 17 de abril é também uma ocasião, segundo as organizadoras, “para unir a nossa voz de mulheres cristãs a quantos denunciam as discriminações, os abusos e as violências de que as mulheres são vítimas ainda hoje. O Papa Francisco o faz desde o início do seu pontificado, e precisamente para o mês de abril pediu a toda a Igreja para rezar “pelo papel das mulheres” a fim de que em todas as culturas sejam reconhecidas a sua dignidade e riqueza, “e cessem as discriminações de que são vítimas em várias partes do mundo.” Mas, talvez, no âmbito eclesial, haja ainda muita timidez a este respeito, de modo particular quando se trata de reconhecer e denunciar a violência doméstica.

O encontro é uma ocasião também para sublinhar e apoiar as interrogações que, de forma inequívoca, emergiram do percurso sinodal sobre a presença e o papel das mulheres no seio da própria Igreja.

Mulheres e homens juntos para combater a violência

Se olharmos para a história da humanidade é impossível não elevar o pensamento aos imensos sofrimentos padecidos pelas mulheres. Um monte de preconceitos, limitações, constrições, abusos, violências, discriminações, leis iníquas, injustiças, que se acumularam ao longo de séculos e que pesam sobre os ombros das mulheres e condicionam ainda hoje as suas vidas. “As violências contra as mulheres são um escândalo global”, lê-se na Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre a dignidade humana - Dignitas infinita - de 8 de abril passado - que continua: “Se, teoricamente, se reconhece igual dignidade às mulheres, nalguns Países, as desigualdades entre mulheres e homens são gravíssimas”. As mulheres de D.VA estão convictas de que “para combater a violência de género, que muitas vezes chega até ao feminicídio, são necessários o empenho e a boa vontade de todos, homens e mulheres, juntos, para além da política e das instituições”. Também disto se falará no encontro no Focolar Meeting Point, chamando a atenção para a cultura machista fundada no poder e que influi sobre os homens, levando-os a permanecer fechados em determinados esquemas, e influi também nas mulheres, incidindo nas suas opções de estudo e de trabalho. Um caminho a percorrer juntos, enfim, educando-se e educando a uma cultura nova, baseada no respeito, na valorização das diferenças e na reciprocidade.

Assembleia de D.VA
Assembleia de D.VA

O programa do Colóquio

No encontro promovido pela “Associação de Mulheres do Vaticano” intervirão Liliana Ocmin, sindicalista CISL, membro do Conselho Diretivo do OIL (Organização Internacional do Trabalho); a irmã Linda Pocher, FMA, Docente de Teologia na Pontifícia Faculdade Auxilium; Elisabetta Giordano, Presidente e fundadora da associação “Tra Le Donne”; Andrea Bernetti, Psicoterapeuta, Presidente do Centro Prima, centro localizado em Roma, para homens, autores de violência. O colóquio concluir-se-á com um contributo artístico da escritora e interprete, Cecília Lavatore que, aos participantes, apresentará algumas histórias também inéditas, de mulheres extraordinárias na sua quotidianidade. 

Programa do Colóquio do dia 17/4/24 no Focolar Point em Roma
Programa do Colóquio do dia 17/4/24 no Focolar Point em Roma

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15 abril 2024, 14:55