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Bispos da IMBISA Dom Rudolf Nyandoro, Dom Willem Christiaans, Dom Emílio Sumbelelo e Dom Tonito Xavier Muananoua Bispos da IMBISA Dom Rudolf Nyandoro, Dom Willem Christiaans, Dom Emílio Sumbelelo e Dom Tonito Xavier Muananoua 

Igreja na IMBISA comprometida com a proteção de menores e pessoas vulneráveis

Teve lugar em Pretória (África do Sul), de 26 de fevereiro a 1 de março de 2024, um seminário organizado pela IMBISA (Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral), sob o tema “Promover a salvaguarda na Igreja: Um fórum para o diálogo e intercâmbio na África Austral”, no qual os participantes manifestaram o empenho e determinação da Igreja na Região em defesa dos menores e pessoas vulneráveis.

Sheila Pires – Joanesburgo (África do Sul), para o Vatican News

Dom Emílio Sumbelelo, Bispo da Diocese de Viana (Angola), Responsável na Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) da Protecção de Menores, começou por reafirmar, em entrevista, o empenho da Comissão que dirige, em ajudar as Dioceses a criarem as Comissões Diocesanas que apoiam o Bispo na protecção dos menores nas Dioceses, Paróquias, Centros, Comunidades e Escolas.

Dom Emílio ressaltou que a partilha de experiências é sempre uma mais valia: “eu aprendi muito, para melhorar o protocolo que criámos, partindo das orientações da Santa Sé”, afirmou, citando a experiência da Igreja Moçambicana (que caracterizou de eficaz e concreta na elaboração do respetivo protocolo) e a intervenção do Padre Andrew Small, Secretário Geral da Pontifícia Comissão para a Protecção de Menores, particularmente no tocante os três pilares sobre os quais se assentam os objetivos da Comissão Pontifícia para a Protecção de Menores.

A nível da Região (IMBISA) será necessário trocar mais informações entre nós, disse ainda o prelado, avançando a proposta de se criar um site para a partilha de dados e informações de cada Igreja particular.

Oiça a entrevista com Dom E. Sumbelelo, e partilhe

A representar a Diocese de São Tomé, que é também membro da CEAST, esteve a Ir. Romílzia Semedo Pereira e o Padre Vicente Sacramento de Souza Coelho. A salvaguarda dos menores e pessoas vulneráveis é uma realidade urgente na nossa sociedade, enfatizaram, e para o Padre Vicente Coelho, trata-se de um grande desafio para a Igreja africana e para a Igreja são-tomense em particular. “Em São Tomé e Príncipe”, observou a Ir. Romílzia, “existe infelizmente uma cultura do silêncio que não permite a denúncia para um acompanhamento de cura às vítimas, silêncio que pode ser por medo ou também por corrupção devido à situação de pobreza – e assim, tem havido abusos a crianças, adolescentes, jovens e até mesmo a pessoas adultas”. Como Igreja queremos nos empenhar ainda mais, tendo em conta o que escutámos neste seminário, sublinhou aquela religiosa das Canossianas em São Tomé e Príncipe.

Dom Emílio Sumbelelo, Bispo de Viana (Angola), com a delegação da CEAST
Dom Emílio Sumbelelo, Bispo de Viana (Angola), com a delegação da CEAST

Por sua vez, o Padre Vicente Coelho sublinhou que a Igreja no seu País dá assistência sobretudo trabalhando com os jovens que sofreram abusos: “eles querem e desejam uma Igreja que os escute, os acompanhe e que ajude a curar as feridas”. “Para tal”, reiterou o sacerdote, “precisamos promover uma cultura de denúncia, limpa e fundamentada, para ajudar a sociedade, e também promover uma cultura de consciencialização de que este mal existe, que nós temos de prevenir através da formação, e combater para o bem das nossas crianças.

Entrevista com Ir Romílzia e Padre Vicente Coelho

Por último, o Bispo Auxiliar de Maputo, Dom Tonito José Francisco Xavier Muananoua, falou do seminário como momento rico para o conhecimento da realidade sobre o tema dos abusos, e do caminho das outras Igrejas da Região da IMBISA, “um momento para reunirmos as nossas energias e olharmos para o futuro com esperança e determinação, deixando-nos orientar por aquilo que a Igreja nos pede neste campo da protecção e salvaguarda das pessoas que sofrem dos abusos”.

Dom Tonito enfatizou que as experiências que leva do seminário vão enriquecer o caminho que estão a fazer como Igreja, em Moçambique. “Aqui apresentámos também as nossas diretrizes pastorais como Conferência Episcopal, sobre a protecção de menores e pessoas vulneráveis, que já estão em vigor desde abril de 2022”, explicou o prelado, acrescentando que as diretrizes estão sendo implementadas em todas as dioceses, e algumas dioceses já têm um Diretório, para a orientação das pessoas que estão a trabalhar neste sector.

Contudo, trata-se de um caminho rico, sim, mas longo, reconheceu Dom Tonito, e se procura envolver cada vez mais pessoas para que esta realidade seja refletida a diferentes níveis pastorais. Do mesmo modo que, na elaboração do Diretório, explicou ainda o Bispo Auxiliar de Maputo, houve uma Comissão envolvendo Canonistas, Juristas civis, psicólogos e biblistas e foi convocada uma reunião nacional dos agentes da pastoral nesta matéria; e dois Bispos foram indicados para acompanhar as Comissões diocesanas, animar e promover encontros de formação permanente para se ver melhor a realidade e fazer um caminho juntos, como Igreja.

Dom Tonito Xavier Muananoua com Sacerdotes Moçambicanos
Dom Tonito Xavier Muananoua com Sacerdotes Moçambicanos

“Estamos num caminho ainda incipiente, porém notam-se alguns elementos de crescimento, mas precisamos de continuara apostar na formação e na informação, com toda a delicadeza e privacidade que o assunto merece relativamente às pessoas envolvidas, para sairmos das práticas que nos mantinham no silêncio”, reconheceu Dom Tonito Muananoua, ressaltando que eles levam do seminário a experiência da necessidade de criar centros de escuta a nível das paróquias, onde os sacerdotes podem auscultar as pessoas para as puderem orientar e ajudar a sair da cultura do medo e do tabu, porque, concluiu, “o que conhecemos é a ponta do iceberg, há muita realidade ainda por conhecer, e que só poderemos conhecer na escuta, no envolvimento e acompanhamento das pessoas”.

Oiça aqui a entrevista com D. Tonito F. X. Muananoua, e partilhe

De recordar, que a IMBISA (Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral) é composta pelas Conferências Episcopais da África do Sul (SACBC que, para além da África do Sul, também compreende o Botswana e eSwatini), de Angola e São Tomé (CEAST), do Lesoto (LCBC), Moçambique (CEM), Namíbia (NCBC) e Zimbabwe (ZCBC).

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07 março 2024, 16:23