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Presidente da República Umaro Sissoco Embaló e Nuno Gomes Nabian (Guiné-Bissau) Presidente da República Umaro Sissoco Embaló e Nuno Gomes Nabian (Guiné-Bissau)  (Casimiro Jorge Cajucam (Rádio Sol Mansi))

Guiné-Bissau. Nabian se demite por falta de diálogo do Presidente Umaro Embaló

O antigo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, renunciou a sua função de Conselheiro especial do Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, justificando a sua decisão por falta de abertura ao diálogo político por parte do Chefe de Estado guineense, que ele qualificou de “senhor absoluto”.

Casimiro Jorge Cajucam – RSM, Bissau

Através de uma missiva enviada a Sissoco Embaló, com a data de 16 de fevereiro, o antigo Primeiro-ministro e Presidente da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) - justifica a decisão por o Chefe de Estado não se mostrar aberto ao diálogo político capaz de contribuir para a criação de condições para uma governação pacífica e estável do País, assim como os desafios políticos presentes e futuros, após a dissolução da Assembleia Nacional Popular e a necessidade de marcação das próximas eleições legislativas antecipadas de acordo com os preceitos constitucionais.

Assim sendo e no âmbito das minhas responsabilidades políticas enquanto Presidente de APU-PDGB, perante o nosso eleitorado e o povo guineense em geral, cheguei à conclusão de que já não existem condições morais e políticas para desempenhar as funções de Conselheiro especial do Presidente da República e tomei a liberdade de, através desta missiva, apresentar a minha renúncia pessoal ao referido cargo”, lê-se na carta.

Nabian acusou o Presidente da República de constantes “interferências no funcionamento das instituições democráticas nacionais”, nomeadamente nos outros órgãos de soberania, o Parlamento, o Governo, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, a Procuradoria-Geral da República, os partidos políticos, assim como a tentativa de “sequestrar e politizar” as Forças de Segurança do País, apenas para cobrir os seus interesses eleitorais, agindo como “senhor absoluto” num País do estado de direito democrático.

O Ex Primeiro-ministro argumenta ainda na carta que Umaro Sissoco Embaló tem assumido discursos de intimidação e de ofensa moral pública (palavrões), as reiteradas violações dos direitos humanos cometidas pelas forças palacianas contra as populações sem direito de reivindicações.

Factos estes, entre outros, que não coadunam com a minha personalidade e o modo de fazer política ao serviço do povo da Guiné-Bissau”, concluiu Nuno Gomes Nabian, um dos fortes aleados do Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, até à sua renúncia da função do Conselheiro Especial com regalias inerentes ao cargo do Primeiro-Ministro.

Entretanto, o Chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, reagiu à demissão do seu Conselheiro Especial, Nuno Gomes Nabiam, e disse lamentar o fato deste ter tornado pública a carta de pedido de demissão. De acordo com o Chefe de Estado “Nuno não precisava tornar pública a carta de pedido de demissão", uma vez que tem acesso direto a ele.

Questionado sobre para quando a marcação da data das eleições legislativas, Embaló prometeu marcá-las para antes da época das chuvas, que começa em junho, insistindo que as presidenciais se realizarão em novembro de 2025.

Ouvimos o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, à margem de uma visita, esta quarta-feira ao Mercado Central de Bissau.

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24 fevereiro 2024, 09:57