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 Lesley Lokko - Curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 Lesley Lokko - Curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023  ( Jacopo Salvi)

Lesley Lokko - África, discurso global sobre a Arquitetura

"Laboratório de futuro". Foi este o tema da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 que teve como foco a África e a curadoria duma afrodescendente: Lesley Lokko. Foi a segunda edição mais visitada da história da Bienal, evento de não fácil acesso a artistas e países de certas áreas do mundo - revela a arquiteta cabo-verdiana, Patrícia Anahory, que participou em 2021. A sua narração aqui ao lado de considerações da própria Lesley Lokko e do perfil desta última traçada pelo editor, Filinto Elísio.

Dulce Araújo - Vatcian News 

Em perfeita sintonia com a preocupação do Papa Francisco pela “Casa comum”, Lesley Lokko, arquiteta e escritora, de mãe britânica e pai ganês, considera que o modo de os seres humanos se relacionarem entre si e com o Planeta terá que mudar. É um desafio cultural a ser enfrentado desde já. Daí ter concebido a sua curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 como “Laboratório de Futuro” e tê-la articulado em duas vertentes: descolonização e descarbonização.

Caberá ao futuro revelar a real herança dos fios tecidos nesta Exposição - revelou, satisfeita, a Lesley Lokko, na conclusão do evento.  

Para esta arquiteta com formação e atuação da arte e da educação arquitetural em África, América, Europa, mais do que com a questão estética, a arquitetura tem a ver com as pessoas, o uso que fazem do espaço e como encaram a questão dos recursos energéticos.

Energia
Energia

Dificuldades e contradições a ultrapassar

Tudo isso requer, para além da descarbonização, também a descolonização, ou seja, a inclusão doutras visões no pensar a arte arquitetural em sentido lato. A Bienal de Arquitetura de Veneza parece ter enveredado por esse caminho, embora persistam ainda algumas contradições que fazem dele um evento de difícil acesso para artistas e países de determinadas áreas do mundo - sublinha, por sua vez, a arquiteta caboverdiana, Patrícia Anahory, que participou em 2021, juntamente com o artista visual, César Schofield, depois de superarem muitas dificuldades ligadas aos custos. É que - afirma - a África carece de um ecossistema de apoio a estas formas de participação; o que corrobora a afirmação de Lesley Lokko, segundo a qual por a Arquitetura não ser muito considerada uma força cultural em África, os Estados africanos não são muito propensos a investir nesse tipo de eventos.

A Arquiteta caboverdiana, Patrícia Anahory (foto de Daniel Grund)
A Arquiteta caboverdiana, Patrícia Anahory (foto de Daniel Grund)

Feliz com a abertura cada vez mais significativa da Bienal à África, Patrícia Anahory está confiante de que as contradições e limites ainda existentes e que advêm do facto de plataformas como essa refletirem, em certa medida, as desigualdades do mundo, serão ultrapassadas, pois, começa a haver oportunidades de confronto.

Oiça tudo na emissão que aqui fica e onde pode apreciar as palavras de Lesley Lokko, a crónica de Filinto Elísio (Rosa de Porcelana Editora) sobre ela e as considerações de Patrícia Anahory. Tudo acompanhado de “Poinciana” (Ahmad Jamal) e “África” (Yemi Alade - ft Sauti Sol). 

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Pavilhão do Níger, país que participou pela primeira vez na Bienal.
Pavilhão do Níger, país que participou pela primeira vez na Bienal.

 

 

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30 novembro 2023, 15:39