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Frei Evódio João, Custódia Santa Clara de Assis de Moçambique Frei Evódio João, Custódia Santa Clara de Assis de Moçambique 

Franciscanos em Moçambique: 125 anos, caminhando com o povo, com a Igreja

Os Franciscanos celebram por estes dias 125 anos de presença e missão em Moçambique e Frei Evódio João, franciscano moçambicano e Diretor das Comunicações dos Frades Menores em Roma, disse em entrevista ao Vatican News que o marco desta presença tem sido “estar com a Igreja, estar e caminhar com o povo”.

Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

Olhamos para o passado com gratidão e damos graças ao Senhor por tudo aquilo que Ele fez por nós, diz Frei Evódio ao fazer o balanço da presença dos Frades Menores em Moçambique nos últimos 125 anos, presença que iniciou na Beira em agosto de 1898 e se foi alargando por boa parte do País, incluindo hoje a diocese de Pretória, na África do Sul.

Franciscanos acompanharam construção da Beira

Desde a sua chegada, explica Frei Evódio, os Frades Menores acompanharam a Igreja na Beira, com a pastoral ou evangelização, mas também na educação e assumindo a construção de igrejas e escolas – “foi uma presença de caminhar com o povo e com aquela Igreja pobre, nos diferentes momentos da história do País”.

Frades Menores, Custódia Santa Clara de Assis de Moçambique
Frades Menores, Custódia Santa Clara de Assis de Moçambique

Por muitos anos a missão franciscana em Moçambique cresceu e floresceu, mesmo numericamente, observa o sacerdote moçambicano. Hoje, a missão franciscana em Moçambique está bem enraizada, quase todos os frades são moçambicanos (uns 86 frades moçambicanos), nos diz Frei Evódio, para quem este um momento glorioso, para os Frades Menores.

Não faltaram momentos desafiadores

Contudo, não faltaram os momentos de calvário, mais desafiadores, sobretudo com a guerra e as nacionalizações: os números diminuíram e alguns Frades até perderam a vida, “aquilo que tínhamos construído com muito sonho e muito esforço, perdemos, observa, mas não perdemos o carisma, não perdemos o rumo, aprendemos também a ser pobres, aprendemos também a inventar como viver”.

Hoje corre-se o risco de fazer manutenção do passado, se instalar e fazer castelo nas Paróquias onde se está presente, sem um verdadeiro serviço aos pobres, alerta Frei Evódio – “o desafio que temos hoje é descobrir novos caminhos para onde o Senhor nos está a enviar”.

Desafio da paz num Moçambique ferido

Outro desafio dos Frades, é a preocupação pela paz, pois “vivemos num Moçambique ferido, e a questão do norte de Moçambique fere a todos nós”, afirma Frei Evódio, perguntando-se como os frades podem marcar a sua presença na cura dessas feridas, sobretudo hoje em que tantos são os abandonados, os velhos já não contam, pois para Evódio, “o desafio franciscano é que o frade deve estar lá com o povo, deve fazer a promoção humana, mas sempre caminhando com o povo”.

Frei Evódio falou também da possibilidade de os franciscanos em Moçambique, hoje parte da Província portuguesa, passarem de Custódia a Província, “onde as decisões passarão a ser tomadas internamente”. Como Província teremos mais autonomia, explica enfatiza o sacerdote franciscano, o que significa que a presença franciscana está a crescer e deve assumir certas responsabilidades - é, certamente, uma honra também para Moçambique, para além de constituir acrescida responsabilidade, conclui.

Frades Menores, Província autónoma de Moçambique
Frades Menores, Província autónoma de Moçambique

Os jovens merecem particular atenção para Frei Evódio. Na família franciscana, disse, existe a JUFRA (Juventude Franciscana), onde os jovens são protagonistas: “eles devem caminhar, viver o carisma franciscano, como jovens”, pois é profunda convicção do Frade moçambicano que “não se deve deixar os jovens de lado, eles precisam de nós, e nós precisamos dos jovens”.

Mensagem aos jovens: colocar Francisco entre os próprios sonhos

E a terminar, Frei Evódio desafiou os jovens a colocar entre os seus sonhos o carisma franciscano que, sublinhou, continua sempre atual nos nossos tempos e qualquer pessoa pode vivê-lo, “tendo como modelo Francisco, que também foi jovem, teve as suas frustrações, mas depois percebeu que a única guerra que devia fazer é aquela do amor, de espalhar a paz e o bem”.

Que cada qual seja franciscano, onde aprenda a dizer que todos são irmãos, e sem excluir o aspeto ecológico e ambiental, para melhor contribuir na preservação deste planeta, foi o desejo do Frade moçambicano, concluindo que “temos que iniciar hoje a cuidar da pessoa humana na sua totalidade, e esta pessoa passa pelo meio ambiente, pela criação, onde todos possamos realmente dizer “louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão sol, pela irmã lua, pelo irmão lobo ... todos irmãos”.

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28 agosto 2023, 10:53