Moçambique. Ikweli: voz dos sem voz, e informando para o desenvolvimento

P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

Em entrevista à Rádio Vaticano, Aunício sublinhou que se trata de um jornal de orientação liberal e independente de qualquer tipo de poder, seja ele económico que político, e que tem o seu enfoque no norte de Moçambique, nas Províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Zambézia.

“Informar para o desenvolvimento” é o lema do jornal, disse ainda Aunício, ressaltando que, desde 2016, “Comunidades, religiosos, produtores, agricultores, mecânicos, alfaiates, pescadores, etc., encontram espaço para expressar as suas dificuldades e problemas, mas também os seus sucessos do dia a dia”.

Informar para o desenvolvimento

Os problemas apresentados pelas Comunidades, observou o jornalista, são comuns um pouco por todas as Províncias do norte do País: antes de tudo, o acesso aos serviços de saúde (falta de medicamentos, cobranças ilícitas nas poucas unidades sanitárias existentes, entre outros). O director do Ikweli também falou de serviços de educação sem qualidade na Região, agravados pelo absenteísmo dos professores, e falou dos agricultores que muitas vezes não podem colocar o seu produto em mercados de qualidade porque não há estradas e as poucas vias de acesso estão danificadas.

Então “informar para o desenvolvimento” significa também alertar aos governantes dos desafios que as populações enfrentam com os serviços essenciais (água, eletricidade, falta de unidades hospitalares, ou quando os serviços são cobrados de forma exagerada ...), insistiu o diretor.

Participação política cada vez maior

Moçambique vais às eleições autárquicas em outubro próximo, e esta foi ocasião para Aunício reiterar que a participação das populações na vida política tem sido cada vez maior: “embora haja algum absenteísmo a consciência de cidadania está a crescer, bem como o conhecimento de que o voto é a arma para a mudança em qualquer parte do mundo”, disse, fazendo votos de que em 11 de outubro a participação das populações seja massiva em todas as autarquias da Região.

Deslocados tendem a regressar, mas falta acesso às aldeias

Quanto à violência terrorista em Cabo Delgado, um dos grandes desafios do País nos últimos anos, o diretor do Ikweli confirmou que os deslocados tendem a voltar às próprias aldeias de origem: “os centros de acolhimento de Nampula se estão a esvaziar”, observou Aunício, lamentando, porém, a falta de acesso a tais aldeias: “o discurso oficial é que 80% da situação de segurança em Cabo Delgado melhorou, mas é preciso que haja acesso a estas zonas por parte dos jornalistas, ativistas sociais e defensores dos direitos humanos, para sabermos se a população que regressou não está votada ao abandono” - sublinhou.

Apelo aos jovens, força e futuro da sociedade

“Ikweli é um jornal diário, e a nossa força e garantia é uma equipa jovem com cometimento  e o sentido patriótico de que o nosso serviço é útil para as nossas comunidades, é útil para os cidadãos, e é isto que nos motiva”, explicou Aunício, para quem os jovens são a força de produção e devem sempre entender que são o futuro de qualquer uma Nação: “ainda que pensemos que não há oportunidades, que tudo está fechado para nós os jovens, continuemos a lutar, portanto, a luta continua!” – concluiu Aunício.