Moçambique. UCM aposta na formação, justiça e diálogo para os desafios do País

P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

Entre os grandes desafios que muitas Instituições de Ensino Superior enfrentam hoje (e a UCM não faz excepção), está a questão da formação dos professores, na linha das várias áreas, como resposta à qualidade, e sobretudo agora nas publicações, disse em entrevista Alice Nhamposse, citando o exemplo do encontro com os Coordenadores de pesquisa, promovido pela Reitoria na Beira, “para uma reflexão sobre a necessidade de continuar a publicar, a escrever todos os assuntos que dizem respeito à nossa realidade, para incentivarmos o crescimento desta Instituição que está a promover grandes Quadros e grandes jovens que precisam de responder aos vários desafios que a nossa sociedade hoje nos exige”.

A nível do País, a resposta da juventude aos serviços oferecidos pela UCM é muito boa, assegura a Docente. Existem muitos jovens, e a sociedade ou Comunidades em geral, em todas as Províncias do País, que procuram os serviços oferecidos pela UCM, sobretudo pela seriedade e pela identidade da Universidade Católica:

“Formámos até vários Dirigentes nossos que, por escolha própria, vêm aos nossos Cursos ministrados pela Universidade, tanto os Cursos de Licenciatura, quanto os do Doutoramento, e também Cursos relacionados com a Saúde”. “Temos, pois, muita demanda, temos a procura, não apenas por ser uma das Universidades, mas pela qualidade empreendida dentro do nosso Colectivo, e dentro das nossas propostas educativas que temos oferecido à sociedade”, enfatiza a professora.

Estudantes da UCM encontram colocação no mercado do trabalho

E é por isso que, segundo alguns estudos do mercado existentes, os estudantes da UCM, quando vão aos Concursos, são absorvidos, e por vezes são chamados, e até as Organizações vêm solicitar os estudantes para vários trabalhos que podem empreender.

Pode ser que um ou outro, talvez neste momento não esteja integrado, mas a maior parte dos nossos estudantes encontraram colocação nas várias áreas e especialidades existentes, sublinhou a Docente que também se referiu ao fenómeno do auto-emprego: existem estudantes, disse, que ao terminarem os estudos, abrem empregos por conta própria. “E o nosso desafio, agora é, nestes reajustes curriculares, fazer com que os nossos estudantes sejam promotores de outros empregos, este é um grande desafio que temos” – assegurou Alice Nhamposse.

Também existem os Cursos de curta duração, para aqueles que não conseguem vir à Universidade, mas que também têm os seus auto-empregos: com as pequenas ferramentas que a Universidade oferece nos Cursos de curta duração, eles respondem aos desafios que a sociedade lhes pede no dia a dia.

Existe representatividade das mulheres em posições de Direcção

Alice Nhamposse falou igualmente da presença feminina em posições de Direcção na UCM, e da distribuição das meninas e rapazes nos Cursos ministrados: “existe, garantiu a Docente, uma representatividade de mulheres em cargos de Direcção na UCM, existe a paridade de género, embora haja ainda caminho por fazer, admitiu.

 Em relação aos estudantes existem, por vezes, Turmas com mais estudantes mulheres do que homens, mas há uma representatividade de todos os géneros dentro da Universidade Católica, explicou a dirigente da UCM, assegurando que não tem sido problema, antes pelo contrário, “tem sido valorizado o papel da mulher e têm sido valorizadas as várias propostas que são colocadas”, confirmou Alice Nhamposse que considera coisa positiva que existam agora, no cargo de Directores de Faculdade, tanto mulheres como homens.

Estudantes comecem a criar hábitos de leitura

E quanto à Extensão de Maputo da UCM, tratando-se de uma Extensão ainda nova, Alice apontou como primeiro desafio fazer com que os Docentes possam engrenar na linha das publicações e, em segundo lugar, que os estudantes comecem a criar hábitos de leitura e hábitos de escrever e lançar-se na escrita, bem como para os projectos. “O desafio, portanto, é sempre o de incentivar as publicações para que o nosso trabalho seja frutuoso e responda às necessidades da nossa sociedade hoje” - concluiu.

Terrorismo, justiça e diálogo temas de debate nas Universidades

Outra reflexão da Docente universitária foi sobre o papel das Instituições de Ensino Superior em Moçambique nas grandes problemáticas do País, como o terrorismo em Cabo Delgado, uma certa conflitualidade no Centro de Moçambique, o elevado grau de criminalidade um pouco por todo o lado no País ... Alice admitiu tratar-se de um trabalho árduo e difícil mas que, entretanto, já está sendo feito: nas várias Instituições de Ensino Superior as temáticas emergentes dos grandes seminários e do diálogo com a população são precisamente as problemáticas emergentes, ou seja, o terrorismo, as questões da justiça, do diálogo. E também o facto de as grandes e pequenas pesquisas se virarem para esta problemática para procurar a solução, é já uma boa resposta atempada para esta situação.

Governo e Partidos políticos buscam na UCM resposta aos desafios do País

E até porque tanto o Governo como os Partidos políticos, sempre procuram as Universidades para poderem ter a resposta destes assuntos que, podemos dizer, são um desafio social, reconheceu Alice Nhamposse que, para a situação de Cabo Delgado e outras situações (de criminalidade e outras), várias respostas estão já sendo dadas, tanto pela UCM como por outras Universidades, no atendimento às crianças, nos grupos de solidariedade, com os jovens que se disponibilizam para poderem ajudar toda a camada que precisa. E um outro elemento não de segunda importância é o facto de existirem seminários, congressos, e outros momentos reflexão que procuram sempre uma resposta para estes grandes problemas existentes no nosso País, para poder procurar a solução.

A Universidade não dá a solução, mas ao menos ajuda na reflexão para se poderem procurar caminhos para a sua resolução, ressaltou Alice Nhamposse.

Palavras de esperança e encorajamento aos jovens

A Docente lançou, enfim, palavras de encorajamento e esperança sobretudo à juventude moçambicana: “importante é ter coragem de enfrentar os desafios que a sociedade nos coloca, e o segundo elemento é a confiança em Deus que nos ama, que quer o bem e que nos quer ver a crescer”, disse. Para Alice Nhamposse foi, de facto, no âmbito de Deus que o nosso País ficou em paz, pois foi aos pés de Deus, no dia de São Francisco de Assis, que conseguimos o dom da paz (4 de outubro de 1992, Acordo Geral de Paz).

E, para concluir, Alice lançou um premente convite aos jovens a lutar juntos e a ter os olhos positivos para ver melhor as coisas, a procurar o mais fraco na sociedade para levantá-lo, e a “perceber que Deus um dia nos dará tempos melhores, nos dará um mercado de trabalho melhor, nos dará a força para podermos vencer todas as dificuldades que hoje o nosso País enfrenta”.

Após 19 anos em Nampula a trabalhar com os Cursos de Comunicação, desde a Licenciatura até à introdução do primeiro Doutoramento em Ciências da Comunicação, em parceria com a Universidade Católica de Lisboa, a Docente Alice Albertina Nhamposse foi transferida para a Extensão de Maputo da UCM, aberta recentemente há apenas três anos, como Coordenadora daquela Instituição, trabalhando com estudantes e Docentes, na promoção de publicações dos trabalhos da Extensão com a Comunidade.

UCM resposta aos anseios da Igreja local e solicitações da sociedade

De recordar que a UCM começou na zona norte e se foi expandindo até chegar à nova Extensão de Maputo, tentando sempre ser resposta à Igreja local e à solicitação de tantas pessoas que admiram os serviços de qualidade que ela presta. Os muitos jovens e vários Cursos existentes são uma resposta à realidade nacional de hoje. E na Extensão de Maputo existem Cursos que vêm de outras Faculdades (como, por exemplo, de Economia, Contabilidade, Desenvolvimento de Negócios, Saúde Pública e também Administração Pública), todos eles Cursos que vêm das outras Extensões, como prolongamento a uma resposta e solicitação à realidade do Maputo.