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Hospital Raoul Follereau, em Bissau (Guiné-Bissau) Hospital Raoul Follereau, em Bissau (Guiné-Bissau) 

Guiné-Bissau. Hospital “Raoul Follereau” sem condições, Governo promete solução

Mais de 100 doentes de tuberculose internados abandonaram o hospital “Raoul Follereau”, em Bissau, sem receber altas e sem terminarem os tratamentos. A razão da fuga dos pacientes prende-se com as enormes dificuldades que o único centro especializado para o tratamento da doença de tuberculose, do País, enfrenta.

Casimiro Jorge Cajucam, Rádio Sol Mansi, Guiné-Bissau

O serviço de raio X não funciona já há cerca de dois anos, o hospital está sem dinheiro e em consequência, não pode garantir o mínimo aos doentes internados, e que já estão a ficar sem refeições diárias, que antes eram garantidas pelo hospital. O ministro da saúde pública, Dionísio Cumba, confirmou esta triste realidade que, segundo ele, pode aumentar drasticamente o nível da contaminação …

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“Fui informado que apenas 22 pessoas continuam internadas num hospital que recebe 120 doentes. Esta é uma preocupação maior, porque aquelas pessoas ainda continuam doentes e foram para casa e neste momento estão a infetar outras pessoas”, lamenta o ministro da saúde que promete trabalhar com a Camara Municipal de Bissau para a retirada de lixos do estabelecimento hospitalar.

Os funcionários deste centro hospitalar ameaçam encerrar todos os serviços por um período indeterminado devido a falta de condições de trabalho que vai desde a falta da máscara de proteção, falta de luvas e dificuldades em higienizar o hospital. Nazaré fFireira Falcão Baticã é a porta-voz dos funcionários.

“Vamos fechar as portas até que houvesse uma resposta à nossa reivindicação. Não é hoje que temos vindo a reclamar melhorias de condições de trabalho. Imagina uma pessoa a trabalhar sem máscara de proteção, sem luvas, sem reagentes, sem nada …” finalizou.

Sobre a ameaça dos funcionários em fechar o centro de tratamento de tuberculose, devido à falta de condições laborais, o ministro de saúde pede benefício de dúvida por parte dos funcionários e garante que o governo já está a diligenciar para que os trabalhadores possam trabalhar em segurança…

“ONG AHEAD (Ajuda a Saúde e Desenvolvimento) está cá há muitos anos sem fazer nada”, lamenta e continua “imagina uma pessoa a trabalhar dez meses sem receber o seu salário”, rematou.

Entretanto, o pedido do ministro, nomeado no cargo há um mês, foi aceite pelos funcionários que decidiram suspender, por enquanto, a decisão de avançar com a paralisação, que deveria começar esta semana, no hospital Raoul Folloreau. Porém, os funcionários exigem do governo o afastamento da testa da administração do hospital, a ONG italiana Ajuda a Saúde e Desenvolvimento (AHEAD), que há vários anos ocupava-se da parte administrativa do hospital, das garantias das refeições diárias aos doentes e dos medicamentos mas que nos últimos tempos não tem vindo a cumprir com essas obrigações plasmadas no acordo de cedência.

Sobre esta exigência o ministro de saúde, Dionísio Cumba, assegurou que está em andamento o processo de afetação ao hospital uma nova administração.

“Raoul Follereau tem uma especificidade que não podemos permitir que feche as suas portas. Recebi a carta da Direção do hospital ameaçando fechar o hospital devido à falta de condições”, explica.

O hospital Raoul Follereau que tem a capacidade para o internamento de 120 pessoas tem neste momento apenas 20 pessoas internadas, sendo que as outras cem teriam fugido. Igualmente o hospital nacional “Simão Mendes” está já há alguns meses deserto devido à greve na função pública guineense, que se arrasta há seis meses. Os pacientes decidiram, voluntariamente, abandonar o hospital pública por falta de atendimento médico. Entretanto, o Ministério das Finanças bloqueou o salário do mês de maio aos funcionários de saúde e da educação, setores mais afetados com a greve, e o próprio Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, garantiu numa entrevista, nesta terça-feira na televisão pública do País, que o Governo não pagará a grevistas.

A greve em curso na função pública termina na próxima segunda-feira (31.05), mas a UNTG (União Nacional dos Trabalhadores da Guiné), o maior central sindical do País, ameaça avançar para mais uma paralisação a partir de 1 de junho, por um período de 30 dias.

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29 maio 2021, 10:35