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Santa Missa por Dom Pedro Zilli, em Bafatá (Guiné-Bissau) Santa Missa por Dom Pedro Zilli, em Bafatá (Guiné-Bissau) 

Guiné-Bissau. Dom Pedro Zilli, figura simples, humilde e sempre próximo do povo

Dom Pedro Zilli repousa desde esta sexta-feira, 9, na Sé Catedral de Bafatá, Igreja da qual era Bispo até à data da sua morte, a 31 de março passado. As exéquias foram presididas por D. Dom José Câmnaté, Bispo Auxiliar de Bissau, e com a concelebração do Bispo emérito de Bissau, Dom José Câmnaté, e os Bispos de Ziguinchor e Kolda, no Senegal.

Casimiro Jorge Cajucam – Rádio Sol Mansi, Guiné-Bissau

As cerimónias fúnebres iniciaram com a trasladação do corpo de Bissau para Bafatá, leste da Guiné-Bissau. Durante a viagem, que durou cerca de três horas, a viatura e a comitiva que transportava a urna funerária de Dom Pedro Zilli teve que parar sempre em cada aldeia que passava porque estão sempre pessoas que se mobilizaram junto as bermas de estradas, com bandeirinhas e lenços brancos, para prestar a ultima homenagem ao Dom Pedro Zilli.

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À chegada à rotunda de Bafatá, perto do monumento Amílcar Cabral, o administrador diocesano da Diocese de Bafatá, padre Lucio Brenttegani, recebeu a urna funerária do defunto Bispo Zilli acompanhado pelos fiéis cristãos católicos em orações até à Sé Catedral local, onde foi recebido pelo Bispo auxiliar de Bissau, Dom José Lampra Cá, que presidiu à missa do corpo presente, tendo como concelebrantes o bispo emérito de Bissau, Dom José Câmnaté na Bissign e dois Bispos do Senegal: o de Ziguinchor e Kolda, duas dioceses das regiões sul do Senegal, que representaram a Conferência Episcopal Interterritorial constituída pela Guiné-Bissau, Senegal, Cabo Verde e Mauritânia.

Já no largo da Igreja, a urna funerária foi retirada do carro que o transportou por seis padres para o interior da Igreja, os mesmos que o levaram para a sua última morada.

Na sua homilia Dom José Lampra Cá, sublinhou que a palavra de Deus para crente, é o alfabeto da vida e é a luz do mundo. Por isso, para o crente, sobretudo, nos momentos difíceis, como hoje, ouvir a palavra de Deus é um imperativo categórico. Dom Lampra Cá alerta ainda que para as coisas de Deus não há tempo a perder.

“Ele entrou e acabou deixando o seu país Brasil, veio a Guiné, um país do terceiro mundo. Não veio como cooperante, mas veio com a vontade de ajudar a Deus e ajudar que as pessoas descobrissem Deus. Ele gastou o seu tempo e a sua vida, pois quando se tornava Bispo da Diocese de Bafatá, escolha o lema que vos disse "O amor jamais passará", e aqueles que conhecem podem testemunhar, não estamos aqui para elogiar. Por isso, a sua morte tocou quase todos os corações, não porque é branco e é brasileiro, mas porque foi, simplesmente, homem de Deus, e ser homem de Deus o que isso significa? Deixar que Deus seja o nosso guia ou por outras palavras não negociar a vontade de Deus”.

Continuando ainda, Dom José Lampra Cá descreveu o Dom Pedro como um homem que gastou bem o seu tempo um verdeiro homem de Deus que foi consequente com a sua divisa episcopal “O amor jamais passará”.

“Para as coisas de Deus não temos tempo ou aquilo que eu disse no início, sou jovem tenho ainda tempo. Consequentemente, como quem vai morrer um dia, temos tempo? Sim, temos tempo. Mas, o tempo que temos é hoje, depois não é hoje na sua totalidade, é um instante. Por isso, desde o início Deus disse, se ouvirdes a voz do senhor, não vão prorrogar a vossa conversão, nem "absolutizar" o ter, o prazer e o poder. A palavra de Deus para crente, é o alfabeto da vida, é a luz do mundo. Por isso, para o crente, sobretudo, nos momentos difíceis, como hoje, ouvir a palavra de Deus é um imperativo, diria categórico”, enalteceu.

Momento antes do final da missa o administrador diocesano da diocese de Bafatá leu várias mensagens de condolências vindas de diferentes pontos do globo, desde a do Papa Francisco, do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras (PIME), ao qual Dom Pedro pertencia, da sua família natural e entre outras.

O governo foi representado pelo ministro da Administração Territorial e Poder Local. Também esteve presente na cerimónia do adeus ao Dom Pedro Zilli, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC. Entre as várias individualidades, destacam-se ainda as presenças da Alta Comissária de Luta Contra Covid-19, do Presidente do Tribunal de Contas, do Secretário de Estado da Ordem Publica, bem como do Embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, o poder tradicional local, entre outras individualidades.

As medidas restritivas adotadas pelas autoridades sanitárias, neste caso, O Alto Comissariado, foram observadas a rigor.

O Bispo da Diocese de Bafatá, Dom Pedro Carlos Zilli, faleceu a 31 de março de 2021, aos 67 anos de idade, vítima de Covid-19, depois de duas semanas e meia de internamento no hospital de Cumura, a alguns quilómetros da capital Bissau.

Dom Pedro Zilli, que também exercia a função do presidente do Conselho de Administração da estação emissora católica, Rádio Sol Mansi, da Caritas Guiné-Bissau e Chanceler da Universidade Católica guineense, foi ordenado Bispo, a 30 de junho de 2001. A Diocese de Bafatá é uma circunscrição da Igreja Católica localizada na Guiné-Bissau, abrangendo as regiões de Bafatá, Gabú, Quínara, Tombali e Bolama (todas situadas na zona leste e sul do país).

Foi criada a 13 de março de 2001, ano em que Dom Pedro Carlos Zilli também foi ordenado Bispo. O Bispo Dom Pedro Carlos Zilli é natural de Santa Cruz do Rio Pardo, em São Paulo (Brasil), onde nasceu a 07 de outubro de 1954.

Após a ordenação sacerdotal, a 5 de Janeiro de 1985, foi enviado para a Guiné-Bissau, onde desempenhou o cargo de vigário paroquial na missão de Bafatá.

Foi também delegado do bispo para a zona pastoral de Cacheu e presidente da comissão para a formação dos seminaristas maiores, de 1986 a 1998 e superior regional do seu instituto na Guiné Bissau, de 1993 a 1997.

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13 abril 2021, 10:24