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Cristãos em oração na Nigéria Cristãos em oração na Nigéria 

Nigéria, morte cristãos. Objectivo: criar tensão – D. Kaigama

O Arcebispo de Abuja, na Nigéria, D. Ignatius Kaigama, não confirma o bárbaro assassinato, pelo ISWAP, de onze cristãos e convida a não falar de muçulmanos contra cristãos na Nigéria, pois que o objectivo dos grupos terroristas é precisamente criar tensão e conflitos entre cristãos e muçulmanos no país.

Dulce Araujo - Cidade do Vaticano 

Foi ontem difundida, um pouco por todo o mundo,  a notícia de que onze pessoas de fé cristã foram barbaramente assassinadas na Nigéria, pelas autoproclamadas  Milícias do Estado Islâmico na Província da África Ocidental – ISWAP – que, aliás, reivindicaram o acto através de um vídeo de 56 segundos, publicado quinta-feira (26/12). O vídeo foi gravado numa área externa não identificada. Não foram fornecidos detalhes sobre as vítimas, todas do sexo masculino, mas a organização terrorista afirma que foram “capturadas nas últimas semanas” no estado de Borno, nordeste da Nigéria. A organização terrorista declarou que esta acção é uma vingança pelas mortes, em Outubro passado, de seu líder e do seu porta-voz na Síria, respectivamente, Abu Bakr al-Baghdadi e Abul-Hasan Al-Muhajir.

Guterres condena o acto

O acto foi duramente condenado pelo Secretário Geral da ONU António Guterres, que exprimiu solidariedade ao Governo e ao Povo da Nigéria.

As vítimas teriam sido capturadas nas últimas semanas num raid  em várias aldeias da Nigéria. Há cerca de dez dias um grupo difundiu um vídeo em que alguns reféns pediam ajuda às autoridades nigerianas e à Associação Cristã da Nigéria. Os terroristas teriam tentado negociar com o governo – afirmam fontes locais - mas as tentativas falharam por o Governo se ter negado a negociar com terroristas.

Dificuldades em enfrentar o terrorismo

A Nigéria tem tido dificuldades em enfrentar o terrorismo no país. Segundo as agencias humanitárias, são pelo menos 30 mil os civis assassinados e cerca de 30 milhões os deslocados desde o início da ofensiva jihadista em 2009. Embora o grupo extremista islâmico Boko Haram tenha reivindicado grande parte dos atentados, em 2016, na sequencia de uma operação do Exército nigeriano, o movimento dividiu-se em duas facções.

O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, exortou a população a não se deixar dividir entre muçulmanos e cristãos por “assassinos de massa, sem consciência, sem Deus e que mancham o bom nome do Islão com as suas atrocidades”.

D. Kaigama não confima. Os terroristas querem é criar tensão entre cristãos e muçulmanos

Em entrevista telefónica, no dia 27/12, à Rádio Vaticano, o Arcebispo de Abuja, Dom Ignatius Kaigama, convidou a não generalizar, falando de muçulmanos contra cristãos, pois a Nigéria é grande e a realidade não é bem assim. Há, sim – disse  - grupos terroristas islâmicos, poucos, que com essas acções cruentas pretendem provocar conflitos e tensões entre cristãos e muçulmanos e levar o país a uma guerra. O risco é real, segundo D. Kaigama,  e há que estar atentos a essas provocações que podem minar a convivência entre cristãos e muçulmanos.

Sobre o vídeo do bárbaro assassinato dos onze cristãos no dia 26, D. Ignatius Kaigama diz ter telefonado ao bispo de Maiduguri, capital do Estado de Borno, onde se teria verificado o acto, mas este não confirmou a notícia. Também os media locais não dão informações claras sobre isso – afirmou – dizendo que, de forma geral, o Natal foi tranquilo na Nigéria.

É preciso equilibrio na atribuição dos cargos nacionais

D. Kaigama falou ainda de frequentes ataques em áreas de maioria cristã no país e considerou que há necessidade de as autoridades darem maior protecção às pessoas nessas áreas. Há também, a seu ver, necessidade de um maior equilíbrio na atribuição de lugares de responsabilidade na sociedade, dado que a maioria desses lugares está nas mãos de muçulmanos.

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28 dezembro 2019, 16:05