Cardeal Parolin presidiu Missa de abertura do Simpósio para Formação Permanente dis sacerdotes Cardeal Parolin presidiu Missa de abertura do Simpósio para Formação Permanente dis sacerdotes 

“Para não se tornar como lobos”: cardeal Tagle fala na abertura do Simpósio para a Formação Permanente de Sacerdotes

"A formação permanente dos sacerdotes tem a ver antes de tudo com a humildade. “Houve uma tendência, que ainda persiste, de pensar a 'formação' como restrita à formação no seminário. Isto criou a ideia equivocada de que a ordenação marca a meta final da formação. Uma vez ordenado, um ministro não tem mais necessidade de formação. 'Fui ordenado porque já fui formado", afirmou o cardeal Tagle na abertura do Simpósio para Formação Permanente dos Sacerdotes aberto nesta terça-feira.

Vatican News

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Teve início nesta terça-feira, 6 de fevereiro, o Simpósio Internacional para a Formação Permanente dos Sacerdotes, reunindo no Auditorium da Via Conciliazione, proximidades do Vaticano, cerca de mil participantes, dos cinco continentes, sendo o Brasil o país mais representado, seguido do México, Itália, Polônia e Filipinas. Também estão presentes sacerdotes, consagrados e leigos vindos da Islândia, Burundi, El Salvador, China, Guatemala, Moldávia, Rússia, Ucrânia e de mais de 60 países. 

Este primeiro dia foi dedicado à formação única, com os temas introdutórios “Sacerdotes na mudança de época, em uma Igreja sinodal e missionária”. Após a oração inicial e a pronunciamento dos prefeitos dos três Dicastérios promotores do encontro - os cardeais Lazzaro You Heung sik, Luis Antonio Gokim Tagle e Claudio Gugerotti -, os participantes se deslocaram até a Basílica de São Pedro para a Concelebração Eucarística presidida pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin.

O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, cardeal Luis Antonio Tagle, ofereceu preciosos elementos de reflexão em seu pronunciamento na sessão de abertura. A formação permanente dos sacerdotes – sublinhou o purpurado filipino, liberando tal expressão de qualquer interpretação redutiva em chave intelectualista – tem a ver antes de tudo com a humildade.

“Houve uma tendência, que ainda persiste - admitiu o pró-prefeito - de pensar a 'formação' como restrita à formação no seminário. Isto criou a ideia equivocada de que a ordenação marca a meta final da formação. Uma vez ordenado, um ministro não tem mais necessidade de formação. 'Fui ordenado porque já fui formado', afirmam."

 

Nesta concepção enganosa – continuou o cardeal Tagle – “a ordenação significa não mais estudo, não mais oração, não mais direção espiritual, não mais orientação, não mais estilo de vida simples, não mais disciplina. 'Essas coisas são apenas para os seminaristas. Já fui ordenado." Na realidade, a condição sacerdotal não é um “bem” adquirido de uma vez por todas. E os sacerdotes – sublinhou o cardeal no seu pronunciamento – têm necessidade de continuar a ser formados precisamente na sua condição de ministros ordenados: “Precisamente porque somos ordenados ao serviço de Deus e da Igreja, temos necessidade de ser continuamente formados. Acredito que esta humildade ajudará os ministros ordenados a recuperar novas energias e a evitar um falso sentimento de superioridade e de “direitos adquiridos”. Também a Igreja receberá o serviço de qualidade que merece”.

A este respeito, o cardeal filipino retomou as palavras de São Paulo aos sacerdotes de Éfeso, relatadas nos Atos dos Apóstolos: "Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas...". Para não tornarem-se como "lobos" - comentou o cardeal Tagle - “os pastores devem cuidar de si mesmos ou cuidar de si e da própria fé. Trata-se de uma formação permanente."

No seu pronunciamento, o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização também fez referências a algumas urgências que só podem ser enfrentadas de forma eficaz com percursos de formação permanente dos sacerdotes. Fenômenos como a “tendência a absolutizar e glorificar a própria cultura, com a consequência de serem hostis e até mesmo violentos para com aqueles que pertencem a outras culturas. Infelizmente -  observou o cardeal Tagle - vemos este comportamento em alguns ministros ordenados que rejeitam bispos, colegas sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, apenas porque provêm de um grupo étnico ou estrato social diferente”. Um “contra-testemunho do Evangelho e um escândalo para um mundo em busca da unidade”, que deixa clara a urgência da formação permanente para ajudar os ministros ordenados a reconhecer que, como ensinou São Paulo na Carta aos Gálatas, “já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus." “Temos necessidade de formação e conversão contínuas - sublinhou o purpurado filipino - para nos tornarmos agentes credíveis e eficazes de comunhão entre pessoas culturalmente diferentes”.

Muitos ministros ordenados – sublinhou o pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização – vivem o seu ministério “perto das pessoas que sofrem, especialmente das vítimas de preconceito, discriminação, guerras, tráfico de pessoas e refugiados”. Muitos deles, na situação em que se encontram, vivenciam eles próprios a perda de familiares devido aos conflitos armados. Alguns tornaram-se refugiados. Alguns ficaram traumatizados pela guerra e pela discriminação. Alguns carregam em seus corpos a memória viva da brutalidade humana.”

Também para eles, “a formação permanente deve abordar as feridas e a dor que poderiam facilmente levar a sentimentos de vingança, ao cinismo e ao ódio. Como podemos - perguntou-se o cardeal Tagle - ajudar os feridos a tornarem-se agentes de perdão e reconciliação quando as suas próprias feridas desejam vingar-se? São Paulo nos desafia quando diz: '"Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca... Como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entra­nhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência.”

O Simpósio Internacional para a Formação Permanente dos Sacerdotes, sobre o tema “Reaviva o dom de Deus que está em ti” (2 Tim 1,6), é promovido pelo Dicastério para o Clero, em colaboração com o Dicastério para a Evangelização, Seção para a primeira Evangelização e as novas Igrejas particulares, e o Dicastério para as Igrejas Orientais. Os trabalhos do Simpósio decorrem de 6 a 10 de fevereiro no Auditorium Conciliazione.

O trabalho da Conferência é inspirado num trecho da Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis:A beleza de ser discípulo hoje: uma formação única, integral, comunitária e missionária”. 

*Com Agência Fides

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06 fevereiro 2024, 14:22