Dom Diamantino Guapo Antunes, Bispo de Tete (Moçambique) Dom Diamantino Guapo Antunes, Bispo de Tete (Moçambique) 

Moçambique. Concluída fase diocesana do processo de beatificação dos Mártires de Chapotera

No dia 12 de agosto, no Santuário Diocesano do Zobuè, Diocese de Tete (Moçambique) realizou-se a cerimónia de conclusão da fase diocesana do processo de beatificação e canonização dos Servos de Deus, Padres João de Deus Kamtedza e Sílvio Alves Moreira, Mártires de Chapotera.

Padre Bernardo Suate – Cidade do Vaticano

O processo tinha iniciado no dia 20 de novembro de 2021 com o juramento dos membros da Comissão de inquérito nomeada pelo Bispo de Tete, Dom Diamantino Guapo Antunes. Esta Comissão de janeiro de 2022 a junho de 2023 interrogou as testemunhas que conheceram os Servos de Deus durante a sua vida e têm informações sobre o seu martírio e fama de martírio.

Dossier entregue à Nunciatura Apostólica

 

Terminada a recolha de todos os testemunhos, incluindo a documentação arquivística, foi preparado um dossier bem documentado sobre a vida e o martírio dos dois Servos de Deus, 1.500 páginas, o qual foi entregue pelo Bispo de Tete em caixas sigiladas ao responsável da Nunciatura Apostólica em Moçambique, Mons. Paul Anthony, o qual as fará chegar ao Dicastério das Causas dos Santos em Roma.

Dossier entregue na Nunciatura
Dossier entregue na Nunciatura

Os Servos de Deus Padre João de Deus Kamtedza e Sílvio Alves Moreira, como sublinhou Dom Diamantino Guapo Antunes, na sua homilia na Missa de encerramento do processo diocesano, foram bons pastores, sofreram com o seu povo, procuraram sempre a paz e a reconciliação. Puseram ao serviço de Deus e dos homens as suas qualidades humanas espirituais, vivendo o seu ideal missionário. Foram assassinados no dia 30 de outubro de 1985, próximo da residência missionária de Chapotera, Missão de Lifidzi, na Angónia. Os corpos foram encontrados no dia 4 de novembro, tendo sido enterrados no cemitério de Vila Ulongwe nesse dia.

Padre Kamtedza, acolhedor e grande apóstolo

 

O Padre João de Deus Gonçalves Kamtedza, filho de pai português e mãe moçambicana, nasceu na Angónia, Província de Tete (Moçambique) a 8 de março de 1930. Entrou no Seminário dos Jesuítas em 1948 e professou os votos religiosos em 1953 em Braga. Foi ordenado sacerdote na Missão de Lifidzi a 15 de agosto de 1964. Entregou-se de alma inteira à missionação do seu povo, primeiramente e durante muitos anos na Missão de Msaladzi, depois na Missão da Fonte Boa e em Satémwa. Era um homem dinâmico, inteligente, sábio, acolhedor, destemido, alegre, comunicativo e grande apóstolo. Amava o seu povo, a sua cultura e a sua língua. Nos finais de 1983, o Padre João de Deus Kamtedza foi transferido para Chapotera para evangelizar e assistir pastoralmente as missões de Lifidzi e Chabwalo.

Celebração com fiéis na Diocese de Tete
Celebração com fiéis na Diocese de Tete

Padre Sílvio Moreira, corajoso e vivendo com alegria os riscos da missão

 

O Padre Sílvio Alves Moreira nasceu em Rio Meão-Vila da Feira (Portugal) no dia 16 de abril de 1941. Entrou no Seminário dos Jesuítas em 1952 e professou os votos religiosos em 1959. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica de Lisboa entre 1968 e 1972.  Foi ordenado sacerdote na Covilhã (Portugal) a 30 de julho de 1972. Iniciou o trabalho missionário na diocese de Tete, no Seminário do Zobuè e posteriormente na Paróquia de Matundo. Em 1981, é transferido para Maputo trabalhando sobretudo na Paróquia do Amparo, na Matola. Em setembro de 1984 regressou à diocese de Tete, sendo colocado em Satemwa, Missão de Fonte Boa, e depois em Chapotera, Missão de Lifidzi. O Padre Sílvio era um homem livre, inteligente, corajoso, empreendedor, vivendo com entusiasmo e alegria, as cruezas e riscos que a vida missionária traz consigo.

Na cerimónia de conclusão da fase diocesana do processo de beatificação e canonização participaram muitas centenas de católicos oriundos de todas as paróquias da diocese de Tete que participaram na peregrinação diocesana ao Zobuè.

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16 agosto 2023, 10:06