Papa recebe presidente em exercício da Bósnia-Herzegovina

Željko Komšić encontrou Francisco e na sequência o secretário para as Relações com os Estados, o arcebispo Paul Gallagher. Esta é a segunda audiência após a de fevereiro de 2020

Alessandro Di Bussolo e Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano

A situação na região dos Bálcãs e as relações bilaterais estiveram no centro das conversações entre o Papa Francisco e o presidente em exercício da Presidência colegiada da Bósnia-Herzegovina, recebido em audiência no Vaticano na manhã desta segunda-feira, 17.

Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, após a audiência com o Pontífice, o Sr. Željko Komšić encontrou-se na Secretaria de Estado com o secretário para as Relações com os Estados, arcebispo Paul Richard Gallagher, ocasião em que foi manifestado "o apreço pelas boas relações bilaterais existentes, sendo tratadas as prioridades da Presidência colegiada.”

Também o foco do colóquio a realidade interna do país, sendo reiterada a necessidade de promover a igualdade jurídico-social de todos os cidadãos pertencentes a cada povo constituinte. Por fim, foram abordadas algumas questões regionais, entre as quais a situação nos países dos Bálcãs Ocidentais e a ampliação da União Europeia".

Encontro precedente em 15 de fevereiro de 2020

 

Esta foi o segundo encontro oficial de Željko Komšić com o Papa Francisco, depois daquele realizado em 15 de fevereiro de 2020, quando foi enfatizado que o Vaticano continuaria a apoiar a Bósnia-Herzegovina como um Estado multiétnico, em seu caminho para a “A integração euro-atlântica. Também foi enfatizada na ocasião “a necessidade de garantir o pleno respeito pelos direitos de todos os cidadãos e a igualdade efetiva dos três povos constituintes, sérvio, bósnio e croata, bem como suas confissões religiosas”.

Já em 25 de outubro de 2007, Komšić - na época com 57 anos e também membro croata da presidência da Bósnia-Herzegovina – encontrou-se no Vaticano com o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, para a troca dos instrumentos de ratificação do Acordo base entre o país balcânico e a Santa Sé.

A situação atual do país

 

No contexto internacional, a Bósnia-Herzegovina continua a olhar com atenção para o caminho da adesão à União Europeia, ainda que as negociações terão início somente após serem alcançadas as prioridades previstas pela Comissão da UE desde 2019, especificamente em termos de democracia e respeito pelos direitos humanos e das minorias. Um objetivo que ainda se depara com dificuldades, à luz da atual situação no país, onde as reivindicações nacionalistas do lado sérvio se fazem sentir novamente trinta anos após o fim da guerra nos Balcãs.

Graves atos de intimidação e incidentes ocorreram nos últimos dias em detrimento da população bósnia. Em Brcko foi vandalizado o graffiti em memória das vítimas do genocídio de Srebrenica, seguido por uma firme condenação da União Europeia, para a qual "os crimes de guerra não podem ser glorificados, nem podem ser feitas declarações explosivas que semeiam ódio. Uma situação complexa, portanto, para a qual também a Igreja local invocou a prudência.

A eleição de outubro de 2022

 

Importantes para o país neste ano de 2022 serão as eleições em outubro, quando haverá a renovação da presidência tripartida, do parlamento central de Sarajevo e de duas entidades: a Federação da Bósnia-Herzegovina (entidade croata-muçulmana) e a República de Srpska (entidade sérvia). Mas quer o presidente da entidade sérvia Milorad Dodik, como muitos expoentes croata-bósnios, pedem antes de tudo uma reforma eleitoral.

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17 janeiro 2022, 12:12