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Igreja, casa que acolhe a todos

“A Igreja não é só dos puros, daqueles que são totalmente coerentes, e os outros devem ser afastados. A Igreja é santa, não rejeita os pecadores; não afasta nenhum de nós, porque chama e acolhe a todos, está aberta também aos distantes, chama todos a deixar-se abraçar pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de O encontrar, de caminhar rumo à santidade” (Papa Francisco)

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“A comunidade cristã é a casa daqueles que acreditam em Jesus como a fonte da fraternidade entre todos os homens. A Igreja caminha no meio dos povos, na história dos homens e das mulheres, dos pais e das mães, dos filhos e das filhas: esta é a história que conta para o Senhor”, disse o Papa Francisco na Audiência Geral de 9 de setembro de 2015.  

“Nos Evangelhos – observou - a assembleia de Jesus tem a forma de uma família, e de uma família hospitaleira, não de uma seita exclusiva, fechada: nela encontramos Pedro e João, mas também o faminto e o sedento, o estrangeiro e o perseguido, a pecadora e o publicano, os fariseus e as multidões. E Jesus não cessa de acolher e falar com todos, até com quantos já não esperam encontrar Deus na sua vida. É uma lição forte para a Igreja! Os próprios discípulos são eleitos para cuidar desta assembleia, desta família dos hóspedes de Deus.”

Dando sequência a sua série de reflexões sobre a Igreja, padre Gerson Schmidt* inspira-se no Papa Francisco para nos falar hoje sobre “Igreja, casa que acolhe a todos”:

"Já em alguns programas da Memória Histórica do Concílio, estamos aprofundando a imagem da Igreja como casa, baseada na Constituição Dogmática sobre a Igreja. A Lumen Gentium, no número 06, aponta a imagem da Igreja como uma casa e uma família. O Papa Francisco, em seu primeiro livro “A Igreja da Misericórdia”, apresenta alguns títulos utilizando-se dessa expressão da Igreja como casa. Apresenta nesse livro, que não é um documento oficial, outro título se referindo a Igreja como “Casa que acolhe a todos”. Neste ponto, nosso Papa reflete o acréscimo no Credo, além da Igreja Una, que viva a comunhão, o adjetivo da Igreja ser “santa”. Igreja Una e santa. É santa porque Jesus Cristo, o Santo de Deus, se une a ela de modo indissolúvel. Não é santa pelos nossos méritos, mas porque Deus a torna santa. Nesse livro o Papa diz: “A Igreja não é só dos puros, daqueles que são totalmente coerentes, e os outros devem ser afastados. A Igreja é santa, não rejeita os pecadores; não afasta nenhum de nós, porque chama e acolhe a todos, está aberta também aos distantes, chama todos a deixar-se abraçar pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de O encontrar, de caminhar rumo à santidade”[1].

 

Por ser justamente santa, a Igreja é uma casa de misericórdia que acolhe os pecadores. Ser pecadora não é uma nota ou propriedade da Igreja. A nota da Igreja é ser santa. Pecadores são os membros da Igreja, como um acidente de percurso, pois todos somos chamados à santidade, embora não o sejamos no percurso que fazemos. O Papa continua assim no seu primeiro livro escrito antes de suas encíclicas: “Todos trazemos em nós os nossos pecados. (...) Na Igreja, o Deus que encontramos não é um juiz cruel, mas é como o pai da parábola evangélica. Podes ser como o filho que deixou a casa, que esteve mais distante de Deus. Quanto tiver a força de dizer: quero voltar para casa, encontrará a porta aberta, Deus vem ao teu encontro porque te espera sempre; Deus te espera sempre, Deus te abraça, beija-te e faz festa. Assim é o Senhor, essa é a ternura do nosso Pai Celeste. O Senhor quer que façamos parte de uma Igreja que sabe abrir os braços para abraçar a todos, que não é a casa de poucos, mas de todos, onde todos possam ser renovados, transformados e santificados pelo amor: os mais fortes e os mais fracos, os pecadores, os indiferentes, os que se sentem desanimados e perdidos”.

Na Carta Encíclica Evangelii Gaudium, Papa Francisco escreve sobre a paróquia, como uma estrutura que não caducou, mas que sempre deve ser uma casa acolhedora. Diz assim o Papa: “A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser «a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas». Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário. Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fruto, tornando-as ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-as completamente para a missão”. 

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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[1] PAPA FANCISCO, a Igreja da Misericórdia – Minha visão para a Igreja, Editora Schwacz, SP, p. 31. 

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12 janeiro 2022, 08:02