Esta terra tem como nome liberdade, diz Papa no discurso às autoridades

Na manhã desta quinta-feira o Papa encontrou-se com as autoridades, com a sociedade civil e o Corpo Diplomático, em seu primeiro compromisso em terras tailandesas. Em seu discurso, Francisco abordou três temas importantes, não somente para Tailândia, mas também para toda a comunidade internacional: desenvolvimento, diálogo e imigração.

Pe Arnaldo Rodrigues - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco ao chegar no Palácio do Governo, foi recebido pelo primeiro ministro, o general Prayuth Chan-ocha.  Os dois posaram para a foto oficial e foram para antecâmara, onde o Pontífice assinou o Livro de Honra. Houve a troca de presentes e o primeiro ministro apresentou a sua esposa. Após um encontro privado, o Papa e o primeiro ministro foram para a Sala Inner Santi Maitri, onde encontraram as autoridades, membros do corpo diplomático e demais membros da sociedade.

Após a saudação do primeiro ministro, o Santo Padre agradeceu a oportunidade de visitar uma terra que é “detentora de tantas maravilhas naturais e sobretudo guardiã de antigas tradições espirituais e culturais”. E desejou maiores venturas as autoridades presentes após as recentes eleições que marcaram “o regresso à normalidade do processo democrático”.

O discurso de Papa Francisco abordou três temas importantes, que pode ser dirigido não somente a Tailândia, mas também a toda a comunidade internacional: desenvolvimento, diálogo e imigração.  

Desenvolvimento

 

Papa Francisco recordou que a Tailândia concluirá o seu período de presidência da ASEAN (Association of South East Asian Nations), uma organização criada com a responsabilidade de contribuir o desenvolvimento econômico, social e cultural dos países do Sudeste Asiático. Recordou o grande empenho que a Tailândia  teve com os problemas que enfrentam os povos de “toda a regiões do sudeste asiático e de seu interesse constante em promover a cooperação politica, econômica e cultural da região”.

 

“Com o firme propósito de abordar tudo aquilo que ignore o grito de tantos nossos irmãos e irmãs que anelam por ser libertados do jugo da pobreza, da violência e da injustiça. Esta terra tem como nome «liberdade». Sabemos que esta só é possível se formos capazes de nos sentir corresponsáveis uns pelos outros e superar toda e qualquer forma de desigualdade. Por isso, é necessário trabalhar para que as pessoas e as comunidades possam ter acesso à educação, a um trabalho digno, à assistência sanitária, e assim alcançar os níveis mínimos indispensáveis de sustentabilidade que tornem possível um desenvolvimento humano integral.

Diálogo

 

Há muito que a Tailândia, como nação multicultural e caraterizada pela diversidade, reconhece a importância de construir a harmonia e a convivência pacífica entre os seus numerosos grupos étnicos, mostrando respeito e apreço pelas diferentes culturas, grupos religiosos, filosofias e ideias. A época atual está marcada pela globalização, considerada com demasiada frequência em termos estritamente económico-financeiros e propensa a cancelar as notas essenciais que configuram e geram a beleza e a alma dos nossos povos; ao contrário, a experiência concreta duma unidade que respeite e salvaguarde as diferenças serve de inspiração e incentivo para quantos têm a peito o mundo tal como o desejamos legar às gerações futuras.

O Papa parabenizou a iniciativa de criar a “Comissão Ético-Social”, que convidou religiões tradicionais do país, “a fim de acolher as suas contribuições e manter viva a memoria espiritual” do povo. E para reafirmar a importância de promover o dialogo inter-religioso e a amizade, encontrará com o Supremo Patriarca Budista Somdej Phra Maha Muneewong, conhecido também como Umporn Umpa-row.

“Desejo assegurar-vos pessoalmente todos os esforços da pequena mas vivaz comunidade católica, para manter e promover as caraterísticas tão peculiares dos tailandeses, evocadas no vosso Hino Nacional: pacíficos e carinhosos, mas não covardes.”

Imigração

 

Sobre a imigração, o Papa Francisco destacou o quanto a Tailândia também precisou enfrentar este desafio. “Não se pode ignorar a crise migratória. A própria Tailândia, conhecida pela hospitalidade que tem oferecido aos migrantes e refugiados, viu-se perante esta crise devido à fuga trágica de refugiados dos países vizinhos. Almejo – uma vez mais o digo – que a comunidade internacional atue com responsabilidade e clarividência, possa resolver os problemas que levam a este êxodo trágico e promova uma migração segura, ordenada e regulamentada. Oxalá cada nação desenvolva mecanismos eficazes para proteger a dignidade e os direitos dos migrantes e refugiados, que enfrentam perigos, incertezas e exploração na sua busca da liberdade e duma vida digna para as suas famílias. Não se trata apenas de migrantes, trata-se também da fisionomia que queremos dar às nossas sociedades”.

Ainda sobre a questão da imigração, ressaltou sua preocupação principal com as mulheres e as crianças, “particularmente feridas, violentadas e expostas a todas as formas de exploração, escravidão, violência e abuso". O Papa agradeceu ao Governo Tailandês todos os esforços “para extirpar este flagelo, bem como a todas as pessoas e organizações que trabalham incansavelmente para erradicar este mal e proporcionar um caminho de dignidade”.

Ao recordar o trigésimo aniversário da Convenção sobre os Direitos da Infância e da Adolescência, disse que somos convidados a “refletir e trabalhar, com determinação, perseverança e rapidez, para proteger o bem-estar das nossas crianças, o seu desenvolvimento social e intelectual, o acesso à educação, bem como o seu crescimento físico, psicológico e espiritual”.

Por fim o Santo Padre chamou a todos de “artesãos da hospitalidade”, pois segundo ele, somos todos responsáveis de cuidar do desenvolvimento integral dos povos, onde no seio duma família humana nos empenhemos a viver na “justiça, solidariedade e harmonia fraterna”. 

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21 novembro 2019, 03:48