Papa: sair da hipocrisia para combater o tráfico humano Papa: sair da hipocrisia para combater o tráfico humano 

Papa: sair da hipocrisia para combater o tráfico humano

Francisco condenou a hipocrisia que alimenta a demanda e a oferta da cadeia de consumo do tráfico humano.

Cidade do Vaticano –

O Papa Francisco concluiu sua série de audiências recebendo uma delegação dos organizadores do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico Humano, celebrado em 8 de fevereiro, memória litúrgica de Santa Josefina Bakhita.

Tratou-se de uma audiência inusual, com perguntas e respostas de jovens migrantes e italianos que participaram da celebração e as respostas do Santo Padre. O grupo foi guiado pela Ir. Gabriella Bottani, coordenadora internacional de Talitha Kum, a rede de religiosas contra o tráfico.

Entre os temas propostos pelos jovens, estavam o silêncio que envolve o tráfico humano, o potencial da juventude para combater este fenômeno e a representatividade dos jovens de periferia no próximo Sínodo de outubro.

Silêncio

Por serem mais livres de preconceitos, o Papa encorajou os jovens a denunciarem este crime, que mais uma vez definiu como “crime contra a humanidade”. “Os jovens têm uma posição privilegiada para encontrar os sobreviventes do tráfico de seres humanos. Vocês devem ir a suas paróquias, a uma associação perto de casa, encontrem as pessoas, ouçam”, exortou o Pontífice, acrescentando que desta escuta podem nascer uma resposta e um empenho concreto por parte dos jovens.

Já o papel da Igreja é justamente promover e criar espaços de encontro, “por este motivo pedi às paróquias que abrissem ao acolhimento.  É preciso reconhecer o grande empenho em resposta ao meu apelo, obrigado!”, agradeceu o Papa.

Redes sociais

Francisco recordou que também as redes sociais representam uma oportunidade de encontro, mas ao mesmo tempo é preciso estar atento aos riscos que comportam, como por exemplo acabar preda do tráfico justamente na internet.

A chave para sobreviver às insídias desta chaga está na educação, “instrumento de proteção que ajuda a identificar os perigos e fugir das ilusões”. Nesse sentido, acrescentou o Papa, além da educação o desenvolvimento humano integral representa o antídoto à vulnerabilidade e ao tráfico.

É a cultura do descarte, recordou o Santo Padre, que está na base de comportamentos que, no mercado e no mundo globalizado, levam à exploração dos seres humanos. Francisco alertou também para a política de alguns Estados que, em nível internacional, nem sempre é coerente com as escolhas internas.

Demanda e oferta

“A consciência real sobre o tema  atrai a atenção para ‘a demanda do tráfico’ que é responsável pela oferta – a cadeia do consumo. Somos todos convidados a sair da hipocrisia e enfrentar a ideia de ser parte do problema.”

Sínodo

A última pergunta foi em relação ao Sínodo dos jovens. O Papa manifestou seu desejo de que as testemunhas reais do tráfico possam encontrar no Sínodo um lugar para expressar a si mesmas. “É meu grande desejo que jovens representantes das periferias sejam protagonistas deste Sínodo. Faço votos que vejam o Sínodo como local para lançar uma mensagem aos governantes”, disse Francisco, que pediu ainda que o encontro do bispos seja uma plataforma para uma mobilização juvenil mundial para construir uma casa comum inclusiva e acolhedora. A Igreja, ressaltou, deve ser “uma rede de salvação”.

O Pontífice concluiu citando Santa Josefina Bakhita: “Esta grande sudanesa è também hoje testemunha exemplar de esperança para as numerosas vítimas da escravidão. Possa ela nos inspirar a realizar gestos de fraterniade, a deixar-nos interpelar e convidar ao encontro.

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12 fevereiro 2018, 11:57