O conflito no Tigray, está tornando impossível a ajuda à região, pois o cessar-fogo declarado em março deste ano é muito frágil O conflito no Tigray, está tornando impossível a ajuda à região, pois o cessar-fogo declarado em março deste ano é muito frágil 

Etiópia: ajuda humanitária bloqueada no Tigray, enquanto bombardeios se intensificam

Confrontos no norte da Etiópia, onde um conflito entre a Frente de Libertação do Povo Tigray (Tplf) e o governo de Adis Abeba tem se arrastado desde novembro de 2020, agravam ainda mais a crise humanitária que assola o país do Chifre da África.

"Os bombardeios que continuam a atingir o norte da Etiópia estão ficando cada vez mais intensos, estão aniquilando a população civil. Não conseguimos obter dados sobre o número exato de mortos e feridos devido ao bloqueio das comunicações, mas sabemos que muitas localidades são atingidas”.

O comunicado foi divulgado à Agência Fides por uma fonte da Igreja Católica etíope que pediu anonimato por motivos de segurança. "A situação é dramática: é um ataque sem precedentes, além disso, há três anos o Tigray está sem remédios, comida... as escolas estão fechadas".

“Há oito meses não se tem notícias do bispo da Eparquia Católica de Adigrat, Tesfaselassie Medhin. Sabemos que Adigrat foi bombardeada nos últimos dias pelos eritreus, assim como outros povoados na área de Irob: Alitena, Dawan, Agarale. Há entre 70 e 80 religiosos católicos e cerca de 30 freiras das quais nada sabemos e com as quais não podemos contatar”.

"Dom Medhin é diabético, não sabemos se ele tem remédios ou está sendo tratado apenas com a medicina tradicional. Até há pouco tempo, ele havia lançado apelos com pedidos de ajuda para a terrível situação humanitária da população, mas as suas cartas foram ignoradas, sem qualquer resposta, como se estivesse clamando no deserto".

 

De acordo com informações obtidas diretamente pela Agência Fides, muitas armas chegaram à Etiópia antes do ataque da Turquia, China, Irã, Rússia e Arábia, e sabemos que cerca de 10 divisões eritreias estão atacando”.

Também o secretário das Nações Unidas, Antonio Guterres, expressou profunda preocupação pelas notícias de que bombardeios indiscriminados estão causando muitas vítimas no norte da Etiópia. A USAID classificou o conflito de Tigray como um dos lugares mais perigosos do mundo para os trabalhadores humanitários, e a União Européia também denunciou o bloqueio total da ajuda humanitária.

Ao falar com os jornalistas no voo que o trouxe de volta a Roma vindo do Afeganistão, o Papa Francisco recordou os tantos conflitos em andamento no mundo:

Porque hoje todos falam de paz: há tantos anos, há setenta anos as Nações Unidas falam de paz, fazem tantos discursos sobre a paz. Mas quantas guerras estão acontecendo neste momento? A que o senhor mencionou, Ucrânia-Rússia, agora Azerbaijão e Armênia, que parou um pouco porque a Rússia saiu como garante, garante da paz aqui e faz guerra lá... Depois há a Síria, dez anos de guerra, o que está acontecendo lá que não para a guerra? Que interesses movem estas coisas? Depois há o Chifre da África, depois o norte de Moçambique ou a Eritréia e uma parte da Etiópia, depois Myanmar com este povo sofredor que tanto amo, o povo Rohingya que gira, gira e gira como um cigano e não encontra paz. Mas estamos em uma guerra mundial...".

*Com Agência Fides

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03 outubro 2022, 13:06