Manifestações no Irã Manifestações no Irã 

Irã-EUA: a importância da diplomacia internacional para diminuir a tensão

A tensão entre os Estados Unidos e o Irã continua alta após o assassinato do general Soleimani no ataque estadunidense no Iraque na última sexta-feira. O Irã pede vingança e a retirada dos EUA da região, mas o presidente Trump defende o ataque para a segurança estadunidense. A importância da diplomacia na tentativa de baixar a tensão.

Elvira Ragosta, Silvonei José - Cidade do Vaticano

No Irã, mais uma grande manifestação por ocasião das celebrações da morte de Qassem Soleimani. Nesta terça-feira, durante a cerimônia de sepultura em Kerman, mais de trinta pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no meio da multidão devida ao empurra-empurra. Enquanto o Presidente Trump continua a defender o ataque aéreo que matou o general iraniano, afirmando em entrevista que a ação militar tornou os EUA "muito mais seguros", do lado iraniano o Parlamento chamou todas as forças armadas estadunidenses de "terroristas" e destinou cerca de 200 milhões de euros para apoiar as forças Qods, das quais o General Soleimani estava no comando.

Sako: "a região é um vulcão"

"A sabedoria é necessária para evitar que o vulcão entre em erupção": foi o que disse o patriarca caldeu de Bagdá, o cardeal Louis Raphael Sako, durante a Missa da Epifania celebrada nesta segunda-feira na Catedral de São José, em Bagdá. De acordo com informações da agência Sir, o cardeal dirigiu-se a "pessoas sábias ao redor do mundo para que evitem esta erupção, já que pessoas inocentes serão o combustível deste fogo". O Patriarca também fez um apelo premente à oração aos cristãos e muçulmanos "para que os responsáveis pelas decisões ajam com sabedoria e avaliem cuidadosamente as consequências das suas estratégias".

A importância dos diferentes atores neste cenário

Entretanto, a diplomacia continua trabalhando: uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas está marcada para 9 de Janeiro, enquanto a Europa se reúne no dia seguinte para um Conselho extraordinário de Ministros do Exterior dos países membros. É precisamente nestas situações de extrema crise que a diplomacia pode e deve agir, trabalhando em vários níveis, segundo o professor Riccardo Redaelli, docente de Geopolítica da Universidade Católica de Milão: "Em um primeiro nível a curto prazo - disse ele -, é preciso tentar evitar um aumento da crise com reações e contra-reações; em um nível a longo prazo, em vez disso, a necessidade é levar as relações entre o Irã e os EUA, que agora estão no seu ponto mais baixo, para um caminho mais sensato". Embora seja difícil que um único fator ajude no caminho das negociações, a Europa, segundo Redaelli, poderia desempenhar um papel mais ativo, enquanto em relação aos outros atores internacionais: "em nível regional, os principais atores, especialmente Israel e Arábia Saudita, estão soprando no fogo, enquanto em um nível mais amplo a Rússia e a China poderiam desempenhar um papel mais ativo, mas por várias razões ambos neste momento estão desempenhando um papel de espera".

 

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07 janeiro 2020, 16:35