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UNICEF: no Afeganistão 9 crianças mortas ou mutiladas por dia

Em um novo relatório apresentado nesta terça-feira (17), o UNICEF recorda que a guerra no Afeganistão, que iniciou há 40 anos, causa um impacto devastador para as crianças. As partes em conflito não cumpriram seu dever de protegê-las das consequências da guerra

Cidade do Vaticano

Segundo o relatório “Preservar a esperança no Afeganistão: Proteger as crianças no conflito mais letal do mundo”, apresentado nesta terça-feira (17), o UNICEF recorda que a guerra no Afeganistão, que iniciou há 40 anos, causa um impacto devastador para as crianças. Nos primeiros 9 meses de 2019, todos os dias são mutiladas em média 9 crianças, um aumento de 11% em relação ao ano de 2018, principalmente causado pelo incremento dos atentados suicidas e combates em linha dianteira entre forças pró e contrárias ao governo.

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Entre 2009 e 2018, cerca de 6.500 crianças foram mortas e outras 15 mil ficaram feridas, fazendo com que o Afeganistão se tornasse uma das zonas de guerra mais letais do mundo. Segundo o UNICEF, além dos impactos diretos das violências, as vidas das crianças foram marcadas também pelos efeitos da soma de desastres naturais, pobreza e subdesenvolvimento.

Reforçar a coragem e resiliência

“Mesmo para os standards do Afeganistão, o ano de 2019 foi particularmente letal para as crianças”, declarou a Diretora Geral do UNICEF Henrietta Fore. “As crianças, suas famílias e comunidades sofrem as terríveis consequências do conflito todos os dias. Aquelas crianças querem crescer, ir à escola, aprender um ofício, construir-se um futuro. Podemos e devemos, fazer muito mais para reforçar a extraordinária coragem e resiliência deles”.

Mais informações do relatório

Atualmente no Afeganistão, 3,8 milhões de crianças precisam de assistência humanitária; de cada três jovens uma se casa antes dos 18 anos; 3,7 milhões de crianças em idade escolar não frequentam a escola; 600 mil crianças com menos de 5 anos são gravemente desnutridas; e 30% das crianças está envolvida em trabalho infantil.

Também deve ser destacado que 400 mil jovens afegãos entram no mercado todos os anos, mas muitos não têm competência profissional necessária para encontrar trabalho e meios de subsistência.

Os jovens devem encontrar o futuro no país

“Os jovens afegãos devem saber que suas perspectivas de trabalho não se devem limitar a se unir a um grupo armado ou abandonar o país para encontrar trabalho em outro lugar”, declarou Aboubacar Kampo, representante UNICEF no Afeganistão. “Com o apoio adequado, podem começar a se livrar do ciclo de violência e subdesenvolvimento e criar um futuro melhor para si mesmos e o Afeganistão”.

O UNICEF está trabalhando com as autoridades e as comunidades locais para enfrentar uma série de normas sociais negativas. As jovens por exemplo, correm o risco do crime de honra, abusos domésticos e violência sexual.

Sem acesso à água potável

O UNICEF está utilizando cada vez mais sistemas hídricos sustentáveis alimentados por gravidade e energia solar para ajudar os 2,8 milhões de afegãos atingidos pela grave seca do ano passado. Mas, apensar disso, apenas 64% da população tem acesso à água potável, protegida de contaminações externas.

Todas as partes em conflito devem respeitar suas obrigações segundo o direito internacional humanitário e os direitos humanos, que obrigam os países a proteger suas crianças, pôr fim aos ataques contra escolas e centros de saúde e permitir o acesso à assistência humanitária.

Doações

Para tudo isso o sustento dos doadores é fundamental: o UNICEF precisa de 323 milhões de dólares para apoiar as operações no Afeganistão em 2020, dos quais 75% ainda não foi financiado.

 

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17 dezembro 2019, 11:33