Inundações no Paquistão: apelo da Igreja por ajuda internacional

Mais de 33 milhões de pessoas - uma em cada sete paquistanesas - foram afetadas pelo que o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif chamou de "as piores enchentes da história do Paquistão".
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"Pedimos à comunidade internacional para ajudar com urgência o Paquistão, que foi atingido por inundações que trouxeram destruição em grande escala. Mesmo apreciando os esforços das instituições governamentais, do Exército do Paquistão, das diversas organizações religiosas e de todas as pessoas de boa vontade, é necessário um amplo apoio para enfrentar a emergência e reabilitar as vítimas deste desastre natural". Foi o que afirmou à Agência Fides o bispo de Islamabad-Rawalpindi e presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, Dom Joseph Arshad, no contexto da luta pela qual passa o país contra as desastrosas consequências das cheias que deixaram um terço do país submerso.

 

“Estamos trabalhando duro pela assistência humanitária. Milhares de pessoas vulneráveis ​​- observa o prelado - estão deslocadas, em estado de indigência e procuram ajuda para a sua sobrevivência. As inundações devastadoras, que afetaram particularmente as províncias do Baluchistão, Khyber Pakhtunkhwa (KP) e Sindh, causaram graves danos com perda de vidas, sofrimento, perda de casas e meios de subsistência. Muitas pessoas estão desesperadas."

“O país, todos os líderes políticos e religiosos, instituições governamentais e sociais - observou o prelado - estão dando o seu melhor, mostrando um esforço de unidade, mas devemos agir rapidamente e qualquer tipo de ajuda da comunidade internacional é bem-vinda. Não nos deixem sozinhos nesta hora de dor e necessidade”.

O arcebispo Arshad agradece ao Papa Francisco que rezou e expressou proximidade e solidariedade ao povo do Paquistão e convida as instituições internacionais a financiar iniciativas e programas de cooperação para ajudar o Paquistão.

“Que o Senhor abençoe a todos os que, em todos os cantos do mundo, prestam socorro às vítimas desta calamidade, mostrando amor e solidariedade aos desamparados, marginalizados e deslocados”, conclui.

Em resposta aos apelos oriundos do Paquistão, especialmente por alojamento, segurança alimentar, água, serviços higiênico-familiares, a serem destinados a mais de 222.000 pessoas deslocadas em campos e assentamentos temporários, a Agência das Nações Unidas para Refugiados, a Organização Internacional para a Migração e a ONG nacional "Hands" entregarão 3.400 barracas ao país a partir de 13 de setembro. A ajuda humanitária também continua a vir do Crescente Vermelho, da Cruz Vermelha e da Caritas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou na sexta-feira, 9, uma visita de dois dias ao Paquistão, que as autoridades esperam fortalecer o apoio da comunidade internacional à crise humanitária causada pelas enchentes.

 

O governo paquistanês estima que serão necessários pelo menos US$ 10 bilhões para reparar e reconstruir a infraestrutura danificada ou destruída, uma quantia que é impossível para um país já altamente endividado levantar sozinho. Mas antes mesmo de pensar em reconstrução, a prioridade continua sendo alimentar e abrigar os milhões de paquistaneses deslocados pelas chuvas.

As chuvas das monções, que geralmente duram de junho a setembro, são essenciais para a irrigação das plantações e a reposição dos recursos hídricos no subcontinente indiano. Mas o Paquistão não via chuvas nesta intensidade e volume há pelo menos três décadas, o que causou inundações repentinas nos rios do norte montanhoso, que arrastaram estradas, pontes e edifícios em minutos, e um lento acúmulo de água nas planícies do sul, o que submergiu centenas de milhares de quilômetros quadrados de terra.

Centenas de acampamentos improvisados ​​surgiram nos poucos espaços ainda secos no sul e oeste do país. Estradas elevadas ou ferrovias são frequentemente os últimos lugares onde a água não chegou.

Com as pessoas amontoadas e com seu gado, as epidemias são temidas. Muitos casos de dengue, doença transmitida por mosquitos e sarna já foram detectados.

De acordo com os últimos números da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres (NDMA), as inundações mataram quase 1.400 pessoas desde junho. Quase 7.000 km de estradas foram destruídas, 246 pontes destruídas e 1,7 milhão de casas e empresas destruídas ou severamente danificadas.

Mais de 33 milhões de pessoas - uma em cada sete paquistanesas - foram afetadas naquelas que o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif definiu como "as piores enchentes da história do Paquistão".

Islamabad atribui as devastadoras inundações às mudanças climáticas, que estão aumentando a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos em todo o planeta.

Este ano, o país já enfrentou uma onda de calor que às vezes ultrapassou os 50°C, incêndios florestais devastadores e inundações devastadoras causadas pelo rápido derretimento das geleiras.

O Paquistão é responsável por menos de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas está na 8ª posição entre os países com maior risco de eventos climáticos extremos, segundo um estudo da ONG Germanwatch.

*Com informaçõe da Agência Fides e AFP

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10 setembro 2022, 07:02