Um menino experimenta uma espingarda Smith and Wesson calibre 12 enquanto as pessoas participam da convenção anual da National Rifle Association (NRA) em Houston, Texas, EUA, em 28 de maio de 2022. REUTERS/Shannon Stapleton Um menino experimenta uma espingarda Smith and Wesson calibre 12 enquanto as pessoas participam da convenção anual da National Rifle Association (NRA) em Houston, Texas, EUA, em 28 de maio de 2022. REUTERS/Shannon Stapleton 

Dom Jackels: “não somente o aborto, limitar as armas também é uma questão de vida”

O arcebispo de Dubuque, no Iowa, após os recentes massacres em Buffalo e Uvalde, enviou uma carta aos fiéis de sua diocese para convidar a uma mudança de perspectiva: "Alguns querem reparar o escândalo dos políticos católicos “pro-choice” recusando-lhes a Eucaristia. Em vez disso, é melhor colocar a Eucaristia nas mãos desses católicos na esperança de que um dia em breve eles ponham as mãos para trabalhar em defesa de toda a vida".

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

"Identificamos prontamente coisas como o aborto e a pena capital como questões da vida, que a doutrina católica indica como absolutamente errado em qualquer circunstância. Mas proteger a terra, a nossa casa comum, ou tornar acessível comida, água, abrigo, educação e saúde, ou defender-se da violência das armas... também são questões da vida”.

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Carta aos fiéis

 

Os recentes eventos sangrentos que mais uma vez chocaram os Estados Unidos - o massacre do supermercado Buffalo, onde um supremacista matou dez pessoas, e o massacre da escola primária de Uvalde, Texas – colocaram em ação as mãos de Dom Michael O. Jackels, arcebispo de Dubuque (EUA). O bispo - doutorado pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, colaborador nos anos 90 com Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé - enviou uma carta aos fiéis de sua diocese, em Iowa, intitulada "Reparar o escândalo pela cura da Eucaristia”. Uma carta de poucas linhas, porém suficiente para suscitar uma série de questionamentos e reflexões sobre o que realmente significa ser e chamar-se cristão no mundo de hoje.

Limites razoáveis ​​à posse de armas

 

Com as notícias sob os olhos e o Evangelho na mão, Jackels expressa antes de tudo sentimentos de "piedade por aqueles que fazem compras em Buffalo, pelos alunos do Texas, por suas famílias enlutadas e por todos aqueles que agora têm mais medo do que nunca de fazer essas simples coisas do dia a dia". Em seguida, afirma: "Perguntemo-nos quais são as razões para recusar limites razoáveis ​​à posse de armas, que se inspiram no bem comum e oferecem proteção contra o mal".

Questões que dizem respeito à vida

 

O prelado convida a uma mudança de perspectiva: não é somente o aborto e a pena de morte que são “questões da vida” segundo o ensinamento católico, mas também o é garantir a homens e mulheres aqueles que o Papa Francisco em mais de uma ocasião chamou de “direitos fundamentais”. Entre estes, "a defesa da violência das armas". “Estas também são questões que dizem respeito à vida”, escreve o prelado.

A cura pela Eucaristia

 

Recordando depois a questão discutida no ano passado pelo episcopado estadunidense, nomeadamente se conceder ou não acesso aos Sacramentos a políticos que promovem políticas a favor do aborto, Dom Jackels escreve: "Alguns querem reparar o escândalo dos políticos católicos ‘pro-choice’ recusando-lhes a Eucaristia. Mas esta é uma resposta errada por pelo menos duas razões”. A primeira, afirma, explica o próprio Jesus: "São os doentes que precisam de médico, não os sãos". Cristo "nos deu a Eucaristia como instrumento de cura", sublinha Jackels, "não devemos negar o remédio a quem dele precisa".

Depois, acrescenta, “para ser coerentes, para reparar o escândalo dos católicos que são indiferentes ou contrários a todas as outras questões da vida, deve-se negar-lhes também a Sagrada Comunhão”. Em vez disso, segundo o prelado, é "melhor colocar a Eucaristia nas mãos desses católicos na esperança de que um dia eles logo ponham as mãos para trabalhar em favor da vida, em defesa de toda a vida".

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28 maio 2022, 17:53