População busca abrigos em grutas na selva ou montam cabanas improvisadas População busca abrigos em grutas na selva ou montam cabanas improvisadas 

Mianmar: bispos pedem abertura de corredores humanitários para socorrer população

Com o recrudescimento dos conflitos e da repressão no país, a população busca refúgio em igrejas - que passaram a ser atingidas por fogo de artilharia do exército - e na selva. Os bispos recordam aos militares que "igrejas, pagodes, mosteiros, mesquitas, templos, escolas e hospitais são reconhecidos como locais neutros de refúgio durante um conflito" e pedem a abertura de corredores humanitários para levar alimentos aos refugiados.

Anna Poce – Vatican News

“Suplicamos que seja permitido ao corredor humanitário alcançar as massas famintas onde quer que estejam. Eles são nossos cidadãos e têm o direito fundamental à alimentação e segurança”.

A carta divulgada pelos bispos birmaneses na sexta-feira, 12 - com um apelo pela abertura de corredores humanitários para milhares de pessoas, especialmente idosos e crianças que passam fome na selva após fugirem de suas casas – é assinada pelo presidente do episcopado birmanês cardeal Charles Maung Bo, pelo secretário-geral, Dom John Saw Yaw Han, e por 11 outros bispos.

De acordo com o ACNUR, são mais de 175.000 as pessoas deslocadas nos Estados de Kachin, Karen, Chin, Kayah e Shan desde o golpe militar de 1º de fevereiro de 2021. Os mortos são pelo menos 860, a maioria manifestantes que protestavam contra o golpe.

 

Os prelados - recordando na mensagem como milhares de pessoas tenham buscado refúgio em igrejas e na selva e como três locais de culto na Diocese de Loikaw foram recentemente atacados - exortaram os militares a observar as normas internacionais, segundo os quais “igrejas, pagodes, mosteiros, mesquitas, templos, escolas e hospitais são reconhecidos como locais neutros de refúgio durante um conflito."

“Fazemos um apelo – escrevem os bispos - para que estes locais não sejam atacados e as pessoas que aí se refugiam sejam protegidas”.

Os bispos então exortaram as dioceses de todo o país a rezar pela nação dilacerada pelo conflito, a celebrar Missas, recitar o Rosário, realizar Adorações Eucarísticas diariamente, sozinhos ou em grupos.

 

“Ninguém – observam os prelados - ganhou uma guerra neste país. É nosso dever trabalhar pela paz. Mianmar merece fazer parte da comunidade das nações, colocando seu passado na história e investindo na paz. A dignidade humana é dada por Deus e nenhuma violência pode negar esta aspiração inerente às pessoas. Mas isso só pode ser alcançado por meios pacíficos. É a lição da história. A paz ainda é possível. A paz é o caminho".

O padre Aloysius Thet Htwe Aung, diretor da Caritas (Karuna) Loikaw, declarou à UCA News como se tornou mais difícil fornecer ajuda humanitária a pessoas deslocadas em meio a restrições e bloqueios de estradas. “As coisas estão piorando e estamos preocupados que os deslocados internos possam morrer de fome se a situação não melhorar”.

Neste contexto, os idosos, os doentes, as mulheres e as crianças fugiram dos povoados, refugiando-se no salão paroquial, no convento, na clínica e na velha igreja de Loikaw.

Vatican News Service - AP

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12 junho 2021, 18:27