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XXIII Domingo do Tempo Comum

Jesus veio até nós, nos explicou e ensinou de modo engrandecedor os mandamentos e nos deixou o grande testemunho de Amor, morrendo por nós na cruz, nos salvando, corrigindo em nós a culpa de Adão.

Padre César Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia deste domingo chama nossa atenção para a responsabilidade que temos junto aos nossos irmãos. Somos responsáveis na correção do irmão e também em colocar limites, quando necessários, àqueles que nos são confiados. Os pais e responsáveis que não sabem dizer não aos filhos, quando eles precisam desses limites, serão culpados pelo desvio comportamental dos mesmos agora e no futuro. Os pais e responsáveis não precisam ter formação necessária, já que no interior de cada ser humano existe o bom senso e a consciência do que é certo e do que é errado: faz o bem e evita o mal. Amar é também dizer não, quando necessário! 

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A primeira leitura da liturgia deste domingo, extraída do Livro de Ezequiel 33, 7-9, no mostra Deus estabelecendo o Profeta como sentinela, como aquele que está sempre atento ao agir de Israel: o profeta, que tem a missão de anunciar e denunciar,  deverá advertir, em nome do Senhor, aquele que o mesmo Senhor indicar para receber a correção; se por inúmeras questões o missionado não o fizer, o Senhor pedirá conta a ele; se o fizer e o ímpio, o desastrado, não se corrigir, este será punido, mas o profeta, o educador será preservado.

Logo, exercer a responsabilidade em relação à vida do outro, é também salvar a sua.

No Evangelho, tirado de Mateus 18, 15-20, Cristo nos manda corrigir o irmão que peca, nos manda ir até ele, até ao pecador. O Senhor nos dá até a pedagogia do perdão, ou se quisermos, o rito de procedimento para com o pecador. Em tudo lemos um grande amor por todos e se destaca a diferença entre irmão e pecador público ou pagão. Aquele que peca e que é objeto de nosso carinho corretivo, é tratado como irmão, mas o inveterado no erro é chamado de pagão, não é mais da família.

Vemos nessas leituras, o grande amor de Deus por seus filhos. Ele faz questão de que todos sejam salvos, isto é, que todos cheguem à maturidade e sejam livres de fato. Daí   a necessidade da correção, dos limites, do saber dizer não e do amor do formador que se abnega de ser simpático e “bonzinho” e aceita ser severo e duro para que o formando entenda que “não é por aí”. Certamente se em nossa sociedade, soubéssemos agir com integridade para com as pessoas, o número de atos desonestos, se existissem, seriam contados a dedo. Estamos acostumados a que tudo “acabe em pizza”. Desvirtuamos o sentido do perdão cristão, temos pavor de sermos tachados de pessoas quadradas e suportamos aquilo que sabemos não estar correto. Sempre “damos um jeitinho” e todos se “saem bem”!

Mas se adoto a política de me preservar e não ser molesto ao infrator, seja pequena ou não sua falta, quem perde, além da própria Justiça, é a Comunidade. Ter um componente desajeitado e, pior, ficar sem ele, além de empobrecer, mostra a incapacidade dela em salvar aquela pessoa. A pena de morte, por exemplo, pode ser considerada a assinatura da incapacidade da sociedade em resgatar aquele seu membro para a vida em comum.

Finalmente a segunda leitura, a Carta de Paulo aos Romanos 13, 8-10 nos diz “Quem ama está cumprindo a Lei, e aqui entendemos Lei como deseja Paulo, ou seja, a síntese das muitas regras do judaísmo para o amor. Por isso, amar é cumprir a Lei, pois nisso se resume a Lei (torah) e os profetas, no amor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”;”o amor é o cumprimento perfeito da Lei.” E corrigir é amar!

Jesus veio até nós, nos explicou e ensinou de modo engrandecedor os mandamentos e nos deixou o grande testemunho de Amor, morrendo por nós na cruz, nos salvando, corrigindo em nós a culpa de Adão.

O Mestre é aquele que segue o Cristo na missão de profeta, de educador, de formador, que não olha para si mesmo, mas para o bem da pessoa amada, daquele ou daquela que o Criador colocou sob sua responsabilidade.

 

 

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05 setembro 2020, 08:00