Criança no povoado de Baz Gerkan, próximo à Mosul, em meio à ruínas de prédio destruído pelo Estado Islâmico Criança no povoado de Baz Gerkan, próximo à Mosul, em meio à ruínas de prédio destruído pelo Estado Islâmico 

Responsabilidade em derrotar ideologia do EI é das autoridades muçulmanas, diz cardeal Sako

O "califa" do autoproclamado Estado Islâmico reapareceu em um vídeo divulgado na última segunda-feira, fazendo ameaças e enaltecendo ações do grupo terrorista. Não obstante tenha sido derrotado militarmente no terreno e perdido os territórios conquistados, a ideologia propagada pelo grupo ainda tem seguidores preparados para potenciais ataques em diversas partes do mundo.

Cidade do Vaticano

Após meses de silêncio, na última segunda-feira, 29, o líder do autoproclamado Estado Islâmico voltou a dar sinal de vida em uma mensagem de vídeo. O “califa” exaltou os ataques no Sri Lanka na Páscoa e relançou a jihad no Oriente Médio e na África. Para o Patriarca caldeu, Louis Raphael I Sako, a responsabilidade de combater e derrotar esta ideologia cabe às autoridades.

Objetivo é semear o terror

 

Esse tipo de mensagem costuma chegar "em concomitância com o período do Ramadã", o mês sagrado de jejum e oração para os muçulmanos. Com toda a probabilidade, o objetivo é alimentar "guerras e tensões na região" e, pensando em um Ocidente "secular e sempre menos atento aos valores espirituais e morais", a tentativa de "semear o terror em toda parte", comentou o purpurado à Asianews.

No vídeo divulgado pela mídia oficial do movimento jihadista, Abu Bakr al-Baghdadi. promete vingança pela perda de territórios nos últimos dois anos na Síria e no Iraque.

Para o cardeal, os radicais islâmicos querem afirmar que "ninguém pode garantir a segurança dos locais de culto e das pessoas". Além disso, acrescenta, embora "em nível militar, o ISIS como força jihadista tenha sido derrotado, os grupos armados e as pessoas afiliadas permanecem ativas em toda parte, devido a uma ideologia que certamente não foi erradicada". E basta uma pessoa para matar muitas outras".

Recompensa de US$ 25 milhões

 

Depois de um rápida ascensão entre a segunda metade de 2014 e 2105 na Síria e no Iraque, chegando a conquistar metade do território e perpetrando crimes muito graves contra a humanidade, os jihadistas do EI começaram a perder gradativamente terreno. Hoje controlam apenas uma pequena área entre Síria e Iraque. no entanto, a ideologia permanece viva e a derrota militar não elimina a ameaça constante.

Para o terrorista mais procurado do mundo, há uma recompensa de 25 milhões de dólares pela sua captura; em várias ocasiões foi dado como morto ou ferido. Neste novo vídeo, o líder do ISIS admite a derrota em Baghuz, o último reduto na região. A propaganda jihadista afirma que o vídeo, relançado no portal do grupo al-Furqan, foi gravado em abril, mas não há elementos precisos para confirmar a data.

Analistas e especialistas de inteligência dos EUA trabalham para comprovar a veracidade do vídeo, em que o "califa" diz que os ataques de Páscoa no Sri Lanka são uma vingança pela queda do último bastião na Síria. Ele também destaca a aliança com os grupos milicianos de Burkina Faso e do Mali, e cita por fim os protestos no Sudão e na Argélia, acrescentando que a jihad é a única solução contra os "tiranos". Perto do final do vídeo a imagem desaparece, sendo deixado apenas o áudio de al- al-Baghdadi, com a intenção de discutir os ataques no país asiático.

Derrotar esta ideologia é responsabilidade das autoridades muçulmanas

 

"A ideologia radical islâmica - explica o cardeal Sako - ainda é difusa e goza do apoio, mesmo financeiro, de diferentes pessoas. Uma visão jihadista, permeada de vingança e que nega valores espirituais". A maneira de pensar dos extremistas, baseia-se "nos textos do século VII, mais que no status quo", e os lugares de culto neste contexto tornam-se um alvo privilegiado.

"As autoridades muçulmanas - diz o primaz caldeu - têm a tarefa e a responsabilidade de derrotar essa ideologia, que é baseada em uma interpretação rigorosa da lei islâmica e impõe violência em todos os lugares".

"É preciso  difundir – defende o cardeal – uma cultura de respeito, de liberdade e de diálogo. É necessário respeitar a vida e o bem comum, o pleno desenvolvimento das pessoas e dos grupos que compõem a sociedade".

(Com Asianews)

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02 maio 2019, 15:31