Uhuru Kenyatta e Raila Odinga Uhuru Kenyatta e Raila Odinga 

Quénia. Bispos satisfeitos com clima de diálogo entre governo e oposição

No fim da sua Plenária extraordinária em Nairobi, os bispos do Quénia publicaram uma nota intitulada "Procurai a paz com todos", na qual convidam os quenianos a apoiar o novo clima de diálogo entre governo e oposição e a combater corrupção.

Lisa Zengarini – Cidade do Vaticano

"Agradecemos aos quenianos pelas suas orações e apoio às instituições, que permitiram que as tensões pós-eleitorais registadas no início do ano se atenuassem" – assim saudam os bispos do Quénia, numa nota divulgada em 17 de agosto, o novo clima de diálogo que se criou depois do encontro de 9 de março entre o presidente Uhuru Kenyatta e o líder da oposição, Raila Odinga. O encontro resultou num apelo conjunto à unidade nacional para superar as divisões decorrentes das disputadas eleições de 26 de outubro de 2017, que confirmaram a vitória do presidente cessante Kenyatta.

Erradicar a corrupção e o nepotismo

Na nota, assinada por Dom Philip Anyalo, presidente da Conferência Episcopal do Quénia, e publicada no final da Plenária extraordinária em Nairóbi, os bispos quenianos exprimem o seu apreço também pelo empenho do governo contra a corrupção e exortam ao Chefe do Estado a nunca descuidar este aspecto. "Não nos podemos dar ao luxo de perder esta guerra", sublinham os prelados, lamentando em particular a difusão da prática de subornos entre os parlamentares. Os bispos denunciam depois o nepotismo desenfreado, uma prática nefasta que penaliza a meritocracia: "É necessária uma mudança radical na maneira como os empregos são atribuídos. Os contratos – sublinham os bispos - devem ser transparentes de modo a oferecer oportunidades de emprego a todos".

Despejos na Floresta Mau: escutar os habitantes

O documento também aborda outros problemas no centro do debate político no País. Um deles diz respeito aos milhares de despejos realizados contra os habitantes não autorizados da Floresta Mau, no Vale do Rift. Trata-se de um território de grande importância ambiental, económica e social, que tem sido alvo de exploração indiscriminada nas últimas décadas. Segundo a Igreja queniana, é justo proteger este delicado ecossistema, mas as pessoas expulsas destas terras ribeirinhas "deve ser ouvidas e tratadas de maneira humana", porque poderiam ser, por sua vez, vítimas de enganos por especuladores que as compraram ilegalmente.

Acção concertada contra o terrorismo

Em seguida, os bispos do Quénia tomam posição sobre a greve dos professores contra o recente decreto ministerial sobre a mobilidade do pessoal da escola, pedindo a abertura de uma mesa de diálogo que envolva todas as partes, incluindo a Igreja. Por fim, uma forte preocupação é manifestada pelos recorrentes ataques terroristas perpetrados pelos jihadistas somalis de al-Shabaab no norte do País: contra esta ameaça, os Prelados pedem  "uma ação concertada".

Em setembro Conferência Nacional para o Diálogo

Em conclusão, o apelo a todos os quenianos a contribuirem na iniciativa "Building Bridges” (Construindo Pontes), o processo de diálogo promovido em conjunto por Keniatta e Odinga para a reconstrução do País. Em particular, os bispos convidam a participar na Conferência Nacional para o Diálogo, organizada para o próximo mês de setembro em Bomas pelos líderes religiosos quenianos. Durante o encontro, que será realizado de 11 a 13 de setembro, várias questões abertas serão abordadas, começando pelas disputas surgidas após as últimas eleições.

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21 agosto 2018, 14:40