Papa a juízes do Paraguai: a fome em países com muitos recursos naturais é inaceitável
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco participou virtualmente da III Cúpula Internacional do COPAJU, o Comitê Pan-Americano de Juízas e Juízes para os Direitos Sociais e Doutrina Franciscana que atua desde 2019 em relação direta com a Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano. O evento, que reuniu magistrados e funcionários do Ministério Público e da Defesa, foi realizado no Paraguai - o "querido e heroico" Paraguai, enalteceu o Pontífice logo no início de uma mensagem em vídeo divulgada na terça-feira (7). Ele se congratulou com os participantes também de outros países que já realizaram os capítulos nacionais, como Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, Peru, México e Estados Unidos.
O desafio dos pobres e da fome chama à ação
No vídeo, gravado em espanhol e publicado no site do COPAJU, Francisco confirmou que esses encontros já estão contribuindo para "consolidar os direitos daqueles que sofrem o descarte do sistema". E, através da mensagem, veio o forte apelo do Papa:
Francisco continuou o seu pensamento falando da facilidade em expor o tema dos direitos sociais durante uma palestra, mas que na vida prática é o que qualifica a vida com dignidade ou não.
"Naturalizar a não observância dos direitos sociais - que seja uma coisa normal que se viva essa situação - com o pretexto da insuficiência de recursos nos países ricos é uma falta grave que envolve não apenas aqueles que governam, mas também aqueles que julgam. A riqueza é um dom para ser distribuído. Concentrá-la deslegitima a ordem econômica, política e social de qualquer Estado e põe em risco sua própria razão de ser."
Promover os três Ts: terra, teto e trabalho
"Quando a pobreza reina em um país naturalmente rico, a injustiça estrutural se realiza", continuou o Papa em vídeo. Por isso o desafio do COPAJU em motivar a promover "práticas judiciais novas, comprometidas e substantivas" de quem não tem proteção social e através dos 3 Ts: terra, teto e trabalho, ou seja, disponibilidade de terras, moradia e emprego.
"Quando os juízes, que têm o poder de ajudar a reverter esse quadro injusto, não fazem nada, abrem a porta para novos discursos totalitários que cavalgam sobre um diagnóstico realista e indiscutível", disse o Papa, garantindo que "existem normas mais que suficientes em nível internacional e nos sistemas nacionais locais para poder construir comunidades justas", mas que "o problema está na aplicação dessas normas".
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