Novo confronto no Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza
Silvonei José - Vatican News
Novo e duro confronto nesta terça-feira na ONU sobre Gaza. Israel parece estar cada vez mais isolada, especialmente por causa da rejeição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu à solução de dois Estados, que, em vez disso, é apoiada pelos EUA e pela Europa. "Um fim duradouro para o conflito israelense-palestino só pode ser alcançado por meio de uma solução de dois estados. A recusa do governo israelense é inaceitável e prolongaria indefinidamente um conflito que se tornou uma séria ameaça à paz e à segurança globais", é a advertência do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Segurança. A negação do direito do povo palestino à condição de Estado", enfatizou Guterres, "corre o risco de exacerbar a polarização e incentivar os extremistas em todos os lugares".
Assim, o secretário-geral relançou o apelo por um cessar-fogo humanitário imediato, destacando como "toda a população de Gaza" está "sofrendo destruição em uma escala e velocidade sem igual na história recente". Uma afirmação que também se reflete nos números do Unicef, a agência da ONU para crianças, sobre as crianças afetadas pelo conflito: em Gaza, pelo menos 1.000 crianças perderam um membro devido aos bombardeios que começaram após o ataque do Hamas em 7 de outubro.
O caminho para o reconhecimento de um Estado palestino também foi reiterado pelo secretário de Estado adjunto dos EUA para Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos, Uzra Zeya, porque ter "dois Estados com a segurança de Israel garantida" é o único caminho para a paz, e pela Rússia, por meio de seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que não deixou de atacar os Estados Unidos, que, em sua opinião, impediram que o Conselho de Segurança tomasse medidas para pôr fim à violência: "salvar vidas palestinas não está entre suas prioridades", disse Lavrov. O embaixador da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, por outro lado, expressou seu temor quanto ao "risco de uma nova escalada na região", pedindo um "cessar-fogo humanitário imediato". Uma hipótese, esta última, categoricamente descartada por Israel enquanto o Hamas não libertar os mais de 130 reféns em suas mãos e ainda estiver no poder. "Isso é o que aconteceria: Israel teria que enfrentar outro Holocausto", disse o representante israelense, Gilad Erdan, fazendo eco o ministro para Assuntos e Patrimônio em Jerusalém, Amichai Eliyahu, com posições de extrema direita, que até mesmo reiterou o apelo para "jogar uma bomba atômica em Gaza". Na frente oposta, o ministro das Relações Exteriores da Palestina, Ryad al-Maliki, reafirmou que o caminho que "nega a liberdade palestina leva ao conflito e à violência".
Nesse contexto - apesar da rejeição do Hamas à oferta israelense (de acordo com fontes egípcias citadas pelo 'Wall Street Journal', o Hamas só abriria negociações no caso de 'uma pausa significativa') - os esforços do Catar para mediar entre as partes, 'engajadas em discussões sérias', continuam na frente diplomática. "Apresentamos ideias, recebemos um fluxo constante de respostas, e isso, por si só, é motivo de otimismo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Majed Al-Ansari. No entanto, segundo eles, de Doha, a escalada israelense no enclave palestino, a dificuldade de fornecer ajuda e a falha nas comunicações estão complicando consideravelmente a situação. Quanto à Europa, David Cameron, ministro britânico das Relações Exteriores, e seu colega italiano, Antonio Tajani, estarão no Oriente Médio a partir de hoje, em uma viagem diplomática que também os levará a Israel e à Palestina.
Entretanto, dentro da Faixa, os tiroteios e ataques continuam. As Forças de Defesa de Israel (IDF) aumentaram a pressão sobre a cidade reduto dos jihadistas ao sul de Gaza, Khan Yunis, onde nas últimas 24 horas, segundo as IDF, mais de 100 milicianos foram mortos, enquanto pelo menos três pessoas morreram em um ataque ao campo de refugiados de Jabalia, ao norte. O Crescente Vermelho Palestino, no entanto, acusou os militares israelenses de abrirem fogo contra seus veículos de socorro que tentavam fornecer ajuda aos feridos.
No sul do Líbano, as IDF atingiram novamente alvos e instalações do Hezbollah, principalmente na área de Naqoura. Enquanto isso, o Ministério da Saúde de Beirute informa que 151 civis morreram e 132 ficaram feridos desde o início dos confrontos entre Israel e os milicianos, que, por sua vez, perderam 167 combatentes.
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