O patriarca de Antioquia dos Maronitas, no Líbano, cardeal Béchara Boutros Raï (Vatican Media) O patriarca de Antioquia dos Maronitas, no Líbano, cardeal Béchara Boutros Raï (Vatican Media)

Patriarca Raï: o presidente dos EUA Biden apoie "neutralidade libanesa"

Esta é a esperança do patriarca de Antioquia dos Maronitas, cardeal Béchara Boutros Raï. Parabenizando Joe Biden pelo início de seu mandato presidencial, o cardeal libanês apela para a fé do novo presidente dos EUA e seu compromisso com os valores espirituais, esperando que sua administração "veja a questão do Líbano com esse olhar, sem ligá-lo a nenhum outro país, ajude a mantê-lo longe de conflitos territoriais, e apoie o projeto de neutralidade como caminho de acesso ao restabelecimento de sua estabilidade e prosperidade"

Vatican News

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O novo presidente estadunidense Joe Biden poderá contribuir significativamente para manter o Líbano longe dos conflitos no Oriente Médio, se adotar a palavra de ordem da "neutralidade libanesa" e evitar considerar o País dos Cedros como um sujeito secundário de alianças obrigatórias com uma ou outra das potências regionais que lutam pela hegemonia no Oriente Médio.

Esta é a esperança que o patriarca de Antioquia dos Maronitas, cardeal Béchara Boutros Raï, expressou no final da homilia da celebração eucarística que presidiu em 24 de janeiro, II Domingo da Palavra de Deus, na sede patriarcal de Bkerkè.

Parabenizando Biden pelo início de seu mandato presidencial, o cardeal libanês apelou para a fé do novo presidente dos EUA e seu compromisso com os valores espirituais, esperando que sua administração "veja a questão do Líbano com esse olhar, sem ligá-lo a nenhum outro país, ajude a mantê-lo longe de conflitos territoriais, e apoie o projeto de neutralidade como caminho de acesso ao restabelecimento de sua estabilidade e prosperidade".

Questionamentos do patriarca maronita

Durante a homilia, o patriarca maronita propôs mais uma vez seu apelo às forças e líderes políticos libaneses, responsáveis em sua opinião por um impasse político que assume características quase criminosas, se considerarmos a grave crise econômica, social e sanitária em que o Líbano está afundando:

"Como podem não formar um governo - perguntou o patriarca, dirigindo-se idealmente aos líderes políticos nacionais - enquanto o povo grita de dor, tem fome por causa da pobreza e morre de doença? (...) Como podem não formar um governo, enquanto as pessoas estão na frente das portas dos bancos implorando para poder retirar seu próprio dinheiro, sem encontrá-lo?"

“Como podem não formar um governo enquanto as fronteiras não são protegidas, o contrabando é desenfreado, a soberania nacional é comprometida, a independência é suspensa e a corrupção é galopante? Como podem não formar um governo enquanto mais da metade da população está desempregada e abaixo da linha da pobreza? (...) Não têm nenhum temor de Deus, do povo, da consciência e do julgamento da história?”

O impasse na formação de um novo governo

O último governo em exercício do Líbano, presidido pelo premier Hassan Diab, caiu após protestos seguidos às explosões no porto de Beirute, capital libanesa, em 4 de agosto de 2020.

O sunita Saad Hariri, líder do partido político "Futuro", foi encarregado em 22 de outubro de 2020 de formar um novo governo, mas desde então não conseguiu formar o novo gabinete, em parte devido às tensões institucionais que surgiram entre o premier encarregado e o presidente Michel Aoun em torno da lista de ministros que deveriam compor a equipe do governo.

Para complicar o cenário existem também novas pressões internacionais que visam condicionar o perfil político do novo executivo.

(Fides)

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26 janeiro 2021, 13:30