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Dom Pedro Casaldaliga: "só a sua presença já é testemunho de fé"

Às vésperas de completar 90 anos, o bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), doente e debilitado pelo Parkinson, 'continua animando e sendo sinal de fé entre todos'. Palavra de Dom Adriano Ciocca, atual bispo da Prelazia.

Cristiane Murray - Cidade do Vaticano

Nesta série dedicada ao ‘bispo do povo’, Dom Pedro Casaldaliga, às vésperas de seu 90º aniversário, o Vatican News traz a participação do bispo Adriano Ciocca, que desde 2012 conduz a Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Numa manhã de muita chuva, providencial nesta época do ano, Dom Adriano ressalta a espiritualidade de Dom Pedro, ‘baseada nos mártires’.

“Dom Pedro continua sendo uma referência não apenas do ponto de vista social, mas também espiritual. Testemunhou e continua testemunhando com a vida, mesmo em situação de doença e debilitação pela idade, sempre procurou inculcar a necessidade de viver dando testemunho da nossa fé, até as últimas consequências, se for necessário.

A perda do amigo e o Santuário dos Mártires da Caminhada

Um episódio que marcou a vida de Dom Pedro ocorreu em 11 de outubro de 1976, em Ribeirão Cascalheira, quando, ao seu lado, o Padre João Bosco Burnier foi baleado e morto por um policial. Juntos, os dois intercediam em favor de duas mulheres presas que eram torturadas.

Dez anos depois, em 1986, foi erguido naquela cidade Vale do Araguaia, a 891 km de Cuiabá, o único Santuário no mundo dedicado aos mártires. E lá se realiza, em julho de cada ano, a Romaria dos Mártires da Caminhada.

“Neste Santuário há a lembrança de dezenas de mártires não só brasileiros, mas da América Latina, e é uma lembrança para que possamos viver a nossa fé com a mesma intensidade e a mesma coerência que o nosso mestre Jesus nos mostra”.

“Antes da doença, quando estava ainda em condições de trabalhar, ele se fazia presente no meio do povo, que lembra com muita gratidão esta presença atenta, amiga, que animava pela fé e pelo entusiasmo que Dom Pedro transmitia”

“Há mais de dois anos ele está em cadeira de rodas. Há vinte anos teve os primeiros sintomas do Mal de Parkinson. Quando recebe visitas, o pessoal pergunta: ‘Como é que o sr. está?’ e ele responde sempre ? Com o irmão Parkinson’. As visitas, ao invés de animá-lo, saem animadas pela sua presença’. Ele repete sempre que ‘tem que ter esperança, tem que ter coragem’".

“Só a presença dele, mesmo que não possa mais exercer nenhuma atividade, é uma presença que anima, é sinal, é testemunho no meio de nós”

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08 fevereiro 2018, 11:12