Experiência brasileira da agrofloresta viaja a Nova York em defesa da natureza, como exorta o Papa
Andressa Collet - Vatican News
A Paula Costa, da cidade de Timburi/SP e uma das fundadoras do Preta Terra em 2017, empresa que oferece curadoria e formação completa em agrofloresta, participou do primeiro de dois dias da segunda edição do Brazil Climate Summit em Nova York na última quarta-feira (13), uma semana antes do NY Climate Week que começou no domingo (17). A engenheira florestal falou sobre a experiência no tema que domina o seu dia a dia junto com o outro fundador e marido, Valter Ziantoni: a prática agroflorestal; quando a plantação divide espaço com árvores e dispensa o uso excessivo de agrotóxicos, num sistema caracterizado como diversificado. A brasileira participou do painel sobre o papel da agricultura sustentável e resiliente na transição do mundo frente às mudanças climáticas.
Valorizar o nativo, o biodiverso, o florestal
A importância de debater temáticas verdes, através de sistemas agrícolas sustentáveis, por exemplo, de relação direta ao abastecimento de alimentos, tem se tornado pontos de reflexão para o Papa Francisco, como o fez pela própria encíclica Laudato si' sobre o cuidado da casa comum que, no início de outubro, vai ganhar uma segunda parte rica de atualizações. Apostar nessa relação com o meio ambiente pode ser uma resposta possível à pobreza e à escassez de alimentos, para continuar sendo, "assim como Deus, fonte de vida para toda a família humana", comentou o Pontífice em um encontro com agricultores da Itália (2015).
Diante da instabilidade climática, Francisco também enfatizou sobre "uma ação de proteção da criação", de "considerar e valorizar" o trabalho no campo. O que Paula tem procurando desenvolver e que vem de encontro ao pensamento do Papa:
"Se eu for falar um pouquinho do trabalho do Papa, pelo o que ele tem feito pela conservação da natureza e também pelos pequenos e médios agricultores, por agricultores tradicionais, por comunidades tradicionais e por pequenos agricultores, acho que isso tem tudo a ver com agrofloresta. Isso porque sistemas agroflorestais é uma lógica de você dar valor ao que é nativo, ao que é biodiverso, ao que é florestal. Acho que isso vem muito de encontro com o pensamento do Papa e o que ele tem ensinado pra todos. É a gente se reconectar com a natureza mesmo: olhar para a natureza, olhar para a agricultura como parte da natureza e como que a gente consegue resgatar os elementos da natureza para dentro da agricultura."
Em defesa da agrofloresta para o mundo
O evento de dois dias na semana passada, em Nova York, reuniu líderes empresariais, empreendedores, especialistas, formuladores de políticas, ONGs e Organizações Multilaterais para discutir oportunidades e responsabilidades do Brasil em um mundo em transição. O período é decisivo para ações na área em vista da realização da Agenda 2030. E a Paula levou a experiência agroflorestal para o palco global, após já estar presente em 20 países e promovendo mais de 150 projetos através da Preta Terra, que analisa, planeja e restaura paisagens produtivas através de técnicas para se alocar árvores - para conservação e também com valor econômico - na paisagem e dentro do sistema produtivo:
"Então, você imagina a quantidade de área que a gente tem de pastagem degradada e o quanto disso que não poderia ser arborizado com árvores nativas ou para uma colheita futura e o quanto que isso não ajuda a biodiversidade, a fauna, a paisagem como um todo, a regulação da água, a regulação do clima, enfim: a presença das árvores na paisagem traz vantagens ecossistêmicos imensuráveis."
Mas, fazer uso dessa tecnologia também é aumentar a complexidade do trabalho diário, demandando mais conhecimento do próprio agricultor, "acumulando desafios" - reflexão que Paula apresentou no painel para a melhor conversão de quem quer apostar na prática da agrofloresta.
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