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Pelas vítimas da injustiça ambiental, para cuidar da casa comum

A menos de um mês da publicação da Exortação Apostólica do Papa que atualiza a temática sobre o cuidado da casa comum, recordemos o essencial da Encíclica Laudato Si.

Rui Saraiva – Portugal

No próximo dia 4 de outubro, Festa de S. Francisco de Assis, o Papa vai publicar uma nova “Laudato Si” em forma de Exortação Apostólica.

Foi o próprio Santo Padre a informar no passado dia 30 de agosto, durante a audiência geral na Sala Paulo VI, que é sua intenção “publicar uma Exortação, uma segunda Laudato Si”.

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“Tenho a intenção de publicar uma Exortação, uma segunda Laudato si’. Unamo-nos aos nossos irmãos e irmãs cristãos no compromisso de salvaguardar a Criação como um dom sagrado do Criador”, afirmou o Papa.

Francisco sublinhou a necessidade de estar ao lado das vítimas da injustiça ambiental.

“É necessário permanecer ao lado das vítimas da injustiça ambiental e climática, esforçando-se para acabar com a guerra sem sentido contra a nossa casa comum, que é uma guerra mundial terrível. Exorto todos vós a trabalhar e rezar para que ela volte a transbordar de vida”, concluiu.

Enquanto aguardamos pelo novo texto do Papa Francisco recordemos o essencial da Encíclica Laudato Sí sobre o cuidado da casa comum.

Por uma conversão ecológica

 

Publicada em 2015, a Encíclica do Papa Francisco propõe uma “ecologia integral” que seja novo paradigma de justiça que erradique a miséria e a desigualdade no acesso aos recursos.

Num texto desenvolvido em seis capítulos, Francisco de Roma coloca-se na esteira de Francisco de Assis e inspira-se no Cântico das Criaturas para recordar          que a terra “se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços”. Esta terra agora, está maltratada e saqueada e ouvem-se os gemidos dos abandonados do mundo – escreve o Papa Francisco.

É preciso uma “conversão ecológica” – evidencia o Papa na sua Encíclica – uma “mudança de rumo”, para que o homem assuma a responsabilidade de um compromisso para o cuidado da casa comum. Um compromisso para erradicar a miséria e promover a igualdade de acesso para todos aos recursos do planeta.

Não à cultura do descartável

 

A Encíclica faz, assim, um diagnóstico minucioso dos males do planeta: poluição, mudanças climáticas, desaparecimento da biodiversidade, débito ecológico entre o Norte e o Sul do mundo, antropocentrismo, predomínio da tecnocracia e da finança que leva a salvar os bancos em detrimento da população, propriedade privada não subordinada ao destino universal dos bens.

Sobre tudo isto parece prevalecer uma cultura do descartável, usa e deita fora, algo que leva a explorar as crianças, a abandonar os idosos, a reduzir os outros à escravidão, a praticar o comércio dos diamantes de sangue. É a mesma lógica de muitas mafias – escreve Francisco.

Necessária nova economia, mais atenta à ética

 

Perante isto, podemos ler na Encíclica que é necessária uma “revolução cultural corajosa” que mantenha em primeiro plano o valor e a tutela da cada vida humana, porque a defesa da natureza “não é compatível com a justificação do aborto” e “cada mau trato a uma criatura é contrário à dignidade humana”. 

O Santo Padre pede diálogo entre política e economia e a nível internacional não poupa um juízo severo aos líderes mundiais relativamente à falta de decisões políticas a nível ambiental e propõe uma nova economia mais atenta à ética.

Investir na formação para uma ecologia integral

 

A Encíclica de Francisco sublinha que se deve investir na formação para uma ecologia integral, para compreender que o ambiente é um dom de Deus, uma herança comum que se deve administrar e não destruir. E bastam pequenos gestos quotidianos: fazer a recolha diferenciada dos lixos, não desperdiçar água e alimentos, apagar luzes inúteis, agasalhar-se um pouco mais em vez de acender o aquecimento. Desta forma, poderemos sentir que “temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo e que vale a pena sermos bons e honestos” – escreve o Papa.

A Encíclica convida, assim, a praticarmos os sacramentos, em particular a Eucaristia, que “une céu e terra e nos orienta a ser guardiões de toda a Criação”. Então, “Laudato si”, conclui o Papa Francisco, porque “para além do sol, no final, nos encontraremos face a face com a beleza de Deus”.

A Exortação Apostólica do Papa Francisco que atualiza a temática proposta pela Encíclica Laudato Si, será publicada a 4 de outubro, Festa de S. Francisco de Assis.

Laudetur Iesus Christus

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07 setembro 2023, 07:17