Mulheres em Assis: novos projetos, resoluções e eleição do Conselho
Sr. Grazielle Rigotti, ascj – Assis
Os trabalhos continuam nos dias previstos para a Assembleia da União Mundial das Organizações Femininas Católicas, em Assis. Entre os novos projetos apresentados na última quinta-feira, 18 de maio, como propostas para implementação prática entre as organizações membro da UMOFC, estão um observatório mundial e um outro voltado para as práticas sustentáveis. A libertade religiosa e questões ligadas à migração também não ficaram de fora das resoluções tomadas.
O Observatório Mundial das Mulheres
O Observatório Mundial da Mulher (OMM) busca ouvir e olhar para as mulheres de várias regiões do planeta, especialmente as mais vulneráveis, que não têm o poder de se expressar ou, se o fazem, pode ser que ninguém perceba e suas expressões se diluam no mar da globalização da indiferença.
De fato, o OMM foi apresentado formalmente em 14 de junho de 2022, quando foi exposto em Roma o resultado de um projeto acerca do acompanhamento realizado durante a pandemia do COVID 19, explicou Ana Martiarena, coordenadora do Projeto África, que trabalha contra a discriminação e a violência contra as mulheres no continente. A coordenadora, que acompanhou o início do desenvolvimento do Observatório afirmou, em entrevista concedida à Radio Vaticano – Vatican News que o objetivo é erguer a voz e dar visibilidade àquelas mulheres mais vulneráveis que possam ter uma voz de alguma forma silenciada, isto em primeiro lugar. Em um segundo nível ainda, explica Martiarena, o Observatório também deseja incidir sobre as políticas públicas e sobre as práticas sociais da Igreja e quer fazer rede, acima de tudo.
Ações práticas inspiradas na Laudato si
Entre os novos projetos também apresentados durante a Assembleia estão ações que possam auxiliar na implementação de práticas sustentáveis, à luz da Encíclica Laudato si, do Papa Francisco. Neste projeto, as organizações se comprometem com o apelo urgente à ação, enunciada na Encíclica, em conexão com questões de mudança ambiental e climática, exortando todos a abraçar a conversão ecológica, reciclar e reduzir a emissão de carbono.
Maribeth Stewart Blogoslawski, Vice-presidente da UMOFC, e Vice-presidente regional para a América do Norte, em entrevista concedida à Radio Vaticano – Vatican News afirmou que o projeto entrou na pauta como sendo um novo projeto, apesar de algumas organizações já realizarem trabalhos com foco em ações sustentáveis, para que tomassem conhecimento das plataformas digitais que existem com exemplos de iniciativas práticas, e fossem incentivadas à formação para sustentar as suas ações. Ela afirmou que a UMOFC sempre procurou destacar em seus projetos aqueles ligados ao cuidado com o meio ambiente, e sentem ainda mais a proximidade do Papa Francisco com o tema como um incentivo para práticas e vivência do cuidado com a Casa Comum.
Neste âmbito, pode-se citar um exemplo de uma organização das Filipinas. Em entrevista concedida à Radio Vaticano – Vatican News, Sra Rosa Rita Mariano, presidente Nacional da Liga das Mulheres Católicas das Filipinas, que reúne mais de 60 mil mulheres de 17 dioceses do país, disse que para elas a sustentabilidade começa com pequenas práticas do dia a dia. A presidente afirmou que, em suas organizações, são realizadas verificações regionais dos restaurantes que oferecem talheres descartáveis, e passam entre si a orientação de que que frequenta aquele restaurante deve levar seus próprios talheres de casa e não aceitar aqueles, como forma de conscientização.
As resoluções finais da Assembleia
Na manhã desta sexta-feira, 19 de maio, foram apresentadas seis proposições para aprovação da assembleia. Destacou-se o conhecimento de que as propostas nem sempre poderão ser plenamente realizadas por todas as organizações membro, tendo em conta a diversidade dos grupos presentes, porém, a proposta é para que o melhor possível seja realizado.
Entre as propostas assumidas como parte da UMOCF estão: A UMOFC consolidará, desenvolverá e ampliará o observatório mundial das mulheres. A ideia é que seja realmente um projeto permanente por ser profético para os dias de hoje, olhando de forma particular para as mulheres que são silenciadas e invisíveis nos dias de hoje. "Muitas mulheres não contam com o suporte do governo ou sociedade nos diversos locais do mundo em que se encontram. De tal forma que o Observatório não deve apenas ouvir, mas transformar a vida das mulheres em seus países." Tais observações foram colhidas durante a assembleia que votou a continuidade e assunção do projeto do Observatório por unanimidade.
Uma segunda resolução adotada foi sobre da liberdade religiosa, como fundamento para o caminho da fraternidade e da paz. Nesta proposta, as organizações assumem trabalhar pela não discriminação; denunciar violações da liberdade religiosa e encorajar atividades inter-religiosas, entre outras disposições ao redor do tema.
A terceira resolução adotada foi acerca da crise global de alimentos. Cuidar da casa comum e o apelo à conversão ecológica. Nesta resolução da UMOFC, aprovada por unanimidade, as mulheres devem se envolver na chamada urgente à ação enunciada pela Laudato si, em conexão com questões de mudança ambiental e climática, exortando a todos a abraçar a conversão ecológica.
A quarta proposição igualmente aceita, foi sobre o acompanhamento e formação da família, incluindo formação de jovens e acompanhamento dos casais, para que empreendam com renovada convicção o alegre caminho do amor familiar, da maternidade e da paternidade como estrada para a santidade.
A quinta proposição dispõe acerca da construção de um futuro com imigrantes e refugiados. As mulheres querem, em resposta ao convite do Papa Francisco para construir o futuro com migrantes e refugiados, fazê-lo através de uma proximidade concreta que reflita o olhar de Deus sobre eles. Foi ainda destacado pela assembleia que muitas vezes são as mulheres as que mais sofrem com o problema da migração forçada, pela discriminação no mercado de trabalho e a vulnerabilidade ao tráfico de pessoas, particularmente crianças.
A sexta e última proposição também aprovada foi acerca da formação e participação das mulheres ao processo sinodal. A UMOFC deseja promover assim a formação da mulher para que, por meio da conversão espiritual, intelectual e pastoral, da escuta, do discernimento, do diálogo e da ação possa assumir com responsabilidade seu papel na construção e processos decisórios da Igreja. Esta proposição também inclui a formação e participação de mulheres para assumir lideranças e responsabilidades, desde a juventude, na busca do bem comum.
A eleição do Conselho
Também na parte da manhã foram eleitas as mulheres que formam o novo Conselho da UMOFC. Elas são: Maria Salomé Ngo Bibout Epse Biongla (Camarões); Doris Makhubu (Essuatíni); Cecília Asobayrire (Gana); Titi Kamano (Guiné); Lucy Jocelyin Vokhiwa (Malawi); Thérèse Arama Somboro (Mali); Mary Asibi Gonsum (Nigéria); Beatrice Tavarez da Souza (Senegal); Verônica Patrícia Elicia Malan-Lebana (África do Sul); Evaline Malisa Ntenga (Tanzânia); Florence Namatta Maweijje (Uganda); Karen de Sousa (Austrália); Juliet Ramamurthy (Índia); Justina Rostiawati (Indonésia); Isabella Eunyoung Park (Coréia do Sul); Clarita Adalem (Filipinas); Borbala Csehne Vadnai (Hungria); Susana Fernandez Guisasola (Espanha); Maureen Meatcher (Reino Unido); Maria Isabel Gimenez Diaz (Argentina); Mercedes Padrón Prada (Cuba); María de Lourdes Espinoza Rosas (México); María García de Fleury (Venezuela); Bárbara Dowding (Canadá) e Esohe Maria Asemota (Estados Unidos).
Está prevista também, para a tarde desta sexta-feira, 19 de maio, a eleição da nova Presidenta da UMOFC.
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