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Foto de arquivo: o processo na Sala dos Museus Vaticanos por supostos negócios ilícitos com fundos da Santa Sé (Vatican Media) Foto de arquivo: o processo na Sala dos Museus Vaticanos por supostos negócios ilícitos com fundos da Santa Sé (Vatican Media)

Processo vaticano, Capaldo: a Secretaria de Estado não fez um bom negócio

O engenheiro protagonista na última audiência do processo sobre a gestão dos fundos da Santa Sé. Ele foi solicitado a fazer uma avaliação do ativo após a saída do financeiro Raffaele Mincione. Esta quinta-feira monsenhor Alberto Perlasca será ouvido

Barbara Castelli – Vatican News

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Uma densa teia de contratos, memorandos de entendimento não vinculativos, faturas, e-mails e chats: também a trigésima sexta audiência do processo sobre os investimentos financeiros da Secretaria de Estado em Londres foi pontuada, esta quarta-feira, 23 de novembro, por uma série de documentos, alguns dos quais não presentes nos autos, projetados em uma parede na sala do tribunal. Na sala multifuncional dos Museus Vaticanos, entre os réus, estavam presentes o cardeal Angelo Becciu, padre Mauro Carlino, Fabrizio Tirabassi, Raffaele Mincione e Nicola Squillace.

O imóvel da Sloane Avenue foi um mau investimento

Luciano Capaldo, engenheiro com vasta experiência no campo imobiliário, no mercado londrino desde 1984, interrogado pelo promotor de justiça, Alessandro Diddi, pelos advogados de defesa e parcialmente pelos da acusação, antes de mais nada esclareceu ter sido indiretamente gestor do imóvel, como diretor da London SA. O homem foi contatado em dezembro de 2018 para fazer uma avaliação da Sloane Avenue 60. Nessa circunstância, ele conheceu Fabrizio Tirabassi e monsenhor Alberto Perlasca. Desde o início, tendo acesso aos documentos da transação, Luciano Capaldo enfatizou a seus interlocutores que a compra daquela propriedade por 275 milhões de esterlinas "não tinha sido um bom negócio". Na sala do tribunal, a testemunha também fez uma comparação com a recente venda à Bain Capital, "com uma receita total de 186 milhões de esterlinas". O engenheiro também esclareceu que, embora houvesse um projeto de reconversão, na realidade não havia as condições para colocá-lo em prática. Por fim, com relação às 1.000 ações de Gianluigi Torzi, Luciano Capaldo esclareceu a Fabrizio Tirabassi: "Com ações sem direito a voto, mesmo que você seja o acionista majoritário, você não tem peso na assembleia de acionistas".

Diante das palavras da testemunha, Raffaele Mincione quis fazer algumas declarações espontâneas. "Estou muito impressionado com o profissionalismo do engenheiro - disse ele, entre outras coisas -, mas devemos lembrar que é o mercado que dita o preço. Vamos descobrir que Luciano Capaldo era administrador de algumas das empresas de Gianluigi Torzi, mas não quero estragar a surpresa".

A questão dos documentos não depositados

Durante o contra-interrogatório do advogado de Gianluigi Torzi, Marco Franco, foram apresentados alguns documentos que não estão nos autos. Esta questão levantou perplexidade por parte do Escritório do Promotor, sobretudo no que diz respeito à possibilidade de que tal produção não pudesse ser verificada tempestivamente. O presidente do Tribunal, por sua vez, referiu-se principalmente às dificuldades com as transcrições de cada audiência. "Estamos em contra-exame - disse Caiazzo, advogado de Raffaele Mincione -, temos que pressionar e colocar à prova uma testemunha que não acreditamos ser confiável".

Esta quinta-feira, o testemunho de monsenhor Perlasca

No encerramento da audiência, o presidente do Tribunal leu a ordem sobre as últimas exceções levantadas por alguns advogados da defesa, relacionadas também com a suposta nulidade das atas pertinentes a monsenhor Alberto Perlasca, incluindo as omissões contidas em alguns documentos.

Giuseppe Pignatone descartou as solicitações, com exceção da segunda pergunta do interrogatório de 31 de agosto de 2020. Na audiência desta quinta-feira, o testemunho de Perlasca.

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24 novembro 2022, 11:00