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Processo no Vaticano: as investigações conduzidas pela Gendarmaria

A nova audiência do processo sobre os investimentos financeiros da Secretaria de Estado teve como protagonista o comissário Stefano De Santis, do Corpo de Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano

Barbara Castelli – Vatican News

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Durante a vigésima oitava audiência do processo no Vaticano sobre os investimentos financeiros da Secretaria de Estado, esta quarta-feira, 12 de outubro, falou o dirigente do Corpo da Gendarmaria Stefano De Santis. Interpelado pelo Promotor de Justiça Alessandro Diddi, o oficial esclareceu que todas as investigações realizadas, primeiro administrativas e depois judiciais, partiram da queixa apresentada pelo Diretor Geral do Ior Gian Franco Mammì, concernente aos 150 milhões de euros solicitados pela Secretaria de Estado. O trabalho teria levado inicialmente a concentrar-se nas figuras de Caterina Sansone, que mais tarde se mostrou marginal no caso, e de Fabrizio Tirabassi, assim como de monsenhor Mauro Carlino.

Este primeiro passo, que remonta a 8 de julho de 2019, foi então acompanhado por muitos outros, realizados por procuração da Autoridade Judiciária, e não raro em colaboração com vários Ministérios Públicos, na Itália e no exterior. O procedimento 45/2019, nas palavras do comissário De Santis, tomou forma também graças à notificação feita pelo então revisor geral ad interim Alessandro Cassinis Righini, que em 8 de agosto de 2019 denunciou "anomalias na gestão patrimonial da Secretaria de Estado". O Gabinete do Revisor Geral, criado com o Motu Proprio Fidelis et prudens, juntamente com a Secretaria para a Economia e o Conselho para a Economia, evidenciava uma mudança na natureza dos investimentos escolhidos pela Secretaria de Estado, a princípio preeminentemente conservadores, até 2013, e depois tendo se tornado especulativos.

 

Um momento chave nas investigações, relatou a testemunha, foi a busca realizada na Secretaria de Estado, bem como no escritório do então Diretor da Autoridade de Informação Financeira, Tommaso di Ruzza, em 1º de outubro de 2019. "Uma grande quantidade de documentação em papel foi apreendida", disse ele, porque "não havia nenhuma atividade organizacional e de arquivamento", juntamente com a versão eletrônica. "Desde então - acrescentou ele -, as primeiras respostas começaram a chegar". E o primeiro a ser colocado em foco, também graças às cartas rogatórias internacionais, foi Fabrizio Tirabassi. O comissário Stefano De Santis relatou as diversas contas que pertenciam a ele ou à empresa Interfinum Srl de seu pai Onofrio, e uma discrepância completa existente entre o que foi relatado no balanço e o que foi encontrado durante as buscas realizadas em Roma e Celano, nas casas do funcionário vaticano. Contando com slides e gráficos apresentados, a testemunha também falou do fundo "ético e religioso", criado pelo próprio Tirabassi, no qual a Secretaria de Estado havia investido 20 milhões de euros.

No decorrer do interrogatório, surgiu o caso de Cecilia Marogna, que foi primeiramente denunciada pela polícia judiciária eslovena. Liubliana, informou Stefano De Santis, "nos alertou para uma cidadã italiana que estava praticando uma fraude contra a Secretária de Estado". De fato, foram feitas nove transferências para a empresa Logsic D.o.o., da conta Credit Suisse da Secretaria de Estado, no valor total de 575 mil euros, por supostas contribuições para missões humanitárias. As investigações realizadas sobre Cecilia Marogna, inclusive através dos posts publicados em seu perfil no Facebook, levaram ao delineamento da imagem de uma mulher que pouco tinha a ver com missões diplomáticas e que esbanjava os fundos recebidos em viagens e despesas pessoais. A testemunha também contou uma reunião que teve com o cardeal Angelo Becciu, juntamente com o Comandante da Gendarmaria Gianluca Gauzzi Broccoletti, em 3 de outubro de 2020. Fomos, "sofrendo na alma e no espírito", disse, e ele nos pediu para não "trazer à tona" a figura de Cecília Marogna "porque seria um grave dano para ele e para sua família". O cardeal negou, mais tarde, em uma breve declaração espontânea, as palavras do comissário: ele especificou que não havia solicitado o encontro, reiterou que se tratava de uma operação reservada e que na conversa com os responsáveis da Gendarmaria ele havia dito que estava disposto a ressarcir a Secretaria de Estado pelos fundos perdidos.

Por fim, um amplo espaço também foi dedicado ao caso da Diocese de Ozieri e da Spes, uma cooperativa social representada por Antonino Becciu, irmão do purpurado. O comissário De Santis falou sobre depósitos que não haviam sido feitos nas contas oficiais da Diocese e sobre alguns documentos redigidos por mons. Mauro Carlino para "defender" a doação das contribuições da Conferência Episcopal Italiana em favor da Cooperativa.

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13 outubro 2022, 12:00