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Parolin chega ao Sudão do Sul: 'O Papa os tem em seu coração e reza pela paz'

O cardeal secretário de Estado desembarcou na manhã de terça-feira (05/07), por volta das 10h15, em Juba. No aeroporto, na presença do núncio e do conselheiro do governo, um ambiente festivo entre freiras e mulheres de diferentes tribos que gritavam, dançavam e cantavam. Na parte da tarde do mesmo dia, o encontro com o presidente Salva Kiir

Salvatore Cernuzio – Enviado a Juba

Os passageiros do voo da Ethiopian Airlines começaram a se olhar entre eles nos últimos minutos de pouso para entender a quem estava reservado o acolhimento fora do aeroporto de Juba. O avião ainda não havia tocado o solo que de cima já se podia ouvir o som de tambores ngoma e chocalhos nos tornozelos das mulheres que, ao aparecer a aeronave, soltavam um frenético zaghroutah, o grito semelhante a algo entre um canto e um ulular. O cardeal Pietro Parolin aproximou-se da janela: "Que bela recepção", exclamou ele, enquanto os salpicos iniciais de cor se tornavam cada vez mais claros: o vermelho do longo tapete de veludo na entrada, o marfim dos uniformes militares, o amarelo, verde e laranja das roupas tribais de mulheres e crianças dançando com instrumentos de palha nas mãos, grupos de freiras com lenços brancos acenando cartazes dizendo "Bem-vindo ao Sudão do Sul".

Clima de festa

A visita do secretário de Estado a Juba, a segunda etapa de sua viagem à África em nome do Papa, começou em uma atmosfera que seria redutiva ser descrita como festiva. Ao pousar da aeronave às 10h15, com o sol escaldante batendo na fronte, o purpurado desceu do avião e foi imediatamente recebido com flores e um típico colar de contas coloridas. Esperavam por ele ao pé da escada o núncio apostólico, o alemão Hubertus Mathews Maria van Megen, o cardeal Gabriel Zubeir Wako, arcebispo emérito de Cartum, e vários bispos de batina branca, inclusive o padre Christian Carlassare, missionário vicentino bispo de Rumbek.

A acolhida da Igreja e do povo

Era impossível fazer uma saudação e pronunciar algumas palavras em meio a música e gritos, que continuavam mesmo fora da janela da sala de estar, onde Parolin, após passar entre os grupos de boas-vindas, saudou brevemente o assessor do governo, general Kuol Manyang Juuk, que tinha vindo recebê-lo em nome do Presidente Salva Kiir. Na parte da tarde, o encontro de Parolin com o presidente e, logo em seguida, o encontro com o primeiro vice-presidente, Riek Machar, e depois com a Conferência episcopal. Em primeiro lugar, para dizer que ficou "impressionado com esta recepção incrível" e depois para expressar "gratidão a cada um, ao presidente da República, aos representantes da Igreja, a toda a população do Sudão do Sul".

A saudação do cardeal

"É uma grande alegria para mim estar aqui e estar aqui por alguns dias para celebrar, rezar, encontrar pessoas", e fazê-lo "em nome do Santo Padre, o Papa Francisco, que sempre os leva em seu coração, se preocupa com a paz e a reconciliação no Sudão do Sul e acompanha os bons desenvolvimentos nas relações", disse Parolin. "Muito obrigado", concluiu o cardeal. "Juba lhe dá as boas-vindas", exclamou Manyang Juuk, "a paz está chegando".

Extrema pobreza

O purpurado transferiu-se em seguida para a Nunciatura Apostólica, um edifício alugado por enquanto. De fato, o cardeal abençoará nos próximos dias a pedra fundamental da nova "casa do Papa" no Sudão do Sul. A transferência foi feita em um jipe, o único modelo de carro capaz de percorrer estas estradas acidentadas feitas de uma terra vermelha que se agarra à roupa e dá trabalho para sair. Um percurso não muito longe, um trajeto, no entanto, suficiente para ter restituída completamente a imagem de extrema pobreza na qual a cidade africana se encontra. Uma "grande periferia" de estradas de terra vermelha que se agarra a roupas sem ir embora e edifícios dispostos de forma desorganizada, ao pé dos quais, no acostamento da estrada, se encontram barracos feitos de madeira, palha e zinco. Quando os carros com a bandeira branca-amarela do Vaticano passam, eles se voltam para olhar, as crianças acenam. Andam sozinhas entre gatos e cabras, ou ficam ao lado de suas mães em barracas de roupas e frutas apoiadas na lama, sombreando-se nas paredes repintadas com tom mosquiteiro. A esta população sofredora, não só por causa das condições de vida, mas também por causa da instabilidade gerada pelas guerras e pela violência que se instalaram nestas áreas durante anos, Parolin agora traz a carícia do Papa Francisco.

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05 julho 2022, 17:29