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Plantação de trigo em área de guerra na Ucrânia Plantação de trigo em área de guerra na Ucrânia 

Santa Sé à FAO: guerra e insegurança alimentar, risco de tragédia global

Na 170ª sessão do Conselho da ONU para Alimentação e Agricultura, Dom Arellano reiterou o apelo do Papa Francisco à paz e ao diálogo e lançou o alarme sobre a segurança alimentar: obstáculos à exportação de trigo ucraniano colocam em risco a vida de milhões de pessoas. Devemos trabalhar juntos para que todos tenham pão

Tiziana Campisi – Vatican News

A comunidade internacional deve assumir o firme compromisso para que cesse imediatamente a agressão militar na Ucrânia. Este é o pedido da Delegação da Santa Sé à 170ª Sessão do Conselho da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que se realiza em Roma de 14 a 17 de junho. Em seu discurso, sobre o "Impacto do conflito Ucrânia-Rússia na segurança alimentar global e questões afins", Dom Fernando Chica Arellano, Observador Permanente da Santa Sé junto à FAO, Ifad e PAM, reiterou o que o Papa Francisco tinha repetidamente suplicado com o coração triste: que seja interrompido o massacre feroz, "que as armas sejam silenciadas e que prevaleça o diálogo e a negociação séria, a única saída digna do labirinto da guerra, que está desencadeando uma fúria sangrenta e letal".

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Porém Dom Arellano também lançou um alarme: a questão da segurança alimentar está diretamente ligada à paz, e os obstáculos que a Ucrânia está encontrando na exportação de trigo estão causando sérias preocupações, além de criar dificuldades para os países que dependem do abastecimento ucraniano. "O que está em jogo é a vida de milhões de pessoas, o direito humano universal à alimentação e a estabilidade de vastas áreas do planeta", afirmou o Observador Permanente, renovando o apelo lançado pelo Papa na audiência geral de 1° de junho para que o trigo não seja usado como arma de guerra.

O risco de crise alimentar e desnutrição

Dom Arellano lembra que a FAO foi criada no final da Segunda Guerra Mundial para pôr fim à destruição causada pelo conflito, com a consciência de que a falta de alimentos, essencial para a sobrevivência humana, tem sido historicamente a principal causa de instabilidade, tumultos e revoltas populares. Portanto, é necessário "trabalhar em conjunto e agir com incisividade, urgência e determinação" para que todos possam ter pão e para que se evite um agravamento da delicada situação que se criou. "Nos países mais pobres, já duramente atingidos pelas mudanças climáticas e pela escassez de água, a falta de fertilizantes poderia acentuar o declínio da produção, com o risco de reduzir populações inteiras à degradação e desnutrição", observou o Observador Permanente, que apela para uma resposta rápida e sábia aos "efeitos prejudiciais da atual crise alimentar, agravada ainda mais pelos confrontos armados nas áreas mais vulneráveis do mundo". Considerando, então, o aumento dos preços dos alimentos, há também o fato de que a falta de alimentos, até 2023, pode causar uma tragédia global.

Iniciativas concretas da FAO

"A FAO deve dar sua importante contribuição para responder corajosamente aos difíceis desafios que se apresentam, indo à raiz do problema, empreendendo iniciativas concretas e buscando o bem comum", é o convite de Dom Arellano, que exortou a fazer mais por aqueles que sofrem as consequências da guerra. O Observador Permanente acrescentou que "a dor de muitos irmãos e irmãs nos obriga e encoraja" a construir a paz, a respeitá-la e a oferecê-la como o melhor presente. E sublinha que a solução para o problema atual não está na força militar, que pode levar a uma escalada cada vez mais insidiosa para todos, mas na renúncia aos interesses de parte, de modo que a espiral de ódio e morte na qual está precipitando possa ser detida, e na colaboração para o cuidado da terra.

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15 junho 2022, 09:27