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Santa Missa por ocasião do Domingo da Palavra de Deus, em 26 de janeiro de 2020 Santa Missa por ocasião do Domingo da Palavra de Deus, em 26 de janeiro de 2020 

Pilar da Palavra e Papa Francisco

”Não é só a homilia que se deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente evangelizar."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“A Igreja que se alimenta da Palavra vive para anunciar a Palavra. Não fala de si mesma, mas percorre os caminhos do mundo: não porque lhe agradam, nem porque são fáceis, mas porque são os lugares do anúncio. Uma Igreja fiel à Palavra não poupa o fôlego para proclamar o querigma e não espera ser apreciada. A Palavra divina, que sai do Pai e é derramada no mundo, impele-a até aos extremos confins da terra. A Bíblia é a sua melhor vacina contra o fechamento e a autopreservação. É Palavra de Deus, não nossa, e impede-nos de estar no centro, preserva-nos da autossuficiência e do triunfalismo, chama-nos continuamente a sair de nós mesmos. A Palavra de Deus possui uma força centrífuga, não centrípeta: não faz fechar para dentro, mas impele para fora, rumo a quantos ainda não foram alcançados. Não garante confortos tíbios, porque é fogo e vento: é Espírito que faz arder o coração e desloca os horizontes, dilatando-os com a sua criatividade.”

De uma riqueza sem par. Ao falar sobre a Sagrada Escritura e a evangelização, o Papa Francisco revela não somente a preocupação com o anúncio e o testemunho da salvação, mas deixa transparecer também sua inspiração e por que não, veia poética. Foi assim, entre outros, no discurso aos participantes do Congresso Internacional promovido pela Federação Bíblica Católica, em 26 de abril de 2019.

No mesmo caminho, padre Gerson Schmidt* dá continuidade à reflexão do programa anterior – “Igreja-casa, pilar da Palavra – inspirando-se em homilias do Papa e em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium para falar sobre “Pilar da Palavra e Papa Francisco:

"Desde o princípio de seu Pontificado, o Papa Francisco faz um apelo à Igreja de sair de si mesma para anunciar o Evangelho às periferias existenciais. Precisamos proclamar a Boa Nova àqueles que a desconhecem.  Papa Francisco, que instituiu o Dia da Palavra de Deus, que é celebrado sempre no III Domingo do Tempo Comum, pretende fortalecer e recuperar a identidade cristã, através da familiaridade com a Bíblia.

 

No final da homilia do Domingo da Palavra de Deus do ano passado, o Papa afirmou: “Por isso, queridos irmãos e irmãs, não renunciamos à Palavra de Deus. É a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a sua voz, vislumbramos o seu rosto, recebemos o seu Espírito”. E aconselhou: “Coloquemos o Evangelho num lugar onde nos lembremos de o abrir diariamente, talvez no começo e no fim do dia, de tal modo que, no meio de tantas palavras que chegam aos nossos ouvidos, qualquer versículo da Palavra de Deus chegue ao coração”.

Neste ano, afirmou em sua homilia: “A Palavra derruba os ídolos falsos, desmascara as nossas fantasias, destrói as representações demasiado humanas de Deus e traz-nos de volta ao seu rosto verdadeiro, a sua misericórdia. A Palavra de Deus alimenta e renova a fé: voltemos a colocá-la no centro da oração e da vida espiritual! No centro, a Palavra que nos revela como é Deus. A Palavra que nos aproxima de Deus”.

No início da Encíclica Evangelli Gaudium, Papa Francisco aponta que a Palavra de Deus sempre provocou a um chamamento de saída. Escreve assim o Sumo Pontífice: “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de «saída», que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: «Vai; Eu te envio» (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: «Irás aonde Eu te enviar» (Jr 1, 7). Naquele «ide» de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova «saída» missionária”(EG, 20). O Papa recorda que Jesus se irritava com pretensiosos mestres, muito exigentes com os outros, que ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por ela: «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4)“ (EG, 150).

 

Depois de falar amplamente sobre a importância da homilia na celebração litúrgica, o Papa escreve assim, sob o título “Ao redor da Palavra de Deus”(EG, 174-175).

”Não é só a homilia que se deve alimentar da Palavra de Deus. Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus «se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial», (afirmação tirada de Bento XVI, na Carta Encíclica Verbum Domini, número 01). A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária. Superamos já a velha contraposição entre Palavra e Sacramento: a Palavra proclamada, viva e eficaz, prepara a recepção do Sacramento e, no Sacramento, essa Palavra alcança a sua máxima eficácia”( EG, 174)

A Palavra de Deus deve ser o coração de toda a vida e ação pastoral. Afirma o Papa Francisco que “O estudo da Sagrada Escritura deve ser uma porta aberta para todos os crentes. É fundamental que a Palavra revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a fé, conforme declaração da Dei Verbum (DV, 21-22). A evangelização – continua o Papa - requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isto exige que as dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e comunitária. Nós não procuramos Deus tateando, nem precisamos de esperar que Ele nos dirija a palavra, porque realmente «Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-Se a Si mesmo». Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!” (EG,175)." 

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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16 fevereiro 2022, 07:59