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Damaskinos Papandreou, primeiro metropolita do Patriarcado Ecumênico da Suíça Damaskinos Papandreou, primeiro metropolita do Patriarcado Ecumênico da Suíça 

Damaskinos, construtor de pontes entre o Oriente e o Ocidente. A recordação do Papa emérito

Dez anos após a morte do primeiro metropolita ortodoxo da Suíça, Bento XVI envia uma breve saudação lida durante a comemoração promovida pela Universidade de Friburgo. Entre os pronunciamentos, aquele do cardeal Koch, que recordou sua longa e frutuosa amizade com Damaskinos. Nele, afirmou Koch, havia uma paixão pela unidade entre as Igrejas

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

Para recordar o décimo aniversário da morte de Damaskinos Papandreou, primeiro metropolita do Patriarcado Ecumênico da Suíça (de 1982 a 2003), foi realizado um evento na tarde de sexta-feira, 5, na Faculdade de Teologia da Universidade de Friburgo (Suíça). Para a ocasião, o Papa emérito Bento XVI enviou uma breve mas intensa saudação.

Um presente da Providência

 

Bento XVI recorda o encontro com o então arquimandrita Damaskinos Papandreou. “Foi um dom da Providência muito especial - escreve - o fato de que pouco depois do meu início em Bonn (1959) tenham chegado dois arquimandritas ortodoxos para estudar teologia nas duas faculdades de teologia, a católica e a evangélica”. Um acontecimento, continua Bento XVI, "novo e inesperado", porque "nunca tinha acontecido que estudantes ortodoxos fossem estudar em faculdades católicas: de fato, até então estudavam apenas nas faculdades evangélicas ou na faculdade chamada "cristão-católica" (= veterocattolica) de Berna".

A amizade entre Bento XVI e o metropolita Damaskinos

 

Na mensagem, o Papa Emérito recorda a amizade nascida entre eles, especificando: “Infelizmente, o meu amigo Stylianos Harkianakis - que mais tarde se tornou metropolita da Austrália - assumiu uma postura rigorosa, o que fez esfriar nossa amizade”. Aquela com o metropolita Damaskinos Papandreou, pelo contrário, cresceu, “e com ela a tristeza por sua morte prematura. Mas o fruto de uma relação interior viva com a ortodoxia permaneceu e continua a crescer na amizade que me liga cada vez mais ao Patriarca Ecumênico".

Koch: despertou em mim um interesse pela ortodoxia

 

O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, participou do evento por vídeoconferência, fazendo um discurso repleto de memórias pessoais.

“O caminho da minha vida se cruzou várias vezes com o seu”, inicialmente como estudante e assistente da Faculdade de Teologia e, posteriormente, como professor de dogmática e estudos litúrgicos na mesma faculdade, como colegas.  

“Foi ele que contribuiu para despertar em mim a alegria da tradição e da teologia ortodoxa”. Um conhecimento entre as duas personalidades que se tornou mais intenso quando Koch se tornou bispo de Basel e foi encarregado da responsabilidade pelas relações ecumênicas na Suíça. O cardeal recorda com satisfação, em particular, uma visita organizada pelo metropolita ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, que foi para ele o início de uma relação mais profunda com Bartolomeu I.

Senso de amizade e grande abertura ecumênica

 

Damaskinos sofria “com a ferida da divisão da Igreja de Jesus” - afirmou o presidente do dicastério do Vaticano - e investiu todas as suas energias “para o entendimento ecumênico entre a Ortodoxia e as outras Igrejas Cristãs, especialmente a Igreja Católica. Era muito comprometido também com a inter-unidade ortodoxa" e tinha "a peito o diálogo com as outras religiões".

O sentimento de amizade era “o segredo interior de sua abertura ecumênica. O diálogo da verdade está intrinsecamente ligado ao diálogo de amizade”, porque “o diálogo da verdade só pode florescer e dar frutos no diálogo de amor, fraternidade e amizade”.

A troca de irmãos entre Ratzinger e o metropolitano

 

Prova disso é a troca de cartas ocorrida entre o metropolita e o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger nas quais, falando como irmãos e amigos, abordaram "questões teologicamente difíceis que ainda estão no centro do diálogo ortodoxo-católico”, como a questão do primado do bispo de Roma.

“O que impressiona nesta troca de cartas - continuou o cardeal Koch - é a abertura com que essas questões são abordadas ou, mais precisamente, a vontade da escuta recíproca, de aprender uns com os outros e de admitir com autocritica os desdobramentos indesejados em suas Igrejas”.

Entre Oriente e Ocidente o diálogo da verdade e do amor

 

Para Damaskinos, continuou o cardeal, “o Oriente e o Ocidente podem se encontrar somente se recordarem seu vínculo original em um passado comum. O primeiro passo para esse objetivo é que se deve mais uma vez tomar consciência de que 'Oriente e Ocidente pertencem organicamente ao único cristianismo, apesar de suas peculiaridades”.

Na esteira do trabalho do metropolita Damaskinos Papandreou, "construtor de pontes ecumênicas entre Oriente e Ocidente" - concluiu o cardeal Koch - "queremos continuar o diálogo da verdade e do amor, especialmente na Comissão Mista Internacional", neste mesmo espírito "de amigável solidariedade".

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06 novembro 2021, 10:17