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Crianças abraçam o Papa Francisco durante encontro com os jovens eslovacos no Estádio Lokomotiva, em Kosice Crianças abraçam o Papa Francisco durante encontro com os jovens eslovacos no Estádio Lokomotiva, em Kosice 

A Igreja como Mãe na Evangelii Gaudium

“A Igreja exerce sua maternidade principalmente através dos ministérios especiais: presenteia-nos com um novo nascimento no Sacramento do Batismo, alimenta-nos com a Palavra de Deus. Prepara para nós a mesa da Eucaristia e nos fortalece com a força do Espírito Santo nos desafios espirituais de nossa vida. Ela nos acompanha, com sua solicitude pastoral, no nosso crescimento na fé e no sacramento da Reconciliação, nos devolve aos braços do Pai” .

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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A Constituição Dogmática Lumen Gentium ofereceu ao padre Gerson Schmidt* a ocasião para nos apresentar as diversas imagens da Igreja propostas por esta Constituição Dogmática sobre a Igreja do Concílio Vaticano II, em particular sobre a Igreja como Esposa de Cristo. Não poucas vezes, por outro lado, o Papa Francisco falou da Igreja como mãe: “É mãe, dá à luz. Esposa e mãe”. E tendo a Igreja um coração de Mãe, não somos órfãos. Esses mesmos conceitos foram apresentados em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, como nos explica o sacerdote gaúcho, incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre:

 

"Aprofundamos diversas imagens e analogias utilizadas pela Lumen Gentium para comparar a Igreja. Procuramos aprofundar sobretudo a imagem da Igreja como esposa de Cristo. Por ser esposa de Cristo, é mãe dos cristãos. O Papa Francisco emprega, na Evangelli Gaudium, uma imagem comovente da Igreja como mãe com o coração aberto. No ponto V do final do primeiro capítulo da Carta Apostólica o Papa emprega como título: “Uma mãe de coração aberto”. Aponta nos números 46 e 47 essa realidade. Diz assim o Papa Francisco: “A Igreja «em saída» é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade” (EG, 46). E continua o Papa: “A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas com as portas abertas. Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada... (EG,47).

Não somente as portas físicas das igrejas devem estar abertas, mas também outras estruturas, por vezes também o acesso aos sacramentos, sobretudo ao batismo, que é a porta da fé (EG,47). O Papa diz que “muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa”. “A Igreja exerce sua maternidade principalmente através dos ministérios especiais: presenteia-nos com um novo nascimento no Sacramento do Batismo, alimenta-nos com a Palavra de Deus. Prepara para nós a mesa da Eucaristia e nos fortalece com a força do Espírito Santo nos desafios espirituais de nossa vida. Ela nos acompanha, com sua solicitude pastoral, no nosso crescimento na fé e no sacramento da Reconciliação, nos devolve aos braços do Pai”[1].

O papa também utiliza essa imagem da Igreja como mãe na Evangelii Gaudium nos números 139 e 140. Orienta os sacerdotes em suas homilias, dizendo assim: “... a Igreja é mãe e prega ao povo como uma mãe fala ao seu filho, sabendo que o filho tem confiança de que tudo o que se lhe ensina é para seu bem, porque se sente amado. Além disso, a boa mãe sabe reconhecer tudo o que Deus semeou no seu filho, escuta as suas preocupações e aprende com ele. O espírito de amor que reina numa família guia tanto a mãe como o filho nos seus diálogos, nos quais se ensina e aprende, se corrige e valoriza o que é bom; assim deve acontecer também na homilia. O Espírito que inspirou os Evangelhos e atua no povo de Deus, inspira também como se deve escutar a fé do povo e como se deve pregar em cada Eucaristia. Portanto a pregação cristã encontra, no coração da cultura do povo, um manancial de água viva tanto para saber o que se deve dizer como para encontrar o modo mais apropriado para o dizer. Assim como todos gostamos que nos falem na nossa língua materna, assim também, na fé, gostamos que nos falem em termos da «cultura materna», em termos do idioma materno (cf. 2 Mac 7, 21.27), e o coração dispõe-se a ouvir melhor. Esta linguagem é uma tonalidade que transmite coragem, inspiração, força, impulso” (EG, 139) “Este âmbito materno-eclesial, onde se desenrola o diálogo do Senhor com o seu povo, deve ser encarecido e cultivado através da proximidade cordial do pregador, do tom caloroso da sua voz, da mansidão do estilo das suas frases, da alegria dos seus gestos. Mesmo que às vezes a homilia seja um pouco maçante, se houver este espírito materno-eclesial, será sempre fecunda, tal como os conselhos maçantes duma mãe, com o passar do tempo, dão fruto no coração dos filhos” (EG, 140)."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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[1] AUGUSTIN, George. Por uma Igreja “em saída”. Impulsos da Exortação Evangelii Gaudium, Vozes, 2018, p.79. 

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29 setembro 2021, 08:30