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Católicos após receber as cinzas na Igreja de Santa Teresa em Chennai, Índia Católicos após receber as cinzas na Igreja de Santa Teresa em Chennai, Índia 

Povo de Deus único e universal

"Apesar das incertezas das fronteiras, o Concílio acentuou que há somente um único povo de Deus do Novo Testamento, da mesma forma como só houve um único povo de Deus do Antigo Testamento. A Igreja é o povo de Deus em marcha. É o peregrinante povo de Deus, apesar das dificuldades e entrechoques da caminhada."

Jackson Erpen – Vatican News

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Padre Gerson Schmidt* tem nos proposto uma série de reflexões sobre a Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja. Este importante documento do Concílio Vaticano II apresenta, entre outros, várias imagens da Igreja. A Igreja da Lumen Gentium é um Povo de Deus em busca da santidade.  “Evocar o Santo Povo fiel de Deus é evocar o horizonte para o qual somos convidados a olhar e sobre o qual refletir. É para o Santo Povo fiel de Deus que como pastores somos continuamente convidados a olhar, proteger, acompanhar, apoiar e servir. Um pai não se compreende a si mesmo sem os seus filhos”, afirmou recentemente o Papa Francisco em carta endereçada ao cardeal Marc Ouellet. No programa de hoje deste nosso espaço, o sacerdote gaúcho aprofunda este tema, trazendo-nos a reflexão “Povo de Deus único e universal”:

"Estamos aprofundando a imagem da Igreja como povo de Deus, imagem destacada na Lumen Gentium, a Constituição dogmática sobre a Igreja do Concílio Vaticano II. Todos os homens são chamados a pertencer à Igreja, ao novo Povo de Deus. Diz assim a LG, número 13: 13. “Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou uma só natureza humana e resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam dispersos (cfr. Jo. 11,52). Foi para isto que Deus enviou o Seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas (cfr. Hebr. 1,2), para ser mestre, rei e sacerdote universal, cabeça do novo e universal Povo dos filhos de Deus. Para isto Deus enviou finalmente também o Espírito de Seu Filho, Senhor e fonte de vida, o qual é para toda a Igreja e para cada um dos crentes princípio de agregação e de unidade na doutrina e na comunhão dos Apóstolos, na fração do pão e na oração (cfr. At 2,42)” (LG, 13).

 

O Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a ação, para que todos, pelo modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente em um só rebanho sob um único pastor. O amor e a unidade será sempre um sinal visível da Igreja de Cristo, como Povo de Deus que caminha congregados na mesma fé, num só coração e numa só alma. É o cumprimento da profecia de Jeremias 23,3:  "Eu mesmo reunirei os remanescentes do meu rebanho de todas as terras para onde os expulsei e os trarei de volta à sua pastagem, a fim de que cresçam e se multipliquem”. Jesus, na imagem e revelação de Bom Pastor, diz no Evangelho Joanino: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (Jo 10,16). É a solicitude de Jesus, pastor do rebanho, a realização do agrupamento de todos os homens e o encontro de todas as situações humanas. Jamais é a ovelha que parte à procura do pastor, mas o inverso. A iniciativa é divina. Jesus é o bom pastor porque foi enviado por Deus à procura de cada ser humano.

Apesar das incertezas das fronteiras, o Concílio acentuou que há somente um único povo de Deus do Novo Testamento, da mesma forma como só houve um único povo de Deus do Antigo Testamento¹. A Igreja é o povo de Deus em marcha. É o peregrinante povo de Deus, apesar das dificuldades e entrechoques da caminhada.

A Lumen Gentium, no número 08, aponta a unicidade da Igreja, congregando num só povo os filhos de Deus dispersos: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica (12); depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim. 3,5). Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele (13), que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica”. Embora haja elementos de verdade em outras confissões e credos, é na Igreja Católica que se encontra a coluna e fundamento da verdade."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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¹ SCHMAUS, Michael. A fé da Igreja, Volume IV, 2ª Edição, Vozes, Petrópolis, 1983, p.57. 

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26 maio 2021, 08:07